sexta-feira, 22 de abril de 2011

Homilia da Missa da Ceia do Senhor

“Cujus forti potentiae, genu
curvantur omnia”
(“Diante de teu forte poder, todo
joelho se dobra”)
  Que grande poder é este? Quais joelhos se dobram? O grande poder do Senhor Jesus se dá, nesta noite especial, em três dons, três tesouros: A Eucaristia, o Sacerdócio ministerial e o Mandamento do Amor. Diante destes mistérios é que nos curvamos; nossos joelhos se dobrem tal revelação de  Cristo.
  Quando falamos em poder, nossa tentação é pensar de forma arrogante, autoritária, orgulhosa e vaidosa; o poder de Cristo, no entanto, não tem nada a ver com a distorção humana! É outra a experiência de Jesus: amor profundo e simples, amor que serve sem esperar ser servido. Por amor, o Senhor nos deu a Eucaristia e nos alimentou com sua graça e verdade; por amor, o Senhor nos deu o Sacerdócio ministerial e nos deixou pastores e guias segundo o seu coração; por amor, o Senhor nos ensinou o modo de Servir, para dizer a nós, seus amados, que subimos aos mais altos graus da santidade e da alegria, descendo pela escada da humildade, da disponibilidade, da gratuidade.
  Caros filhos, permitam-me dizer algumas palavras a mais sobre cada um desses mistérios com os quais iniciamos este Tríduo Santo.
 “Cujus forti potentiae, genu curvantur omnia”
(“Diante de teu forte poder, todo
joelho se dobra”)
  O poder de continuar a presença do Senhor em meio aos homens, foi dada a outros homens. O amor exige presença e para perpetuá-la, Cristo deixou sua presença na Eucaristia. Frágeis instrumentos o Senhor tomou para fixar sua morada no meio de nós: um simples pão, algumas poucas palavras e um ser humano ainda pecador. Por que o Senhor não escolheu meios mais excelentes, mais elevados, talvez mais dignos humanamente para trazer o divino a nós? Certamente para nos mostrar que o poder não é nosso, mas d’Ele; para nos dizer que não são os elementos nem os agentes  que contam para que o milagre da Eucaristia exista, mas sim a vontade de Deus e sua imensa bondade!
  O Mistério da Eucaristia é um dos mistérios mais inquietantes de nossa fé. “Isto é o meu Corpo”, “Isto é o meu Sangue” são palavras contundentes que não dão margem a outras explicações: por essas palavras e pela assistência do sacerdote, Jesus se doa na Eucaristia! Que loucura de amor! Já não havia o Senhor se dado todo, em vida e na morte de Cruz? Que risco de Deus! Mesmo sabendo de nossas crises e inconstâncias, não teve medo de não ser amado novamente...
  Intimamente ligado à Eucaristia está o ministério sacerdotal; ao mesmo tempo em que institui o Sacramento do Amor, dá um mandato especial para que prolonguem esta sua presença sacramental na História: “Fazei isto em memória de mim!” Caros filhos, para mim e para todos os padres, hoje é um dia de festa! Hoje, eu e todos os padres fomos gerados no Coração de Deus para anunciar o Evangelho, dirigir as almas e santificar o que ainda não é santificado. Nascido do coração de Deus, o coração do padre deve se expandir ao infinito, a todos, mas de maneira particular, ao seu Senhor. O padre vai primeiro ao Senhor na oração, na meditação, na Eucaristia e depois vai ao seu povo para rezar com ele e ensinar a orar, para meditar com o povo e ensinar a meditar, para celebrar o Santo Sacrifício com os fiéis leigos e por eles.
  O padre não deixa de ser frágil, mas também não deixa de ser chamado ao maior; o padre não deixa de fazer parte do povo de Deus, mas também não deixa de ter uma especial missão no meio deste povo. A dignidade do sacerdote está em seu divino ofício; a reverência e o respeito que temos a Jesus, deveriam ser dados também ao padre. O padre não é o protagonista da Comunidade, nem mero animador de pastorais e eventos, ele é pontífice, isto é, ponte que deve ligar os homens a Deus. Por isso sua missão é tão importante e tão necessária no mundo. Rezemos pelos nossos sacerdotes! Amemos nossos padres!
  “Cujus forti potentiae, genu curvantur omnia”
(“Diante de teu forte poder, todo
joelho se dobra”)
  Tanto a Eucaristia quanto o sacerdócio ministerial são sinais inequívocos da humildade de Cristo; para vermos seu poder será necessário, como Ele, se dobrar, se curvar até o chão. Esta foi a experiência do Lava pés.
  É muito significativo que, no lugar onde os Evangelhos sinóticos narram a Instituição da Eucaristia, o Evangelho de São João que lemos hoje proponha o gesto do “Lava pés”. No serviço, na humildade, no rebaixamento do Senhor, na unidade com os pequenos, compreendemos melhor o que é a Eucaristia: amor de entrega, amor ágape, superior porque inferior!
  O Mandamento do Amor é um convite a todos os fiéis, uma estrada segura de vida em Cristo, o modo como Ele deseja reinar em nosso meio. Amar nunca foi fácil e nunca o será; não amamos porque é fácil ou difícil, simples ou complicado, prazeroso ou doloroso, amamos porque é necessário, porque sem o amor nada seríamos. O Lava pés nos indica exatamente a forma de amar: despojar-se de todo orgulho, fazer-se pequeno diante de um tal mistério, não fazer acepção de pessoas e, sobretudo, amar como nosso Senhor amou. Amém.

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