sexta-feira, 22 de abril de 2011

Sermão das Dores de Maria Santíssima

Primeira Dor: Profecia de Simeão
  Alegrar-se quando tudo vai bem; estar disposto quando não há nada o que temer; manter a paz quando só há notícias boas, isto parece ser muito fácil, cômodo, prazeroso. Manter a fé, no entanto, na iminência de uma tragédia, manter a esperança diante de um anúncio mau ou manter o amor a Deus, mesmo sabendo que Ele permite o mal, isto sim, não é nada fácil!
  Nossa Mãe do Céu, no meio de um momento tão alegre, ouviu de Simeão uma dura profecia: teu Filho será um sinal de contradição e tu receberás uma dor aguda no peito, como uma espada que lhe atravessa o corpo... Maria não se revoltou. Não pediu detalhes do futuro. Não abandonou a Cerimônia da Apresentação. Não blasfemou a Deus. Não se irou contra o sacerdote. Apenas calou. Guardou no coração, no mais íntimo de seu ser, aquela proposta difícil e dolorosa.
  Quantas vezes, irmãos, diante de um mal anunciado nos revoltamos contra Deus... Quantas vezes, diante de algo que não entendemos, abandonamos nossa prática religiosa... Quantas vezes, diante de uma tragédia, vacilamos na fé, na esperança e no amor...
  Ó Mãe das Dores, fazei que diante do mal, diante da notícia ruim, não nos desesperemos, não abandonemos teu Filho no Calvário a sós! Que o sofrimento não querido, mas aceito, seja instrumento de nossa santificação.
Segunda Dor: Fuga para o Egito
  O cruel Herodes não deseja perder seu reinado; segundo as profecias um Rei nasceu na Cidade de Davi, Belém. Para conseguir manter seu poder, Herodes arquiteta um frio e cruel massacre, deseja matar todos os meninos menores de 2 anos. O Menino Deus corre perigo; Maria e José sofrem perseguição e temem pela vida do pequeno Jesus.
  Maria, cheia de aflição, sofre os perigos de uma viagem desconhecida, para um país desconhecido e ainda passa pelo temor da ameaça de Herodes. Ela e José fogem para o Egito. Mais uma vez, a fé de Nossa Senhora é provada. O Senhor a convida a confiar em sua providência, a entregar-se, mais uma vez em suas divinas Mãos. E Ela não se recusa! Certamente da boca de Maria se ouviu de novo: “Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se!”
  Nossa Mãe nos ensina a confiar em Deus, a não entristecer o coração quando uma mudança brusca acontece em nossas vidas; quando somos convidados pelo Senhor a ir por caminhos não conhecidos, a nos lançar em destinos ainda incertos. Mas, sobretudo, Nossa Senhora nos ensina a fugir do mal; assim como ela se afastou de Herodes que traria a morte, também nós deveremos nos afastar do pecado que nos traz o padecimento da alma e de toda a vida.
Terceira Dor: Maria procura Jesus em Jerusalém
  Jesus fica perdido na grande cidade de Jerusalém e Maria, que já havia iniciado sua viagem de volta a Nazaré, tem de voltar. Jesus tem 12 anos, é um Menino comunicativo e muito sociável, e parece até ser bem mais velho do que sua idade aparenta. Certamente pediu aos seus pais para ir ao Templo e deixou combinado segui-los mais tarde. Mas parece que seu interesse em conversar sobre as coisas de Deus e seu entusiasmo tomaram conta de todos no Templo Sagrado e lhe fez passar mais tempo do que os seus pais esperavam. Outra dor para Maria: a angústia preocupante da procura... Onde está seu Filho? Onde está seu Tesouro? Ela corre de volta para encontrar seu Jesus.
  Nossa Mãe, com afinco, com dedicação procura a Jesus e O encontra no Templo. Os corações da Mãe e do Filho novamente se encontram e a felicidade retorna ao peito de Maria. Maria nos ensina nesta Dor a estar sempre com Jesus; se O perdermos por alguma causa, devemos voltar atrás; correr para reencontrá-Lo, para tomá-Lo nos braços e sentir novamente coração a coração, num abraço amoroso. Quantas vezes não perdemos a Jesus pelo pecado... Quantas vezes damos às costas a Ele! Quantas vezes demoramos a retornar para buscar o Senhor...
Quarta Dor: Jesus encontra sua Mãe
  Passaram-se os anos. Certamente José já havia falecido. Jesus é um grande pregador e se revela publicamente como Filho de Deus, curando, perdoando, libertando de todos os males. Sua autorevelação como Deus trouxe escândalo e incompreensão; e o pior, uma sentença de morte.
  Jesus julgado e condenado injustamente, agora caminha para o Calvário para ser crucificado como malfeitor. Maria não tem medo dos soldados, de também ela ser caluniada ou insultada, não tem medo de ser presa ou de sofrer os mesmos padecimentos de se Filho querido. Enquanto Jesus caminha com a pesada cruz aos ombros, sua Mãe O acompanha. Não há diálogo entre eles, pois quando se ama, os corações falam mais que as vozes. Em meio à multidão que se comprime, de uns que gritam ferozmente e de outros que choram dolorosamente, Nossa Mãe consegue se aproximar de seu Filho e, com seu olhar de Mãe se compadece das dores de seu Jesus.
  Ó Maria, Senhora da Dor, intercessora dos injustiçados, dos que caminham no sofrimento, dos que vivem trazendo junto de si uma pesada cruz, olhai por cada um de nós, caminha conosco, dá ânimo aos que carregam suas cruzes, para que não desfaleçam! Ó Mãe, vem ao encontro de todos os feridos, os desesperados, os condenados.
Quinta Dor: Maria ao pé da cruz de Jesus
  O caminho da Dor continuou. Maria não se deixou levar pelos sofrimentos do caminho, foi até o fim em sua missão de consoladora da aflição. Ela não negou o significado da Dor, não afastou de si a pior cena de sua vida: a crucificação de seu Filho. Ela está diante dele, de pé. Novamente as palavras de Simeão ganham força e voltam ao seu coração e agora, ganham  significação plena: “Uma espada de dor transpassará sua alma”. Que dor insuportável! Que horrível imagem! Que triste fim para Aquele que só o bem fez!
  O Corpo do Senhor recebe a cruz; o coração de Maria recebe a espada invisível da dor. Jesus padece; Maria se compadece. Jesus perdoa seus algozes; Maria, cheia de coragem não esmorece, não desmaia e acompanha as atitudes do Filho.
  Ó Mãe amável, que estiveste de pé junto à cruz, não nos abandones nos momentos cruciais de nossa vida, não nos deixes sozinhos, abandonados no momento de dor. Ajudai-nos também a fazer o mesmo com nossos irmãos: não os deixemos nos momentos tristes e de desânimo.
Sexta Dor: Maria recebe nos braços o Corpo morto de seu Filho
  Algumas vezes na vida, quando parece que o sofrimento acabará ou diminuirá, ele se torna mais intenso, mais agudo. Jesus morre na cruz e Maria ainda tem forças para receber em seus braços o Corpo inerte de seu Filho. Completamente desfigurada, a Face do Senhor ainda é a face do Filho de Maria e ela o reconhece. Abraça seu Jesus, cobre-lhe de beijos.
  Neste momento máximo langoroso, Nossa Mãe relembra que tantas vezes tomou aquele mesmo Corpo e o cuidou com carinhos; Belém se liga à Jerusalém; o sofrimento daquela noite fria num estábulo, a rejeição de hospedagem digna, agora se completa nesta tarde escura, de dor intensa e de rejeição maior.
  Senhora Nossa, mesmo quando tudo parecer sem vida e sem luz, amparai-nos em seus braços! Toma-nos como recebeste em teu colo o seu Jesus Sofredor! Abatidos por nossas faltas ou pelas contradições da vida, sustentai-nos com teu amor de Mãe e ajuda-nos também a reconhecer nos sem vida a Face de Jesus, para irmos até eles e dar a cada um a dignidade perdida.
Sétima Dor: Maria deposita Jesus no sepulcro
  Não bastasse o sofrimento de ver o Senhor crucificado e morto, de tomá-Lo nos braços, já sem vida, agora a Virgem das Dores tem de sepultar o Corpo do seu amaríssimo Jesus. É próprio da ordem natural que os filhos enterrem seus pais, mas ver um pai ou uma mãe enterrar seu filho é um ato mais doloroso ainda.
  Maria continua com a força de Deus e participa de mais um momento difícil em sua vida. Apesar de tudo, sua fé continua íntegra, sua esperança viva e seu amor ardente. Ó Senhora, concede-nos também esse espírito; de saber acolher os momentos difíceis da vida não com rancor, mágoa ou desconfiança, mas sim com a certeza daqueles que se sabem amados por Deus e amparados por Ele em todos os momentos.
  Queridos filhos, que a meditação das Dores da Virgem Santíssima nos faça amar mais Aquele que primeiro nos amou e nos aproximar de todos os irmãos sofredores, levando-lhes consolo e amor. Amém.

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