quinta-feira, 5 de maio de 2011

Fundação da Igreja

1 – Jesus: origem, fundador e fundamento da Igreja

  Provém da mente e do coração de Cristo o desejo de formar junto de si, um grupo coeso que, seguindo certos costumes judaicos, também deles se afastasse. Não há um momento preciso da fundação da Igreja, mas comumente chamadas certos atos fundantes de Cristo, de “momentos fundacionais”. Alguns deles:

    • Nascimento de Jesus (Igreja humana/divina);
    • Jesus junto aos doutores da lei (tomada de posse da lei do Antigo Testamento);
    • Milagre em Caná (nova vivência epocal da graça/kairologia);
    • Vocação dos apóstolos (configuração hierárquica da Igreja);
    • Morte na Cruz (sacramentos)
    • Ressurreição (vida nova – Assembléia dos ressuscitados);
    • Pentecostes (Igreja na potência do Espírito).

2 – Abordagem Canônica

          Existe a expressão “jus divinum” (direito divino) para indicar aqueles elementos que vem diretamente da revelação, em Jesus Cristo (instituição divina baseada na Escritura). Para Lutero, o mesmo que “legitimado pela Escritura”. Só que não é possível distinguir totalmente o “jus divinum”, do “jus humanum”, já que Deus fala de forma humana para humanos. O direito divino vem, então impregnado do direito humano.

  • Jesus fundou ou não uma Igreja? A Igreja é de direito divino ou direito humano?

  Cristo assumiu a esfera humana de sua instituição, para dar por meio dela aquilo que era plenamente divino; sim, Ele fundou a sua Igreja sobre a base apostólica, através de sinais humanos. A Igreja Católica tem seu fundamento divino e sua caracterização nesta Terra, a partir do humano.

3 – História teológica da fundação da Igreja

  • 1ª obra / Reimarus (1694-1768): a intenção de Jesus não era fundar uma Igreja ou comunidade religiosa, era restabelecer o reino de Davi em Israel.
  • 1ª consenso / Harnack, Loisy e Bultmann (1932): nega qualquer forma de Igreja (institucional); a Igreja surgiu da confederação posterior de comunidades locais. Jesus anunciava apenas o Reino.
  • Novo Consenso / Braun, Jeremias (1942): Igreja como “Povo de Deus” do fim dos tempos, reunida pelo Messias e confirmada pelo Espírito em Pentecostes.
  • “Síntese” / käsemann (1963): há duas eclesiologias, uma paulina (voltada para os carismas) e outra lucana (por influência petrina), voltada para os ministérios ordenados. Essa seria uma eclesiologia do “tipo católica” que ele atribuía ao “Cristo da fé”, não ao “Jesus histórico”.
  • “Nova abordagem”/ Schnackenburg (1970): Só se pode falar da Igreja depois da glorificação de Jesus e de Pentecostes. No entanto a manifestação dessa Igreja está em consonância com Jesus, com suas obras e palavras. Dois outros teólogos católicos quiseram recusar esses atos de Jesus antes da glorificação e Pentecostes como eclesiais (Küng e Boff).
  • “Nova síntese”/ Theissen, Lahfink: Há uma “eclesiologia implícita” na pregação e nos atos de Jesus. Deus levou, por meio de Jesus, seu plano e sua vontade à plena realização depois de sua morte. Jesus não seria fundador, mas “animador” da comunidade primitiva (?) que renovaria o ser judaico para, posteriormente, romper com ele.
  • Abordagem conciliar do Vaticano II (NOSSA ABORDAGEM, CATÓLICA)

  Jesus fundou sua Igreja durante toda a vida. Antes de sua morte existiam as “vestigia ecclesiae” (vestígios da Igreja) que, no tempo pós-pascal, foram utilizados para dar fundamento à reunião de todos os homens na “família de Deus”, isto é, a ecclesia – Igreja (LG 2-8).

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