sexta-feira, 22 de abril de 2011

Sermão do Encontro

 
  Olhemos para o Senhor dos Passos. Aquele que veio fazer a vontade do Pai, abraça a sua Cruz sem medo, sem dúvidas. Humilhado, machucado de maneira horrível, exausto pela noite sem sono, Nosso Senhor se encontra ferido no corpo e na alma: as chagas do corpo não doem tanto como as da alma; ser açoitado pelos homens é menos pior do que ser desprezado por eles.
  Olhemos para a Mãe. Ó quanta dor, Santa Virgem Maria! Aquela que trouxe em seu seio, o bendito fruto de suas entranhas, agora o vê padecer. O medo, o pavor e a dor invadem violentamente a alma pura de Maria. Não temas, Maria, a separação do teu Filho. Ela será breve, porque para os que se amam, as distâncias sempre são estreitadas.   É  necessária a separação, pois toda a  raça  humana presa na discórdia do pecado se unirá novamente a Deus ... por isso, alegra-te, ó cheia de graça, ainda que haja o sofrimento. Não pára na dor, mas fixa no amor; não te constranjas a dor, avança pelo amor.
  Eis o Senhor dos Passos! Ó querido Jesus, quanta dor não sentiste neste momento: traído por Judas, abandonado pelos Apóstolos, vítima dos deboches dos infiéis... Olhai, irmãos! Ele vão veio ensinar a guerra, mas a paz; não veio para trazer o mal e a dor, mas o bem e o amor. Mas olhai a paga; olhai o sofrimento do Bom Deus! Cravaram-lhe a cruz às costas! Este foi o prêmio de sua bondade! Este foi o Prêmio de sua doação sem limites. Quantas vezes também nós não causamos ao coração de Deus este sofrer... Ó Jesus de Misericórdia, tende piedade de nós, porque somos pecadores!
  Irmãos, Olhemos o sofrimento daquela que mais amou o seu Filho cá na Terra! Menina de Nazaré, não te assustes pela pavor da morte deste Inocente! Olhai todos! Olhai para os olhos de esperança de Maria! Olhai seu semblante de paz, de ternura... Olhai também para nós, ó Mãe! Nós que permanecemos  neste vale de lágrimas, nós, os degredados filhos de Eva. Abri vosso olhar de Mãe para  nossas necessidades. Escuta as vozes de todas  as dores do mundo; vê  o sangue derramado de tantos inocentes e rogai agora e na hora de suas mortes. Virgem querida, fincai nossos passos no  caminho de seu Filho, não nos deixeis cair no desânimo e no medo. Pisai firme sobre nossos pecados e  trabalha conosco todas as vezes em que a noite do desânimo e do medo nos tomarem.
  O Senhor Jesus, Amigo dos pobres, dos fracos e dos sofredores, que apenas fez o bem e falou a verdade. Ei-Lo! A injustiça o tomou! Seus algozes ferozmente se investem contra Ele. O  Senhor caminha, apesar da cruz, apesar dos açoites, apesar da perversidade, Ele continua seu itinerário. O Senhor das Dores nos ensina a perseverar, ainda que no meio das aflições e dificuldades. Quantos de nós não abandonamos tudo, quando as coisas estão difíceis ou complicadas... Ele não!
  Virgem poderosa, as incertezas não vos entristeceram; o desespero não tomou vosso coração. As chagas do vosso Filho anseiam pela cura. Mas onde está a cura? A cura é o Senhor mesmo, Maria! Ele é vosso e nosso refúgio, Ele é vosso e nosso escudo, Ele é vosso e nosso vigor, Ele é vosso e nosso rochedo. Apesar da aparência agora frágil e indefesa, Ele é o Senhor! Vosso Filho agora é coroado de espinhos, de escárnios, de culpas, mas vós, ó Maria, o sabeis: Ele é Rei! As mãos do Senhor estão machucadas, mas vós dizeis: “Meu Filho, sois o Artista do universo!” As pernas do Senhor estão trêmulas, já indicam uma queda; mas vós dizeis: “Sois o sustento do mundo, Filho!”
  Ó fronte ensanguentada, de tanto opróbrio e dor, já não se vislumbra um homem, mas apenas feridas e sangue. Mas nós o sabemos: vossa glória refulge em toda a terra! Jesus Amado, não foi apenas Judas que o traiu. Não foi apenas Pedro que lhe negou. Não foram apenas os Apóstolos que lhe abandonaram. Não foram apenas os cruéis que lhe puniram indevidamente. Também eu, também nós cometemos hoje os mesmos ultrajes a vós, pelo pecado... Deram-vos socos e bofetadas, mas também nós; deram-vos cusparadas e desprezo, mas também nós...
  Maria segue a Cristo, apesar da estrada levar ao calvário. Sigamos ao Senhor e a Virgem, ainda que
soframos penas , despedidas e perdas. Talvez estas sejam o prólogo, o começo, de um amor verdadeiro... Senhora Nossa, ensinai-nos a caminhar sem pensar no porvir, mostrai-nos que servir ao vosso Filho é caminho de salvação e de vida!
  Cansado do trajeto, exausto pelo peso da cruz, dilacerado pelos chicotes e pelos golpes de paus, o
Senhor cai. O peso é grande e a dor da solidão neste momento é extrema e Ele cai pela segunda vez. O Calvário ainda não está perto, mas o caminho continua de dor e Jesus cai pela terceira vez. Cai por Terra o Salvador; a face direta ao chão. Nosso lindo Jesus está desfigurado! Seu rosto só inchaço, sangue, suor, dentes quebrados. Mas Ele se põe de pé. O Rei avança com seu estandarte: a
cruz.
  Os caminhos nos levam para lugares incomuns, alguns cheios de vida, de alegria, de ventura, de gostos e sabores, outros para o dissabor, para a tristeza, o desamparo e a dor. Neste momento, o caminho leva ao encontro de Jesus com sua Mãe, Maria. O olhar da Mãe se encontra com o olhar do Filho . “ Vêde minha dor, ó  Mãe!”, diz Jesus. “Vêde meu sofrimento, Filho meu!”, diz Maria. “ Vêde meu peso, Mãe!”. “ Vêde meu compadecimento, Filho!”
  Maria diante de Jesus, Jesus diante de Maria; a dor do Filho é a da mãe; o penar da Mãe é o do Filho! Um coração que se dá e se compreende no do outro. A mais terna das mães, vê as feridas de seu Filho e nada  pode fazer. Neste momento, Maria torna-se Mãe de todos os que padecem tribulações, torna-se Mãe dos filhos pródigos que caem, embrutecidos pelo pecado, pelo desamor.
  Consolai-vos, Maria! Porque a morte de Jesus  trouxe-nos a vida, seu sacrifício nos salvou, sua morte nos pôs de pé. Acolhei-nos, agora, como vossos filhos, sêde nosso refúgio, nosso afago,  nosso abrigo e calor. Porque o frio do mundo nos atormenta  e faz tremer.
  Ó Senhor Jesus, invadido de amor por todo o mundo, curai nossas chagas e ajudai-nos a vos servir de coração contrito e humilde, sem reservas, sem condições. Não permitais, Senhor, que nos separemos de vós, que empreendamos um caminho diferente do seu. Que a vossa Santa Cruz perdoe os nossos pecados. Amém.

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