O dom da alegria

  O povo brasileiro já se acostumou a ficar mais alegre em Fevereiro. Tudo é festa! Tudo se esquece. Tudo é colorido. É carnaval! Comprometidos com a verdade eterna, com o Reino e com as disposições da Igreja, não podemos deixar de lado esta vertente de nosso povo; noutras palavras: este valor antropológico (da alegria da festa popular) deve ser considerado. A alegria é uma das mais belas manifestações do ser humano. Mas, qual o valor da alegria? Existe uma alegria maior?

  Dizer-se "alegre", significa mostrar-se plenamente satisfeito, bem, equilibrado. A concepção cristã de "alegria" se intui daí mesmo: buscar a felicidade, é buscar fidelidade e dedicação no que se faz; buscar a santidade é ser feliz, por dentro e por fora. O próprio Senhor nos apresentou tal coisa através das "bem-aventuranças" - o mesmo que dizer "felicidades", "beatitudes".

  Bem, mas confrontemos a alegria carnavalesca e a alegria cristã: a primeira depende dos aspectos externos, do lugar animado, da fantasia que se usa, da música que se ouve e, talvez, até do que se bebe... A alegria cristã independe ao que se passa ao meu redor; contam os aspectos internos, a presença de Deus na alma, a sinceridade de ser o que se é, sem máscaras, sem personagens, o amor maravilhoso que se vive. Nesta alegria, eu e você podemos ser atacados por coisas que nos deixam tristes (externamente), mas não nos fazem perder a esperança nem a fé de uma mudança e do auxílio divino.

  A alegria profunda que Cristo oferece e a alegria confortadora dos problemas querida por nós devem se encontrar. Elas se encontram na razão de ser de nossas vidas: "De que importa ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua vida?", disse o Senhor em seu Evangelho. Querer ser feliz nesta vida é algo bom, é um desejo lícito, mas devemos lembrar que esta felicidade será sempre limitada, circunscrita às vicissitudes da vida humana: doenças, lutas, medos, decepções, cansaços... Ninguém pode fugir de ser humano e de passar também por contrariedades e dores. A alegria não é fuga da dor, refúgio no prazer, mas um modo de viver bem diante de tudo que acontece e sempre com Deus por companhia.