domingo, 19 de fevereiro de 2012

Diante de disputas de poder na Cúria Romana, Bento XVI responde com suave firmeza

  Dias atrás, como um lastro de pólvora rápido e destruidor, vazaram de dentro do Vaticano documentos muito sigilosos sobre administração e política interna e externa com, inclusive, acusações nominais. Até bem pouco tempo, sobre o autor ou autores, ninguém viu, ninguém sabia. Nos papéis havia uma verdadeira enxurrada de farpas, de alusões sem provas e até de um atentado ao Papa - verdadeira "jóia" de mais uma teoria de conspiração.

  Nesta semana, ao que tudo indica, os culpados já foram identificados e, certamente, deixarão em breve seus cargos na Cúria. Mas perguntamos: "Por que isso? Para quê? Dentro da Igreja e na cúpula da Igreja haver esta "briga" pelo poder? O Papa Bento XVI, alheio a qualquer provocação, sem nenhum tipo de atitude impulsiva, continua a ser o Doce Pastor que não foge aos lobos. Engraçado; quando era Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o então Cardeal Ratzinger era temido e sua fama era a de um ditador. Ao ser escolhido para a Sé de Pedro, o agora Papa Bento XVI mostrou o que sempre foi: um homem de Deus e um homem da Igreja. Aquele que ama tanto a Cristo e que, por isso, também é um apaixonado pela Igreja. Seu zelo de Pastor o faz esperar, rezar, meditar, ponderar e agir. O Papa Bento não é um homem de ações rápidas, mas de ações duradouras. Suas mudanças no campo litúrgico e eclesial vem sendo traçadas desde o início de seu Pontificado, há quase 8 anos.
  Ontem, no Consistório Público, quando houve a criação de novos cardeais, o Papa em sua alocução deu recados tão evidentes que até os que nada sabiam sobre o assunto dos vazamentos dos documentos poderiam se perguntar: "Nossa, quem será que está tentando minar o trabalho do Santo Padre e de seus auxiliares?" Como um bom pai, que sabe corrigir e sabe afagar, o Papa Bento teceu um lindíssimo comentário sobre o serviço desinteressado do Reino. Os cardeais envolvidos no lance, só não coraram mais, porque já trajavam o vermelho...
  "O serviço a Deus e aos irmãos, a doação de si mesmo: esta é a lógica que a fé autêntica imprime e gera na nossa existência quotidiana, mas que está em contradição com o estilo mundano do poder e da glória", disse o Papa em alto e bom som. O poder e a glória não pode ser algo querido e buscado dentro da Igreja, ainda mais pelos eminentes cardeais. "Com o seu pedido, Tiago e João mostram que não compreendem a lógica de vida que Jesus testemunha, aquela lógica que deve – segundo o Mestre –caracterizar o discípulo no seu espírito e nas suas ações. E a lógica errada não reside só nos dois filhos de Zebedeu, mas, segundo o evangelista, contagia também «os outros dez» apóstolos, que «começaram a indignar-se contra Tiago e João» (Mc 10, 41)". Aqui o Papa certamente faz alusão não apenas aos envolvidos no escândalo, mas a outros Prelados que também caíram na ambição ou que quiseram impetrar alguma espécie de revanche.
  "Domínio e serviço, egoísmo e altruísmo, posse e dom, lucro e gratuidade: estas lógicas, profundamente contrastantes, defrontam-se em todo o tempo e lugar. Não há dúvida alguma sobre a estrada escolhida por Jesus: e não Se limita a indicá-la por palavras aos discípulos de ontem e de hoje, mas vive-a na sua própria carne". O Papa, com coragem e sabedoria, nos aponta os caminhos de vida e de morte que cada um de nós deverá escolher no decorrer da existência. 
  Ao final de sua Alocução, o Papa assim se expressou, pedindo orações pelos novos cardeais e também para si: "No seu serviço, os novos Cardeais são chamados a permanecer fiéis a Cristo, deixando-se guiar unicamente pelo seu Evangelho. Amados irmãos e irmãs, rezai para que possa refletir-se ao vivo neles o Senhor Jesus, o nosso único Pastor e Mestre e a fonte de toda a sabedoria que indica a estrada a todos. E rezai também por mim, para que sempre possa oferecer ao Povo de Deus o testemunho da doutrina segura e reger, com suave firmeza, o timão da santa Igreja".  Santo Padre, "Ad multos Annos!" Que sua solicitude pastoral seja sentida em todo orbe católico!

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