Hoje, do balcão da sacada central da Basílica de
São Pedro, no Vaticano, o nosso querido Papa bento XVI concedeu a tradicional mensagem
e bênção de Natal “Urbi et Orbi” (à Cidade e ao Mundo). O Papa lembrou a todos
de que o homem não pode vencer sozinho as dificuldades da vida, mas “precisa
colocar sua mão numa mão maior e mais forte”, aludindo ao auxílio de Deus. O
Papa lembrou em sua mensagem dos povos em situação de calamidade e de
reestruturação política e econômica e fez questão de citar alguns países como a
Tailândia, as Filipinas, o Iraque e Myamar. Bento XVI ainda encorajou o diálogo
entre israelenses e palestinos, pedindo o fim do derramamento de sangue. O Papa
saudou a todos na Praça de São Pedro desejando “Feliz Natal” em 63 línguas.
Leiam, na íntegra, a mensagem de Sua Santidade:
Amados
irmãos e irmãs de Roma e do mundo inteiro!
Cristo nasceu para nós! Glória a Deus nas
alturas e paz na terra aos homens do seu agrado: a todos chegue o eco deste
anúncio de Belém, que a Igreja Católica faz ressoar por todos os continentes,
sem olhar a fronteiras nacionais, linguísticas e culturais. O Filho de Maria
Virgem nasceu para todos; é o Salvador de todos.
Numa antífona litúrgica antiga, Ele é
invocado assim: «Ó Emanuel, nosso rei e legislador, esperança e salvação dos
povos! Vinde salvar-nos, Senhor nosso Deus». Veni
ad salvandum nos! Vinde salvar-nos! Tal é o grito do homem de todo e
qualquer tempo que, sozinho, se sente incapaz de superar dificuldades e
perigos. Precisa colocar a sua mão numa mão maior e mais forte, uma mão do Alto
que se estenda para ele. Amados irmãos e irmãs, esta mão é Cristo, nascido em
Belém da Virgem Maria. Ele é a mão que Deus estendeu à humanidade, para fazê-la
sair das areias movediças do pecado e segurá-la de pé sobre a rocha, a rocha
firme da sua Verdade e do seu Amor (cf. Sal 40, 3).
E é isto mesmo o que significa o nome daquele
Menino (o nome que, por vontade de Deus, Lhe deram Maria e José): chama-se
Jesus, que significa «Salvador» (cf. Mt 1, 21; Lc 1, 31). Ele foi enviado por Deus Pai,
para nos salvar sobretudo do mal mais profundo que está radicado no homem e na
história: o mal que é a separação de Deus, o orgulho presunçoso do homem fazer
como lhe apetece, de fazer concorrência a Deus e substituir-se a Ele, de
decidir o que é bem e o que é mal, de ser o senhor da vida e da morte (cf. Gn 3, 1-7). Este é o grande mal, o grande
pecado, do qual nós, homens, não nos podemos salvar senão confiando-nos à ajuda
de Deus, senão gritando por Ele: «Veni ad salvadum nos – Vinde salvar-nos!»
O próprio fato de elevarmos ao Céu esta
imploração já nos coloca na justa condição, já nos coloca na verdade do que
somos nós mesmos: realmente nós somos aqueles que gritaram por Deus e foram
salvos (cf. Est (em grego) 10, 3f). Deus é
o Salvador, nós aqueles que se encontram em perigo. Ele é o médico, nós os
doentes. O fato de reconhecer isto mesmo é o primeiro passo para a salvação,
para a saída do labirinto onde nós mesmos, com o nosso orgulho, nos encerramos.
Levantar os olhos para o Céu, estender as mãos e implorar ajuda é o caminho de
saída, contanto que haja Alguém que escute e possa vir em nosso socorro.
Jesus Cristo é a prova de que Deus escutou o
nosso grito. E não só! Deus nutre por nós um amor tão forte que não pôde
permanecer em Si mesmo, mas teve de sair de Si mesmo e vir ter conosco,
partilhando até ao fundo a nossa condição (cf. Ex 3, 7-12). A resposta que Deus deu, em
Cristo, ao grito do homem, supera infinitamente as nossas expectativas,
chegando a uma solidariedade tal que não pode ser simplesmente humana, mas
divina. Só o Deus que é amor e o amor que é Deus podia escolher salvar-nos
através deste caminho, que é certamente o mais longo, mas é aquele que respeita
a verdade d’Ele e nossa: o caminho da reconciliação, do diálogo e da
colaboração.
Por isso, amados irmãos e irmãs de Roma e do
mundo inteiro, neste Natal de 2011, dirijamo-nos ao Menino de Belém, ao Filho
da Virgem Maria e digamos: «Vinde salvar-nos»! Repitamo-lo em união espiritual
com tantas pessoas que atravessam situações particularmente difíceis,
fazendo-nos voz de quem a não tem.
Juntos, invoquemos o socorro divino para as
populações do Nordeste da África, que padecem fome por causa das carestias, por
vezes ainda agravadas por um estado persistente de insegurança. A comunidade
internacional não deixe faltar a sua ajuda aos numerosos refugiados vindos daquela
Região, duramente provados na sua dignidade.
O Senhor dê conforto às populações do Sudeste
asiático, particularmente da Tailândia e das Filipinas, que se encontram ainda
em graves situações de emergência devido às recentes inundações.
O Senhor socorra a humanidade ferida por
tantos conflitos, que ainda hoje ensanguentam o Planeta. Ele, que é o Príncipe
da Paz, dê paz e estabilidade à Terra onde escolheu vir ao mundo, encorajando a
retomada do diálogo entre israelitas e palestinos. Faça cessar as violências na
Síria, onde já foi derramado tanto sangue. Favoreça a plena reconciliação e a
estabilidade no Iraque e no Afeganistão. Dê um renovado vigor, na edificação do
bem comum, a todos os componentes da sociedade nos países do Norte da África e
do Médio Oriente.
O nascimento do Salvador sustente as
perspectivas de diálogo e colaboração no Myamar à procura de soluções
compartilhadas. O Natal do Redentor garanta a estabilidade política nos países
da região africana dos Grandes Lagos e assista o empenho dos habitantes do
Sudão do Sul na tutela dos direitos de todos os cidadãos.
Amados irmãos e irmãs, dirijamos o olhar para
a Gruta de Belém: o Menino que contemplamos é a nossa salvação. Ele trouxe ao
mundo uma mensagem universal de reconciliação e de paz. Abramos- Lhe o nosso
coração, acolhamo-Lo na nossa vida. Repitamos-Lhe com confiada esperança: «Veni
ad salvandum nos».
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