Excesso de trabalho, estresse, dificuldade de ajudar o próximo,
carências afetivas, abusos, etc...: cada vez mais, os padres estão pedindo
ajuda aos psicanalistas. Com base nesta consideração, o Instituto de Psicologia
da Pontifícia Universidade Salesiana promove o seminário “Padres no divã:
facilidades e dificuldades do trabalho pastoral”, segunda-feira, 12 de março.
“Para atender aos novos desafios, os
padres devem tomar conta de si mesmos antes de pensar nos outros porque ninguém
é onipotente, e os padres também devem renunciar a alguma coisa e enfrentar
seus próprios problemas. Também do ponto de vista afetivo, devem cultivar
amizades verdadeiras, pois a afetividade não pode ser simplesmente removida” –
diz um relator.
Padre Giuseppe Crea, comboniano e
psicoterapeuta, afirma que “é preciso renovar o trabalho dos padres, porque
está em jogo a responsabilidade do contato com as pessoas”. “Se não se
enfrentarem estes problemas, o risco é que as pessoas não confiem mais na
Igreja e elas se esvaziem”.
Padre Crea acrescenta que não pode ser
subestimada também a questão dos abusos: “é importante cultivar a capacidade de
preveni-los, fazer uma seleção adequada para evitar depois ter que ‘reparar’ os
danos”.
Na lista dos participantes do congresso
constam o professor Leslie Francis, anglicano, professor e autor de dezenas de
monografias sobre problemas do clero; o professor jesuíta Hans Zollner, da
Universidade Gregoriana; a historiadora Lucetta Scaraffia, docente na
Universidade Sapienza de Roma e colaboradora do L’Osservatore Romano; e vários
especialistas e jornalistas.
O principal objetivo é evidenciar os
problemas ligados à formação dos sacerdotes, às dificuldades na escuta dos
outros, ao relacionamento com as mulheres, e à incapacidade muitas vezes
demonstrada pelos religiosos de colaborar com seus ‘colegas’.
Outro problema é que em muitos países,
um padre só deve cobrir várias paróquias distantes entre si, somando ao
estresse a tristeza da solidão. E também os bispos são chamados a ser mais
sensíveis aos problemas de seus sacerdotes.
Enfim, o objetivo geral da iniciativa é
“abrir uma janela aos problemas de que se fala pouco” – explica o Professor
Zbigniew Formella. Por isso, a agenda prevê um espaço para o debate. “É preciso
intervir: com autoridade, com constância, com um projeto. E a psicologia
ajuda”.
Fonte: Rádio Vaticano
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