Os três Evangelhos Sinóticos descrevem o episódio da Transfiguração de Jesus : “Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e levou-os em particular, a um alto monte...” (Mt 17,1-13; Mc 9,2-13; Lc 9,28-36). Segundo a tradição, a Transfiguração deu-se no Monte Tabor, na Galiléia, próximo do lago Genesaré. Todavia, há quem pense que poderia ter sido no Monte Hermon ou no Monte das Oliveiras.
A Festa da Transfiguração do Senhor, celebrada no Oriente desde o século V, e no Ocidente a partir de 1457, faz-nos reviver um acontecimento importante na vida de Jesus, com reflexos para a nossa vida. Situada antes do anúncio da Paixão e da Morte, a Transfiguração foi uma manifestação da vida divina que estava em Jesus. A luz do monte Tabor é assim uma antecipação do esplendor que encherá toda a noite da Páscoa. Por isso os Apóstolos, contemplando a glória divina na pessoa de Jesus, ficariam preparados para os dolorosos acontecimentos que iriam pôr à prova a sua fé.
Anúncio da Páscoa, a Transfiguração encerra também uma promessa - a da nossa transfiguração. Jesus, com efeito, fez transparecer na Sua Humanidade a glória de que resplandecerá o Seu Corpo Místico, a Igreja, na Sua vinda final. A nossa vida cristã é, pois, um processo de lenta transformação em Cristo. Iniciado no nosso Batismo, completa-se na Eucaristia, «penhor da futura glória», que opera a nossa transformação até atingirmos a imagem de Cristo glorioso.
Várias razões para a Transfiguração têm sido apresentadas pelos Padres da Igreja e, subsequentemente, pelos teólogos :
1. Cristo queria firmar a fé dos Apóstolos antes da Sua crucifixão e da Sua morte, para que eles pudessem reconhecer que a Sua glória divina, estava oculta nas Suas aparências humanas, e a sua vitória viria depois da Sua aparente derrota na morte da cruz.
2. Cristo queria que os Seus discípulos soubessem que Ele, na verdade, era divino, com Moisés e Elias por testemunhas e a voz de Deus nas nuvens a confirmá-lo.
3. Cristo queria que os cristãos viessem a aprender a ter esperança na Sua glória, transformados pela graça de Cristo.
O Catecismo da Igreja Católica, que considera a Transfiguração com um antegozo da Reino, diz :
554. - A partir do dia em que Pedro confessou que Jesus era o Messias, Filho de Deus vivo, o Mestre "começou a explicar aos seus discípulos que tinha de ir a Jerusalém e sofrer [...], que tinha de ser morto e ressuscitar ao terceiro dia"(Mt 16,21). Pedro rejeita este anúncio e os outros também não entendem. É neste contexto que se situa o episódio misterioso da transfiguração de Jesus, no alto duma montanha, perante três testemunhas por Ele escolhidas : Pedro, Tiago e João. O rosto e as vestes de Jesus tornam-se fulgurantes. Moisés e Elias aparecem, "e falam da sua morte, que ia consumar-se em Jerusalém" (Lc 9,31). Uma nuvem envolve-os e uma voz do Céu diz : "Este é o meu Filho, o meu eleito: escutai-O" (Lc.9,35).
555. - Por um momento, Jesus mostra a sua glória divina, confirmando assim a confissão de Pedro. Mostra também que, para "entrar na sua glória" (Lc 24,26), tem de passar pela cruz em Jerusalém. Moisés e Elias tinham visto a glória de Deus sobre a montanha. A Lei e os Profetas tinham anunciado os sofrimentos do Messias. A Paixão de Jesus é da vontade do Pai : o Filho age na qualidade de Servo de Deus. A nuvem indica a presença do Espírito Santo : "Apareceu toda a Trindade : o Pai na voz; o Filho na humanidade; o Espírito Santo na nuvem luminosa". (Sto. Tomás de Aquino).
Este episódio da Transfiguração é apresentado também na Liturgia da Palavra dos Domingos e Festas, no 2º Domingo da Quaresma nos três ciclos A, B e C.
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