Dizia um ancião: «Se o teu
pensamento mora em Deus, a força de Deus mora em ti».
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Se fazes o teu trabalho
manual na tua cela e chega a hora da oração, não digas: «Acabarei primeiro de
fazer os meus ramalhetes e o meu pequeno cesto e depois irei rezar», mas deves
erguer-te imediatamente e prestar a Deus o dever da oração; se o não fizeres,
pouco a pouco adquirirás o hábito de descurares o ofício divino e a oração e a
tua alma ficará deserta de obras espirituais e corporais. Porque é logo de
madrugada que deves demonstrar a tua vontade.
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Disse o abade Pastor: O
princípio de todos os males é a desatenção».
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Ao ergueres-te após o sono,
antes de tudo e em primeiro lugar, que a tua boca dê glória a Deus, entre
cânticos e salmos. Porque a primeira preocupação que ocupar o teu espírito a
partir da alba irá continuar a moer dentro dele como uma mó para o resto do
dia, seja trigo ou seja joio. Por isso sê sempre o primeiro a lançar o trigo,
antes que o teu inimigo lance o joio.
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Perguntou um irmão a um ancião:
«Que devo fazer, já que a vaidade não para de me importunar?». E o ancião
respondeu-lhe: «Tens razão, porque foste tu quem fez o céu e a terra». O irmão,
sentindo-se arrependido, disse: «Perdoa-me, eu não fiz coisa nenhuma».
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Disse um ancião: «Sem dominar
os lábios é impossível ao homem progredir numa só virtude que seja; porque a
primeira das virtudes é saber dominar os lábios».
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Disse o abade Pastor:
«Prosternai-vos perante Deus, não vos deis importância e mandai embora a
própria vontade: estes são os meios com que a alma pode trabalhar».
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Perguntaram ao abade Elias:
«De que modo poderemos salvar-nos nestes tempos?». E ele respondeu:
«Salvar-nos-emos se não tivermos estima por nós próprios».
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O abade Ammon interrogou o
abade Pastor sobre os pensamentos impuros e os vãos desejos do coração humano.
E o abade respondeu: «Pode um machado vangloriar-se de conseguir fazer alguma
coisa se não houver aquele que o utiliza para cortar ou rachar? Também tu não
deves cultivar tais pensamentos e eles não terão qualquer influência em ti!».
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Um irmão interrogou um
ancião e disse-lhe: «Que queres que faça a estes maus pensamentos que me
invadem o coração?». E o ancião respondeu-lhe: «Pensa nas vestes que colocas em
cima dum banco e ali permanecem esquecidas, sem que ninguém lhes pegue ou as
retire de lá: acabarão esquecidas e não mais terão utilidade para ninguém. Mas
se tu tratares delas e as vestires constantemente, as mesmas durarão e não se
estragarão. Assim acontece com os maus pensamentos, se lhes falares e neles te
comprazeres, eles estenderão cada vez mais as suas raízes no teu coração,
crescerão e nunca mais te largarão. Mas se, pelo contrário, não falares com
eles e, ainda que eles te comprazam, lhes tiveres ódio, eles acabarão por
definhar e sairão do teu coração».
Eitaa: um tapa na cara esse apoftegma:
ResponderExcluir"Perguntou um irmão a um ancião: «Que devo fazer, já que a vaidade não para de me importunar?». E o ancião respondeu-lhe: «Tens razão, porque foste tu quem fez o céu e a terra». O irmão, sentindo-se arrependido, disse: «Perdoa-me, eu não fiz coisa nenhuma»."