sábado, 12 de novembro de 2011

Vaticano foi palco de debates e reflexões sobre células-tronco adultas


 Terminou ontem no Vaticano, um Congresso Internacional que reuniu cientistas que trabalham em pesquisas com células-tronco adultas. No total, 350 especialistas, personalidades políticas, bispos e embaixadores, participaram de três dias de debates dedicados a esse tema, ainda pouco conhecido pelo grande público e que surge como uma alternativa ao recurso às células embrionárias.

  Para a Igreja, a pesquisa tem a vantagem de não interferir na vida desde a concepção, ao contrário das células retiradas de embriões – consideradas promissoras por grande parte da comunidade científica – mas que acarretam a destruição desses embriões. As células-tronco adultas localizadas, por exemplo, na medula espinhal, no sangue ou no fígado, podem ser modificadas e formar tecidos com usos terapêuticos múltiplos: curar doenças como a esclerose em placas ou leucemias.
  Segundo o presidente da fundação estadunidense ‘Stem for Life’, Max Gomez, a pesquisa evidenciou perspectivas particularmente promissoras: tratadas especialmente, essas células podem não apenas regenerar os tecidos de onde provêm, mas também adaptar-se a outros tecidos. Essas terapias, em pleno desenvolvimento, abrem novas esperanças, principalmente para as pessoas com doenças cardíacas e diabetes.
  Para Dom Ignacio Carrasco de Paula, presidente da Pontifícia Academia para a Vida, “a própria realização do colóquio derruba a idéia segundo a qual a Igreja “estaria em briga” com a ciência, permanecendo fechada numa atitude hostil. “No campo da pesquisa médica, a Igreja sabe que não existe alternativa à experimentação no homem, mas o que vale é que o homem não deve jamais ser objeto, mas sujeito. Os atores são dois, médico e paciente” – disse o Cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho da Cultura, que organizou o encontro.
  Dom Vincenzo Paglia, bispo de Terni-Narni, anunciou nesta quinta-feira, no encontro no Vaticano, que depois de anos de expectativa, está tudo pronto para a experimentação clínica com células-tronco adultas em pacientes com esclerose lateral amiotrófica, na cidade de Terni. O jornal L’Osservatore Romano antecipou a notícia de que um grupo de cientistas, coordenado e apoiado pelo bispo há anos, finalmente recebeu dos organismos competentes as autorizações necessárias para iniciar o programa de experimentação. A prática consiste no transplante de células-tronco do cérebro humano na medula espinhal de 18 pacientes de esclerose lateral amiotrófica, cuja seleção deve começar em dezembro.


Fonte: Rádio Vaticano

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