No Evangelho de hoje (ontem), Jesus diz a seus
discípulos que terá de "ir a Jerusalém, sofrer muito da parte dos anciãos,
sumos sacerdotes e escribas, ser morto e, no terceiro dia, ressuscitar (Mt
16,21). Tudo parece se transtornar no coração dos discípulos! Como é possível
que "o Cristo, o Filho do Deus vivo", possa sofrer até a morte? O
apóstolo Pedro se rebela, não aceita este caminho, toma a palavra e diz ao
mestre: “Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isto nunca te aconteça!”. Fica
evidente a divergência entre o desígnio do amor do Pai, que chega até a doação
do Filho Unigênito na cruz para salvar a humanidade, e as expectativas, desejos
e projetos dos discípulos.
Esse contraste se repete também hoje:
quando a realização da própria vida está voltada exclusivamente para o êxito
social, o bem-estar físico e econômico, já não se pensa segundo a vontade de
Deus, mas segundo os homens (v.23). Pensar segundo o mundo é deixar Deus à
parte, não aceitar seu desígnio de amor, é quase impedi-lo de cumprir sua sábia
vontade. Por isso Jesus diz a Pedro uma palavra particularmente dura:
“Afasta-te, Satanás. És para mim um escândalo” (ibid). O Senhor ensina que
"o caminho dos discípulos é segui-Lo, o Crucificado.Mas nos três
Evangelhos, este segui-lo no sinal da cruz... como o caminho do
"perder-se", que é necessário para o homem e sem o qual é impossível
encontrar a si mesmo" (Jesus de Nazaré).
Como aos discípulos, também a nós Jesus
dirige o convite: “Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome
sua cruz e siga-me” (Mt 16, 24). O cristão segue o Senhor quando aceita com
amor a própria cruz, embora aos olhos do mundo isso aparece como um fracasso e
uma "perda da vida" (cf. ibid), sabendo que não a leva sozinho, mas
com Jesus, partilhando seu mesmo caminho de doação.Escreve o Servo de Deus
Paulo VI: "Misteriosamente, o próprio Cristo, para erradicar do coração do
homem o pecado da presunção e manifestar ao Pai uma obediência íntegra e
filial, aceita... morrer na cruz" (Ex. Ap. Gaudete in Domino (9 mayo
1975), AAS 67, [1975], 300-301).
Aceitando voluntariamente a morte,
Jesus leva a cruz de todos os homens e se converte em fonte de salvação para
toda a humanidade. São Cirilo de Jerusalém diz: "A cruz vitoriosa iluminou
quem estava cego pela ignorância, libertou quem era prisioneiro do pecado,
trouxe a redenção para toda a humanidade" (Catechesis Illuminandorum XIII,
1: Christo et crucifixo et sepulto: PG 33, 772 B).
Confiamos nossa oração à Virgem Maria
e a Santo Agostinho, de quem hoje se celebra a memória litúrgica, para que cada
um de nós saiba seguir o Senhor no caminho da cruz e se deixe transformar pela
graça divina, renovando o modo de pensar para poder “distinguir qual a vontade
de Deus: o que é bom, o agradável, o perfeito” (Rm 12, 2).
Fonte: Zenit
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