segunda-feira, 16 de maio de 2011

Bufê, flores e fé


  Há muito tempo que se diz que “Maio é o mês das noivas”. Hoje parece que não mais. Segundo pesquisas dentro e fora do Brasil, a data dos casamentos está bastante diversificada. Mas sempre me perguntei: “Por que Maio é considerado o mês das noivas?” Pesquisei, pesquisei e não encontrei tantos fundamentos... tudo indica que é mais uma daquelas histórias que todo mundo conta e passa à frente e jura de “pé junto” que “é isso”, “que é assim”, mas não sabe o porquê... Bem, encontrei uma versão mais plausível dentre várias outras bem descabidas: como é primavera no hemisfério norte e o dom das lindas flores está pleno, associou-se a ele outro dom, o da feminilidade. Para saudar a primavera e as flores, as mulheres – em especial as noivas - usavam flores junto do corpo, nos cabelos, nos vestidos e em chapéus. Como nesse mês as flores estavam mais viçosas e o perfume de todas exalava por toda a parte, as noivas adquiriram o costume de se casarem no mês de Maio. Mas não é sobre isso que quero falar, mas sim de outro costume, menos edificante com certeza, o fato das noivas escolherem primeiro o salão de festas e depois virem à Igreja para resolver o principal.

  Os noivos (os dois), mas em especial as noivas (só elas) têm uma estranha mania de primeiro procurarem o bufê, a ornamentação, o book de fotos, o salão de festas, o cabeleireiro... e depois, bem depois a Igreja e o padre. Interessante como todas essas coisas que não são essenciais e importantes para a cerimônia e sua validade se antecipam às coisas da secretaria paroquial – que deveriam vir primeiro! Recado para quem quer se casar: comida, flores, fotos, salão, roupas, listas de presente, laquê, chapinha e purpurina não são elementos necessários para o casamento! “Então, padre, o que é essencial para o Matrimônio?” Os cânones do Código de Direito Canônico em seus números 1056 e 1057 nos dizem: “As propriedades essenciais do matrimônio são a unidade e a indissolubilidade que no Matrimônio cristão recebem firmeza especial em virtude do Sacramento. É o consentimento das partes legitimamente manifestado entre pessoas juridicamente hábeis que faz o Matrimônio; esse consentimento não pode ser suprido por nenhum poder humano. O consentimento matrimonial é o ato de vontade pelo qual um homem e uma mulher, por aliança irrevogável, se entregam e se recebem mutuamente para constituir o Matrimônio”. Vejamos o que significam:
1.     Os noivos devem estar conscientes de que o casamento não é uma experiência, um “test drive”, “se não der certo separa”. Não, o casamento exigirá maturidade de ambos para abraçarem a unidade, isto é, unir-se a uma só pessoa (portanto não ter “casos”, não adulterar) e também os noivos devem estar devidamente preparados para se casarem pra sempre, isto é, não dissolverem o Matrimônio pelo divórcio;
2.     Os noivos não podem se casar forçados ou em dúvidas; melhor que não se casem! O consentimento entre as partes, o seu “sim”, deve ser totalmente livre e manifestado diante de uma Testemunha qualificada (bispo, padre, diácono ou leigo) e atestado por duas testemunhas. Esse consentimento se dá na Igreja, local sagrado, onde o casal deve desejar, sobretudo, demonstrar a sua fé. O casamento católico é evento religioso, não meramente social – o consentimento é diante de Deus, não dos convidados;
3.     “Pessoas juridicamente hábeis”, quer dizer que não estão impedidas por alguma proibição da Igreja. Para se tornarem hábeis, os noivos devem procurar obter a habilitação civil, apresentarem alguns documentos na secretaria e marcarem sua entrevista na Igreja; nesta, ambos serão arguidos sobre suas intenções acerca do casamento e sobre sua prática religiosa, bem como serão avisados sobre algum empecilho para se casar. Para todo esse processo, requer-se tempo que, a nosso ver, gira em torno de 3 meses; portanto, se alguém quer casar, procure sua paróquia até este período e não menos;
4.     Por fim, é bom frisar que se o casamento foi válido, você estará casado para sempre, ainda que por fraqueza ou falta de cuidado com o amor, advenha a separação. Nestes tempos em que a união estável de homossexuais é reconhecida, vale lembrar que, para a Igreja, “aliança irrevogável” se faz entre um homem e mulher... 

Um comentário:

  1. Quanta riqueza num só artigo!
    Parabéns pelo blog!
    Está a cada dia melhor!

    Abraços

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