segunda-feira, 16 de maio de 2011

O Sacrifício da Missa tem antecedentes no Antigo Testamento?

 Introdução

          O sacrifício do Sinai é um dos elementos da Pré-História do Sacrifício da Missa. Há uma estreita ligação entre o Antigo e o Novo Testamento através desta idéia de “sacrifício”. Este, é proposto como Aliança entre o Povo e Deus (“Convocação”: “Qahal Jahweh” – leitura da Palavra / “Eklésia” – pregação da Boa Nova) e deve ser ratificada com um sinal eloquente; no AT, o sangue do Cordeiro, no NT, o Sangue de Cristo. A Missa é verdadeiro e necessário Sacrifício para a humanidade e tem suas raízes no AT.


 Afirmações principais e argumentos próprios

• A Igreja do NT é a perfeição do Povo de Deus do AT que se chama “Qahal Jahweh”.

Em Atenas, a Igreja profana (eklésia) era a convocação oficial do povo (Kaleo); esta convocação era feita pelos pregoeiros ou arautos (kerukes). No NT, os apóstolos são considerados os “kerukes” de Deus que, em nome de Jesus, devem convocar o novo povo eleito, em qualquer parte da Terra em que se encontra, para ouvir a Palavra de Deus que lhes fora revelada. A própria palavra “apóstolo” vai significar “aquele que é enviado em nome de outrem”.

          Já no AT, a “Qahal Jahweh” é a multidão que fora levada do Egito e convocada, por Deus, para o Monte Sinai para ouvir a Palavra de Deus, tornando-se verdadeiro povo de Deus através do Sacrifício, isto é, da proposta da Aliança feita por Moisés e da ratificação do povo com um “sim” e a aspersão do sangue.

          De fato, este encontro, este Testamento (proposta da Aliança e adesão do Povo) é solenemente ratificado pelo sacrifício, no qual o povo se une à Palavra de Deus e Deus sanciona ou consagra a sua própria Palavra. Por este sacrifício é confirmado o Testamento fundado somente pela autoridade de Deus e, ao mesmo tempo, é a livre resposta e a aceitação plena do povo obediente; daí o Senhor Jesus ter usado a palavra “testamento”, fazendo referência àquele do AT.

• A celebração solene do Sacrifício renova o Testamento entre Deus e o Povo.

          O rei Josias concretiza um novo início da História do Povo de Deus, com uma solene dedicação, que é semelhante à convocação realizada no Sinai. O rei convoca o povo para a Palavra de Deus. A seguir, faz a leitura da Lei. Então o povo se une à Palavra de Deus pelo louvor e pela oração, isto é, pela fundamental celebração pascal que ratifica Aquele Sacrifício do Sinai. O fato do próprio rei tomar a frente desta ação litúrgica, nos fará ver aí uma alusão clara ao Rei Jesus que vai oficiar a nova Páscoa.

• A oração eucarística de Esdras dá graças pelo passado e suplica pelo futuro do povo.

          Mesmo com a ausência do sacrifício – por causa da destruição do Templo à época de Esdras - o povo é convocado, faz-se a leitura da Lei e uma pregação. Faz-se memória dos feitos do passado, atualizando a ação de Deus. A partir daqui, o culto fica restrito à sinagoga. A “oração eucarística” toma o lugar do sacrifício, pois o novo Templo não corresponde às esperanças dos judeus.

• Graças à pregação dos profetas Ezequiel e deutero-Isaías, o culto da sinagoga toma um aspecto escatológico que terá sua plenitude no Messias.

          No fim dos tempos se realizará o verdadeiro Testamento entre Deus e o povo e tornar-se-á definitiva a satisfação pelo sacrifício. Assim, o Messias será o restaurador do culto do Povo de Deus unindo, novamente, o Sacrifício à Instrução da Lei Divina.

 Conclusão

          Agora torna-se mais compreensiva a razão pela qual desde o início, a leitura da Sagrada Escritura anda ligada à Eucaristia. A Missa é a Solenidade principal da Igreja, pois, com efeito, a sansão renovada do Testamento entre Deus e o povo é a ratificação perfeita desta aliança perfeita com o sacrifício. Existe uma dinâmica forte entre a Nova Aliança e o Sacrifício de Cristo que a ratificou. O forte apelo de Cristo é que a ratifiquemos com Ele: “Fazei isto em memória de mim”. Assim, foi constituído o novo Povo de Deus. Por isso, a Lei de Deus e o Sacrifício andam indissoluvelmente unidos entre si. A nota característica da Missa é a Ação de Graças por causa da instituição ou fundação divina do Testamento Aliança e a esperança escatológica do Reino Messiânico no fim dos tempos.

Um comentário:

  1. Padrezinho,
    a sua bênção!

    “Se soubéssemos o que é a Santa Missa, morreríamos de amor”.

    São João Maria Vianney

    Abraços

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