sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Homilia da Solenidade da Imaculada Conceição de Maria



  Hoje celebramos um dos títulos marianos mais conhecidos e queridos por todo o povo cristão: A Imaculada Conceição. Mas o que significa este dogma, esta verdade sobre Maria Imaculada? O que esta celebração tem a nos dizer? A Palavra de Deus que acabamos de ouvir nos apresenta dois focos de atenção: Primeiro a narração de Gênesis; nela é narrada a luta constante e histórica entre o bem e o mal, entre o homem e a maldade, entre a Mulher e a serpente, entre a descendência da Mulher e o diabo. Nesta luta, haverá um vencedor: a descendência da Mulher esmagará a cabeça da serpente e assim, Deus vencerá, o bem vencerá.

  Apesar desta vitória, o homem foi ferido pela desconfiança em seu Deus. Tentado pela serpente, o homem passa a suspeitar do amor de Deus, de seu cuidado por ele. Pensa mesmo que o Senhor o estaria privando, lhe tirando algo. Nada mais mentiroso e só podendo vir mesmo do Pai da mentira; Deus não nos tira, só dá; Deus não nos rebaixa, só eleva; Deus não nos faz mal, só o bem. No entanto, as palavras da serpente entram no coração do homem e o deixam à mercê da vaidade e do orgulho: ele não obedece mais a Deus, não espera do seu Senhor o melhor; o homem, agora ferido pelo pecado quer, ele mesmo, ter o poder sobre a árvore da vida. Este é o pecado das origens, ou chamado “pecado original” em que, isolando-se de seu Criador, o homem acredita que pode fazer tudo e passar por tudo sem o auxílio de Deus. Ao fazer isto, infelizmente, o homem de ontem e de hoje acredita mais numa mentira do que numa verdade. E não é exatamente isso que ocorre conosco? A verdade, por ser verdade, não levanta muito interesse das pessoas, mas a mentira, por ser algo irreal, mexe com a imaginação das pessoas.
  O pecado original deixou suas marcas em todos os homens e o diabo faz questão de “pesar sua mão” sobre eles, mas podemos lutar contra essas más inclinações pedindo o auxílio de Deus, implorando a intercessão de Maria e trabalhando para praticarmos as santas virtudes. É verdade que, como nos disse o Papa Bento XVI, “trazemos dentro de nós próprios uma gota do veneno daquele modo de pensar explicado nas imagens do Livro do Gênesis”, mas também é verdade que a liberdade humana continua a poder escolher, se deseja o bem ou o mal. 
  O segundo foco de meditação é sobre o Evangelho de Lucas, que nos indica a realização das promessas do Antigo Testamento: uma Virgem dará à luz ao Emanuel. E como poderá ser ela a Mãe do Salvador? Aqui precisamente se encontra a teologia da solenidade de hoje: Maria foi preservada da mácula, da mancha, daquela gota de veneno da serpente para que pudesse ser uma digna habitação para o Verbo de Deus. O Arcanjo São Gabriel faz questão de dizer que Maria estava “cheia” de graça, não com algumas graças, mas repleta “da graça de Deus”, isto é, que nela estava o próprio Deus; o que é logo afirmado pelo próprio Anjo quando diz: “O Senhor está contigo!”. Ao celebrar a Imaculada Conceição de Maria, fazemos memória desta graça extraordinária que Nossa Mãe do Céu recebeu de Deus, de poder nascer “sem pecado” para ser “tabernáculo do Altíssimo”. Ao ser preservada do pecado original no seio de sua mãe, Santa Ana, Maria torna-se “sacrário vivo de Deus”, lugar da glória de Deus, a verdadeira Sião, a Morada do Deus Eterno, Tenda de Deus no meio dos homens. Tudo isso é Maria!
  E o que podemos aprender da celebração de hoje? Devemos aprender que o pecado existe, que ele não é bom, é obra da vil serpente, é uma gota de veneno nas “nossas veias” e, por isso, deve ser jogado fora, retirado de nossa vida; quem permanece no pecado, reproduz em si a imagem do homem caído, foge das mãos de Deus e  se entrega às mentiras da serpente tenebrosa. “Não podemos servir a dois senhores”, foi Jesus quem nos ensinou: ou amamos a Deus e buscamos o bem, ou nos deixamos conduzir pelo diabo e praticamos o mal.
  Devemos aprender a confiar sempre em Deus e a nunca suspeitarmos de seu poder e de sua amizade; a confiança na providência divina não nos tira as responsabilidades, antes nos empurra para elas, fazendo com que demonstremos nosso amor e nossa fé em Deus, através das obras; “se me amas, cumpris meus Mandamentos”, disse o Senhor. O homem não é Deus, o homem não é um ser todo poderoso, mas falível, pequeno, limitado. Hoje ele é, amanhã talvez não seja; hoje ele existe aqui, amanhã não estará mais nesta Terra. De que vale a pessoa arrogante e orgulhosa, mentirosa e dissimulada, autoritária e vaidosa? Também o dia dela não chegará?
  Devemos aprender a amar a Virgem Maria e a ver nela um sinal de Deus para nós. Maria está a todo momento nos recordando da primazia de Deus: pôr Deus em primeiro lugar na nossa vida é o maior apelo de Nossa Senhora aos homens de hoje. Quantas vezes o trabalho, o lazer, o descanso e até mesmo coisas louváveis como a família e os amigos são postos na frente de Deus? Devemos aprender de Maria, nesta data, que a luta no mundo continua; não existem meios termos, não existe uma não tomada de posição; ou servimos a Deus ou O esquecemos, nos colocando debaixo do poder de Satanás e de seu seguidores. Aprendamos também de Maria a não temer, pois se estamos nos braços de Deus, não há potência, não há homem, não há força neste mundo ou fora dele que possa nos tocar, nos ferir
  Com Maria, vamos para Deus! Com Maria, sigamos o Senhor! Com Maria vençamos o pecado! Virgem Imaculada, nossa Mãe dulcíssima, intercedei por nós!

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