domingo, 6 de novembro de 2011

Solenidade de Todos os Santos


  Hoje celebramos o “Dia de Todos os Santos”. A data litúrgica é 1° de Novembro, mas no Brasil comemoramos tal Solenidade no Domingo mais próximo a este dia. Quando a Igreja celebra Todos os Santos, ela deseja trazer para sua Liturgia e para nossa contemplação a multidão de santos e santas de Deus que estão na glória e que, não necessariamente, são conhecidos por nós cá na Terra. Nesta multidão de justos não estão apenas os “canonizados” pela Igreja, mas todos os que cumpriram fielmente e com amor, a vontade de Deus em suas vidas.

  Neste dia a Igreja, como Mãe e Mestra, abraça todos os seus filhos, das mais diversas regiões, culturas, raças e estados e nos apresenta suas vidas como modelos de seguimento a Cristo. A santidade não é para poucos, mas todos! E é exatamente nesta santidade que a Igreja se reflete melhor; a Igreja é feita de pecadores, mas pecadores que não se conformam com seus defeitos, que lutam pelo ideal da perfeição. O que é o santo? Um ser alienado de tudo e afastado de todos? Uma pessoa isenta de tentações e de quedas? Eu lhes digo que “não”. Então, o que é um “santo”? Vejamos o que a Liturgia nos diz.
  Na primeira leitura, do Apocalipse de São João, o autor nos diz: “Estavam de pé diante do trono e do Cordeiro; trajavam vestes brancas e traziam palmas na mão”. Estar “diante do trono e do Cordeiro” significa que estes nossos irmãos prestam louvor e adoração a Jesus Cristo, Cordeiro de Deus. As vestes brancas são símbolo da pureza, da retidão de coração e, finalmente as palmas, retratam a luta e a vitória que tiveram sobre o mal. Assim, para João, ser santo é adorar o verdadeiro Deus, expulsar as sombras do coração e combater fortemente contra mal, a ponto de vencê-lo. O Salmo 23 nos remete ao mesmo caminho: “Quem tem mãos puras e inocente coração, quem não dirige sua mente para o crime. Sobre este desce a bênção do Senhor e a recompensa de seu Deus e Salvador”. É voltando-se para o Senhor que seremos santos; é voltando-se para Deus e não para as coisas ou criaturas que alcançaremos a santidade. Quem volta-se para si ou para um outro que não é Deus, este cai no egoísmo, é escravo de suas carências e fica impedido de ascender ao coração do Senhor. Voltar-se para Deus; voltar-se para sua Face: eis o segredo da santidade! Quando pensamos em Deus ou fazemos as coisas debaixo do seu olhar, não há como cairmos em erros.
  A Solenidade que ora celebramos tem dupla finalidade: de um lado, contemplamos o modelo dos santos e damos a eles nosso louvor; de outro, deveríamos ficar inquietos com a proposta de santidade e pensar: “por que eu não sou santo?” O santo não se faz só no momento da morte; podemos ser santos em vida! Ser santo é ser amigo de Deus e amizade não se demonstra depois na hora da morte, mas durante a vida. Como podemos ser amigos de Deus? O Papa Bento XVI nos responde: “A esta interrogação pode-se responder antes de tudo de forma negativa: para ser santo não é necessário realizar ações nem obras extraordinárias, nem possuir carismas excepcionais. Depois, vem a resposta positiva: é preciso, sobretudo, ouvir Jesus e depois segui-lo sem desanimar diante das dificuldades. Quem n’Ele confia e O ama com sinceridade, como o grão de trigo sepultado na terra, aceita morrer para si mesmo. Com efeito, Ele sabe que quem procura conservar a sua vida para si mesmo, perdê-la-á, e quem se entrega, se perde a si mesmo, precisamente assim encontra a própria vida (cf. Jo 12, 24-25). A experiência da Igreja”, diz o Papa, “demonstra que cada forma de santidade, embora siga diferentes percursos, passa sempre pelo caminho da cruz, pelo caminho da renúncia a si mesmo. As biografias dos santos descrevem homens e mulheres que, dóceis aos desígnios divinos, enfrentaram por vezes provações e sofrimentos indescritíveis, perseguições e o martírio”.
  Queridos irmãos e irmãs, a santidade não é um projeto distante e inalcançável, mas concreto e necessário; se não formos santos não nos salvaremos! Não iremos ao Céu! Não veremos a Deus, Nossa Senhora, os santos e os nossos parentes e amigos que se santificaram! O casado pode ser santo? Sim, pode! O solteiro pode ser santo? Sim, pode! O adulto, a criança, o jovem, o idoso podem ser santos? Sim, podem! Não importa seu trabalho, sua cultura, seu lugar, sua origem nada disso te impede; a santidade é possível a todos e, mesmo que implique esforço e dedicação de cada um, será sempre uma obra de Deus em nós. Então, quanto mais você e eu nos abrirmos a Deus, mais cresceremos em santidade. E como isso se dá? Na imitação de Cristo!
  No Evangelho das Bem-aventuranças está a “fisionomia espiritual” de Jesus, o rosto e o modelo por excelência a ser contemplado e imitado. Em Jesus e por Jesus podemos ser pobres em espírito; em Jesus e por Jesus somos aflitos; em Jesus e por Jesus somos mansos; em Jesus e por Jesus temos fome e sede de justiça; em Jesus e por Jesus somos misericordiosos; em Jesus e por Jesus temos o coração puro; em Jesus e por Jesus somos homens e mulheres da paz; em Jesus e por Jesus sofremos perseguição e injúria. Este é o Mistério de Cristo: Ele em nós; este é o mistério dos filhos de Deus: nós n’Ele.
  Que a celebração de Todos os Santos nos inspire a intimidade com Deus para que, um dia, “diante do Trono e do Cordeiro”, ao lado da Virgem Maria e dos santos, possamos cantar um louvor eterno ao Deus que é, que era e que vem e juntos proclamar: Santo, Santo, Santo! Amém.

Um comentário:

  1. Precisamos ser santos destes novos tempos, santos modernos.Mais para que isso aconteça o nosso coração tem que estar disposto a viver esta santidade, temos que orar e vigiar a todo instante.

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