São Benedito nasceu na Itália,
na ilha da Sicília, em 1526. Era filho de escravos em uma propriedade próxima
de Messina, mas foi libertado ainda muito jovem por seu senhor. Desde criança, aos
dez anos, manifestou uma pronunciada inclinação para a penitência, a oração e a
solidão.
Durante
sua tarefa de tanger rebanhos, entregava-se à oração e à contemplação, e diante
dos maus tratos e humilhações que recebia das pessoas ao redor, duplicava sua
intercessão pelos pecadores e sua vontade de servir à paz. Já no tempo da
juventude, por volta dos 18 anos de idade, com o fruto de seu trabalho e
dedicação, sustentava a si mesmo e ajudava sua família e aos pobres.
Três anos depois, quando insultado publicamente
por causa de sua cor, manteve atitude digna e paciente, sem revoltas ou
revides. Esta atitude não passou despercebida diante do superior de um grupo de
eremitas franciscanos que estava na cidade que o convidou a fazer parte da
comunidade. Benedito aceitou o convite e, com o tempo, passou a ser o seu novo
líder.
Por volta de 1564, o grupo se dispersou e
Benedito foi aceito como irmão leigo pelos frades franciscanos de Palermo,
começando por trabalhar na cozinha. Em 1578, eles precisaram de um novo
guardião (título dado ao superior da casa), e Benedito foi o escolhido, apesar
de ser leigo e analfabeto. Ele só aceitou o cargo depois de compreensível
relutância, mas administrou o convento com grande sucesso, tendo adotado uma
interpretação bem mais rigorosa das regras franciscanas.
A sua conduta no cargo justificou plenamente
a escolha dos superiores: foi respeitoso para com os padres, caridoso para com
os irmãos leigos, condescendente para com os noviços, e foi por todos
respeitado, sem que ninguém tentasse abusar de sua humildade.
Sua confiança na Providência foi sem limites:
recomendava ao porteiro jamais recusar esmolas aos pobres que se apresentassem.
Dava a seus religiosos o exemplo de todas as virtudes. Era sempre o primeiro no
coro e nos exercícios da comunidade; o primeiro na visita aos doentes e no
trabalho manual.
Na direção do noviciado demonstrou uma grande
doçura e consumada prudência: os noviços tiveram nele um guia seguro, um pai
cheio de ternura e um excelente mestre da Escritura, cujas leituras do Ofício
lhes explicava com surpreendente facilidade. Mesmo sem saber ler nem escrever,
tinha, manifestamente, o dom da ciência infusa, acontecendo-lhe de dar
respostas luminosas a mestres em Teologia que o vinham consultar. A este dom
unia também o da penetração dos espíritos e dos corações.
Sua vida tornou-se um exercício contínuo de
todas as virtudes, e Deus lhe concedeu o dom de operar milagres. Terminado o
tempo de seu cargo, voltou novamente ao ofício de cozinheiro, felicíssimo por
reencontrar a vida obscura e oculta, objeto de todos os seus desejos.
Em 1589 caiu gravemente doente, e Deus lhe
revelou que seu fim estava próximo. Na recepção dos últimos sacramentos
experimentou como que um antegozo das alegrias celestes. Morreu docemente no
dia 4 de abril. Foi canonizado em 1807, e normalmente em suas imagens traz o
menino Jesus nos braços, que lhe foi colocado por Maria Santíssima, pela sua
grande devoção, e pela suave doçura com a qual Jesus preencheu o seu coração.
São Benedito foi chamado de "O Santo
Mouro", ou “O Negro”, por causa de sua cor negra. Certamente é uma dos
santos mais populares no Brasil, cuja devoção nos foi trazida pelos
portugueses, e são inúmeras as paróquias e capelas que o escolheram como
padroeiro, inspiradas em seu modelo admirável de caridade e humildade.
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