segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Súmula dos discursos do Santo Padre, o Papa Bento XVI, em 21/08 - Madri


  “No evangelho que ouvimos (Mt 16, 13-20), vemos representadas, de certo modo, duas formas diferentes de conhecer Cristo. O primeiro consistiria num conhecimento externo, caracterizado pela opinião corrente. À pergunta de Jesus: “Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?”, os discípulos respondem: “Uns dizem que é João Batista; outros, que é Elias; e outros, que é Jeremias ou algum dos profetas”. Isto é, considera-se Cristo como mais um personagem religioso junto aos que já são conhecidos. Depois, dirigindo-se pessoalmente aos discípulos, Jesus pergunta-lhes: “E vós, quem dizeis que Eu sou?”. Pedro responde formulando a primeira confissão de fé: “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo”. A fé vai mais longe que os simples dados empíricos ou históricos, e é capaz de apreender o mistério da pessoa de Cristo na sua profundidade.

  A fé, porém, não é fruto do esforço do homem, da sua razão, mas é um dom de Deus: “És feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que to revelou, mas o meu Pai que está no Céu”. Tem a sua origem na iniciativa de Deus, que nos desvenda a sua intimidade e nos convida a participar da sua própria vida divina. A fé não se limita a proporcionar alguma informação sobre a identidade de Cristo, mas supõe uma relação pessoal com Ele, a adesão de toda a pessoa, com a sua inteligência, vontade e sentimentos, à manifestação que Deus faz de Si mesmo. Deste modo, a pergunta de Jesus: “E vós, quem dizeis que Eu sou?”, no fundo está impelindo os discípulos a tomarem uma decisão pessoal em relação a Ele. Fé e seguimento de Cristo estão intimamente relacionados.
  Na sua reposta à confissão de Pedro, Jesus fala da sua Igreja: “Também Eu te digo: Tu é Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja”. Que significa isto? Jesus constrói a Igreja sobre a rocha da fé de Pedro, que confessa a divindade de Cristo.
 Sim, a Igreja não é uma simples instituição humana, como outra qualquer, mas está intimamente unida a Deus. O próprio Cristo Se refere a ela como a “sua” Igreja. Não se pode separar Cristo da Igreja, tal como não se pode separar a cabeça do corpo (1 Cor 12, 12). A Igreja não vive de si mesma, mas do Senhor. Ele está presente no meio dela e dá-lhe vida, alimento e fortaleza.
  Queridos jovens, permiti que, como Sucessor de Pedro, vos convide a fortalecer esta fé que nos tem sido transmitida desde os apóstolos, a colocar Cristo, Filho de Deus, no centro da vossa vida. Mas permiti também que vos recorde que seguir Jesus na fé é caminhar com Ele na comunhão da Igreja. Não se pode, sozinho, seguir Jesus. Quem cede à tentação de seguir «por conta sua» ou de viver a fé segundo a mentalidade individualista, que predomina na sociedade, corre o risco de nunca encontrar Jesus Cristo, ou de acabar seguindo uma imagem falsa d’Ele.
  Ter fé é apoiar-se na fé dos teus irmãos, e fazer com que a tua fé sirva também de apoio para a fé de outros. Peço-vos, queridos amigos, que ameis a Igreja, que vos gerou na fé, que vos ajudou a conhecer melhor Cristo, que vos fez descobrir a beleza do Seu amor. Para o crescimento da vossa amizade com Cristo é fundamental reconhecer a importância da vossa feliz inserção nas paróquias, comunidades e movimentos, bem como a participação na Eucaristia de cada domingo, a recepção frequente do sacramento do perdão e o cultivo da oração e a meditação da Palavra de Deus.
  E, desta amizade com Jesus, nascerá também o impulso que leva a dar testemunho da fé nos mais diversos ambientes, incluindo nos lugares onde prevalece a rejeição ou a indiferença. É impossível encontrar Cristo, e não O dar a conhecer aos outros. Por isso, não guardeis Cristo para vós mesmos. Comunicai aos outros a alegria da vossa fé. O mundo necessita do testemunho da vossa fé; necessita, sem dúvida, de Deus. Penso que a vossa presença aqui, jovens vindos dos cinco continentes, é uma prova maravilhosa da fecundidade do mandato de Cristo à Igreja: “Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura” (Mc 16, 15). Incumbe sobre vós também a tarefa extraordinária de ser discípulos e missionários de Cristo noutras terras e países onde há multidões de jovens que aspiram a coisas maiores e, vislumbrando em seus corações a possibilidade de valores mais autênticos, não se deixam seduzir pelas falsas promessas dum estilo de vida sem Deus” (Homilia da Jornada Mundial da Juventude).
  “Agora ides regressar aos vossos lugares de residência habitual. Os vossos amigos vão querer saber o que é que mudou em vós depois de vos terdes encontrado nesta nobre cidade com o Papa e centenas de milhares de jovens do mundo inteiro: Que ireis dizer-lhes? Convido-vos a dar um testemunho destemido de vida cristã diante dos outros. Assim sereis fermento de novos cristãos e fareis com que a Igreja se levante robusta no coração de muitos.
Nestes dias, quanto pensei naqueles jovens que aguardam o vosso regresso! Transmiti-lhes a minha estima, particularmente aos mais desfavorecidos, e também às vossas famílias e às comunidades de vida cristã a que pertenceis”(Oração do Angelus).
  “Muitos de vós tiveram de renunciar à participação direta nos atos celebrativos, ocupados como estáveis com outras tarefas da sua organização. Mas esta renúncia constituiu uma forma bela e evangélica de participar na Jornada: a da entrega aos outros, de que fala Jesus. De certo modo, tornastes realidade estas palavras do Senhor; “Se alguém quiser ser o primeiro, há-de ser o último de todos e o servo de todos” (Mc 9, 35). Tenho a certeza de que esta experiência como voluntário vos enriqueceu a todos na vossa vida cristã, que é fundamentalmente um serviço de amor. O Senhor transformará a vossa fadiga acumulada, as preocupações e a pressão de muitos momentos, em frutos de virtudes cristãs: paciência, mansidão, alegria de se dar aos outros, disponibilidade para cumprir a vontade de Deus. Amar é servir, e o serviço aumenta o amor. Penso que este seja um dos frutos mais belos da vossa contribuição para a Jornada Mundial da Juventude. Mas esta colheita não beneficia apenas a vós, mas à Igreja inteira que, com mistério de comunhão, se enriquece com o contributo de cada um dos seus membros.
  Agora, ao voltardes para a vossa vida de todos os dias, animo-vos a guardardes no vosso coração esta experiência feliz e a crescerdes cada vez mais na entrega de vós mesmos a Deus e aos homens. É possível que, em tantos de vós, se tenha levantado, débil ou poderosamente, esta pergunta muito simples: O que Deus quer de mim? Qual é o desígnio de Deus para a minha vida? Não poderia eu gastar a minha vida inteira na missão de anunciar ao mundo a grandeza do seu amor através do sacerdócio, da vida consagrada ou do matrimônio? Se vos veio esta inquietação, deixai-vos conduzir pelo Senhor e oferecei-vos como voluntário ao serviço d’Aquele que “não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por todos” (Mc 10, 45). E a vossa vida alcançará uma plenitude que nem suspeitais. Talvez alguém esteja a pensar: O Papa veio para nos agradecer, e deixa-nos com um pedido! Sim, é mesmo assim! Esta é a missão do Papa, Sucessor de Pedro. Não esqueçais que Pedro, na sua primeira carta, recorda aos cristãos o preço com que forma resgatados: o do sangue de Cristo (1 Pd 1, 18-19). Quem avalia a sua vida a partir desta perspectiva sabe que ao amor de Cristo só se pode responder com amor; e é isto mesmo que vos pede o Papa agora na despedida: que respondais com amor a Quem por amor Se entregou por vós”(Encontro com os voluntários da JMJ).
  “Deixo a Espanha feliz e agradecido a todos, mas sobretudo a Deus, Nosso Senhor, que me permitiu celebrar esta Jornada repleta de graça e emoção, carregada de dinamismo e esperança. Sim, a festa da fé que compartilhamos permite-nos olhar em frente com muita confiança na Providência, que guia a Igreja pelos mares da história; por isso permanece jovem e cheia de vitalidade, mesmo enfrentando árduas situações. Isto é obra do Espírito Santo, que torna presente Jesus Cristo nos corações de jovens de cada época e, deste modo, lhe mostra a grandeza da vocação divina de todo o ser humano. Pudemos comprovar também como a graça de Cristo derruba os muros e franqueia as fronteiras que o pecado levanta entre os povos e as gerações, para fazer de todos os homens uma só família que se reconhece unida no único Pai comum, e que cultiva com o seu trabalho e respeito tudo o que Ele nos deu na criação.
  Os jovens respondem com prontidão quando se lhes propõe, com sinceridade e verdade, o encontro com Jesus Cristo, único Redentor da humanidade. Agora regressam às suas casas como missionários do Evangelho, “enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé” e terão necessidade de ajuda no seu caminho. Por isso confio, de modo particular aos Bispos, sacerdotes, religiosos e educadores cristãos, o cuidado da juventude que deseja responder com entusiasmo ao chamado do Senhor. Não há que desanimar com as contrariedades que, de diversos modos, se apresentam nalguns países. Mais forte do que todas elas é o anseio de Deus, que o Criador colocou no coração dos jovens, e o poder do Alto, que concede fortaleza divina aos que seguem o Mestre e a quantos buscam n’Ele alimento para a vida. Não tenhais medo de apresentar aos jovens a mensagem de Jesus Cristo em toda a sua integridade e convidá-los para os sacramentos, pelos quais nos torna participantes da sua própria vida”(Cerimônia de despedida).

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