domingo, 21 de agosto de 2011

Solenidade da Assunção de Maria


Queridos filhos,
  Hoje celebramos a Solenidade da Assunção de Maria ao Céu. Isto significa que Maria está no Céu e não só em alma, mas em corpo e alma. Esta Festa mariana nos indica o futuro daqueles que fazem a vontade de Deus: estarem na alegria eterna do Céu em corpo e alma. 
  Maria não se eleva ao Céu, mas é elevada, isto é, não subiu por próprias forças, mas pelo querer e méritos de seu Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo. Neste sentido, Maria se mostra unidíssima a Jesus; a Santa Mãe de Deus participa da glória do Filho. A nova Eva seguiu o novo Adão no sofrimento, na Paixão e deste modo também na alegria definitiva. Também somos convidados a viver o mesmo: se unidos a Jesus na vida presente, também estaremos na vida futura.

  Na primeira leitura ouvimos: “Ele abriu o templo de Deus que está no céu e apareceu no templo a arca da sua aliança” ( Ap 11,19). Qual é o significado da arca? No AT, é o símbolo da presença de Deus no meio do seu povo. Já no NT, nos diz mais ainda: não é apenas símbolo da presença de Deus, mas é uma pessoa viva e concreta, é a Virgem Maria. O Senhor não vive num objeto, mas habitou uma pessoa, um coração, uma alma: Maria. A Arca da Aliança antiga guardava as duas tábuas da Lei de Moisés, símbolos de sua Palavra de amor; Maria é a nova Arca da Aliança: não porta em si Tábuas de pedra – ainda que falem de Deus, mas a Própria Palavra divina, Jesus Cristo. 
  A passagem do Apocalipse nos indica também um outro aspecto importante; é o Papa Bento XVI quem nos explica: “Também hoje existe o dragão, de modos novos, diversos. Existe na forma das ideologias materialistas, que nos dizem: é absurdo pensar em Deus; é absurdo observar os mandamentos de Deus; é algo de um tempo passado. Somente é válido levar a vida em si mesma. Tomar neste breve momento da vida tudo aquilo que é possível. Só valem o consumo, o egoísmo e a diversão. Esta é a vida. Assim devemos viver. E de novo, parece absurdo, impossível, opor-se a esta mentalidade predominante, com toda a sua força midiática, propagandista. Hoje parece impossível que ainda se pense num Deus que criou o homem e que se fez Menino, e que seria o verdadeiro dominador do mundo. Também agora este dragão parece invencível, mas inclusive agora é verdade que Deus é mais forte que o dragão, que vence o amor, e não o egoísmo. Tendo assim considerado as diversas configurações históricas do dragão, agora vemos outra imagem: a mulher revestida de sol, tendo a lua aos seus pés, circundada por doze estrelas. Também esta imagem é multidimensional. Um primeiro significado, sem dúvida, é que é Nossa Senhora, Maria totalmente revestida de sol, ou seja, de Deus; Maria que vive totalmente em Deus, circundada e penetrada pela luz de Deus. Circundada pelas doze estrelas, isto é, pelas doze tribos de Israel, por todo o Povo de Deus, por toda a comunhão dos santos, tendo aos pés a lua, imagem da morte e da mortalidade. Maria deixou atrás de si a morte; está totalmente revestida de vida, tendo sido elevada em corpo e alma à glória de Deus, e assim, posta na glória, tendo ultrapassado a morte, diz-nos: ânimo, no fim vence o amor! A minha vida consistia em dizer: sou a serva de Deus, a minha vida era dom de mim mesma, por Deus e pelo próximo. E agora esta vida de serviço chega à verdadeira vida. Tende confiança, tende a coragem de viver assim também vós, contra todas as ameaças do dragão”.
  Queridos filhos. O Dragão não está longe de nós! Pelo contrário, como diz São Pedro: “O vosso adversário, o diabo, rodeia como um leão a rugir, procurando a quem devorar” (1Pd 5, 8). A Igreja, como a Mulher do Apocalipse, sempre se viu perseguida – uns tempos mais, outros tempos menos. Às vezes parece até que ela foi jogada ao deserto ou que está sozinha, mas o frágil Menino que nasceu da Mulher, Jesus Cristo que nasceu da Virgem Maria, é mais forte que o Dragão.
  Acabamos de ouvir o Evangelho de Lucas. Nele, Maria é uma mulher ativa, atenta, questionadora e em movimento: após receber a notícia do anjo de que seria Mãe do Salvador, não ficou presa à grandiosidade do chamado,  deixou sua casa em Nazaré, tomou a estrada para Aim Karem, subiu até uma montanha para chegar às pressas  à casa de Zacarias e Isabel. Parece-nos importante enfatizar a expressão “apressadamente”; com isso, Nossa Senhora nos ensina que o bem deve ser feito logo, sem morosidade. Maria nos ensina que as coisas de Deus merecem rapidez. Mais: com seu exemplo nos faz perguntar o que é realmente importante para nós, o que merece urgência em nossa vida... quantas vezes perdemos nosso tempo em coisas desnecessárias... Santo Ambrósio afirmava: “A graça do Espírito Santo não comporta lentidões”. Será que não estamos nos demorando em procurar a conversão?
  Maria entra na casa de sua prima, mas não entra sozinha; em qualquer ambiente que Nossa Senhora entra, entra também seu Filho, mas infelizmente nem todos os ambientes em que Jesus entra sua Mãe consegue entrar... Izabel consegue ver em Maria, a Mãe do Senhor, a Mãe de Deus, ela reconhece Maria como Arca da Aliança: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como posso merecer que Mãe do meu Senhor venha me visitar?”. E o mesmo Espírito Santo que agiu em Izabel, agiu no pequenino João Batista que nem havia nascido: “Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria em meu ventre”. Aqui o evangelista Lucas usa o termo  skirtan “, que quer dizer também “pulando”, o mesmo termo que encontramos em uma das traduções do grego antigo do AT para descrever a dança do Rei Davi diante da Arca da Aliança, quando voltou à sua terra natal em 2 Sam 6,16. João Batista, no ventre de Izabel, dança diante da Arca da Aliança, como Davi, reconhecendo Maria  como “teófora” – portadora de Deus!
  Nesta Solenidade da Assunção de Maria, nosso olhar se volta para aquela que venceu. Ela nos dá esperança, coragem, incentivo para buscarmos as coisas “do alto”; quando Nossa Mãe sobe à montanha, nos indica que é lá – nas alturas – nosso lugar de filhos de Deus! Elevados na alma e pela vida. O “Sursum corda” (Corações ao alto) de cada Santa Missa, deveria ser para nós um grande ensinamento: é para o Céu que devemos ir, é o Céu que devemos esperar, é ao Céu que devemos pertencer. Diante das baixezas da vida, diante das propostas que nos puxam para baixo, nos elevemos!
  Finalmente, meditemos sobre as próprias palavras de Maria, o “Magnificat”. Este grande louvor pronunciado por Nossa Senhora, aliás, pelo seu próprio coração, foi lindamente inspirado pelo Espírito Santo. Neste cântico maravilhoso reflete-se toda a alma, toda a personalidade de Maria. Ele inicia com as palavras “Magnificat anima mea Dominum” (“A minha alma engrandece o Senhor”) isto é, “proclama grande” o Senhor. Maria deseja que Deus seja grande em todo o lugar, seja grande na sua vida, esteja presente em todos nós. Ela sabe que, se Deus é grande, também nós o seremos. A nossa vida não é oprimida, achatada pela presença de Deus, mas elevada, transformada e alargada: Quem tem a Deus, tem tudo; se falta Deus, nem a opulência de uma vida inteira trará a felicidade autêntica.
  Maria também diz: “Todas as gerações me chamarão Bem Aventurada”. É “estranho”, para não dizer “pura maldade”, ler a Bíblia faltando esse pedaço... Como podem tantos protestantes dizerem que amam Jesus Cristo e seguem sua Palavra, se não aceitam a Virgem Maria e não a proclamam “Bem Aventurada”? É preciso conhecer Nossa Senhora com o coração! É preciso conhecer seu amor de Mãe: os homens mataram Jesus Cristo e nós também o flagelamos com nossos pecados, mas Nossa Senhora longe de nos amaldiçoar, longe de se revoltar contra nós, nos toma como filhos – é sempre Nossa Mãe.
  Ao contemplarmos hoje a glória de Maria, fixemos nossos olhos, como Ela, nas coisas “do alto” e que possamos um dia, depois de nossa peregrinação nesta Terra, chegar às Moradas eternas e cantar também como Maria: “A minh’alma engrandece o Senhor!”. Amém.

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