quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Semana Nacional da Família em nossa Paróquia - 2° Dia: "A moral conjugal"



Ao desenvolvermos o tema da moral conjugal, estamos tratando de questões fundamentais da família e de seu lugar no plano da Salvação que se realiza plenamente em Deus.

Todos sabemos que são muitos os desafios apresentados à família cristã hoje, quer no sentido humano, quer no social e, sobretudo, no espiritual. Cada vez mais o pecado humano, e com ele a arrogância e o egoísmo do ser humano e a ação do maligno, estão tentando apagar e destruir Deus do seio de nossas famílias. Mais do que nunca precisamos esclarecer e permitir que nossos católicos compreendam que sem Deus e seu Filho Jesus Cristo nada podemos fazer de bom e agradável. E que sem Deus o homem é um projeto de vida frustrado e vazio de sentido! Sem Deus não podemos ser verdadeiramente felizes e encontrar a paz.
  
Para tanto, é necessário percebermos que, em seu desígnio de amor e misericórdia, Deus espera que sejamos morais e pratiquemos a Sua Palavra. Nosso Senhor nos ensina que “nem todo aquele que me diz ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que pratica a vontade de meu Pai que está nos Céus” (Mt 7,21). E em outra passagem, falando da providência do Pai, afirma: “Buscai, em primeiro lugar, seu Reino e sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6, 33). Mas tal equilíbrio só será possível se compreendermos bem o que é a moral do Evangelho.
A Igreja nos diz que “a lei moral é obra da sabedoria divina. Pode-se definir a moral no sentido bíblico, como uma instrução paterna, uma pedagogia divina. Ela prescreve ao homem os caminhos, as regras de comportamento que levam à felicidade prometida; prescreve os caminhos do mal, que desviam de Deus e de seu amor. É ao mesmo tempo firme em seus preceitos e amoroso em suas promessas” (CIC, n. 1950).

Homem e mulher os criou...
Quando meditamos a Palavra de Deus uma verdade se impõe: O HOMEM MISTERIOSAMENTE ESTÁ AMEAÇADO E FOI FERIDO PELO PECADO; E APESAR DISTO ELE É CHAMADO À SALVAÇÃO, À AMIZADE COM DEUS. NUMA PALAVRA: À FELICIDADE. SOMENTE PURIFICADO E CONVERTIDO PELA GRAÇA DIVINA, O SER HUMANO É CAPAZ DE DEUS. A BÍBLIA DESCREVE TODO ESTE CAMINHO DO HOMEM PECADOR, REMIDO PELA GRAÇA E LIVRE PARA OPTAR POR DEUS OU PELO MAL. E ISTO JÁ ESTÁ PRESENTE NO LIVRO DO GÊNESIS, LOGO NO INÍCIO.

HOMEM E MULHER – FORAM CRIADOS POR DEUS.
Assim diz o livro do Gênesis: “Façamos o homem à nossa imagem, como nossa semelhança, e que eles dominem sobre os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos, todas as feras e todos os reptéis que rastejam sobre a terra. Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus ele o criou, homem e mulher ele os criou” (Gn 1,26s). Continua o texto dizendo que Deus os abençoou e lhes disse: “sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a” (Gn 1,28).
Em Gn 2,1-25 – vemos detalhadamente que Deus utiliza o barro como matéria-prima para formar o homem e com um sopro, o sopro da vida, torna-o um ser vivente (Adão). Mas Adão viu que não existia uma criatura que lhe completasse; e percebendo Deus que ele estava só; de sua costela formou Eva.
Estes textos nos apontam que Deus criou o homem e a mulher por amor. E os quis diferentes dos animais, dos vegetais e tudo o mais que existia.
Há entre o homem e a mulher uma mútua unidade e complementação. Tanto o homem como a mulher foram chamados à vida e são queridos pelo Criador. Deus quis que o homem e a mulher se unissem e se completassem no corpo, no sexo e na sexualidade responsável. Tal sexualidade deve estar aberta ao amor e procriação. Assim, homem e mulher devem se completar no corpo e na alma – tendo-se em vista uma unidade de vidas, de pensamentos e de sentimentos. O casal humano (homem e mulher) é chamado a crescer na santidade e no amor; bem como cooperar na obra da criação. 
è Homem e mulher ao se amarem expressam em suas vidas a comunhão de amor que existe em Deus. Ou seja, Deus é amor (1Jo 4,8) e este amor se dá de maneira comunitária. Deus é uma comunhão de amor; o Pai ama, gera e cuida eternamente do Filho no Espírito Santo.  
O Homem é masculino e a mulher é feminina. O homem é para a mulher e a mulher é para o homem. Tudo neles respira unidade e completude. Assim, fica agora mais fácil entender que o sacramento do matrimônio exige do casal um compromisso de unidade indissolúvel do vínculo matrimonial e de estarem abertos à fecundidade e aos filhos. E isto só é possível no amor e pelo amor de Deus. Pois Seu amor é modelo do amor oblativo. A vocação humana ao amor e à comunhão entre as pessoas é reflexo da comunhão pessoal que vive Deus em si mesmo. E o mais extraordinário disto tudo é que o fruto deste amor humano é a capacidade que Deus concedeu ao homem de dar uma origem a outra pessoa. É, no fundo, uma capacidade Co-criativa. 

Moralidade conjugal
          O ato conjugal (cópula matrimonial ou união sexual conjugal) é o ato próprio e específico da vida matrimonial, ou seja, por meio dele, vemos se realizar o caráter unitivo e procriativo do casal.
O ato conjugal = é o encontro e a relação conjugal entre o homem e a mulher dentro do matrimônio.
Todo ato que fere esta relação conjugal, esta unidade profunda de corpo, de vida e de amor – que se dá na e pela relação sexual, mas aí não se esgota – torna-se um pecado contra a moralidade do sacramento do matrimônio.
O sexo não tem em vista um único objetivo, isto é, saciar o prazer e o instinto sexual do casal! Mas o seu fim é sobrenatural. Os esposos, o homem e a mulher, são chamados a ser santos, o buscar o bem recíproco e se tornarem amigos de Deus.
è E para que haja realmente a relação sexual conjugal que seja expressão dessa mútua doação é necessário:

# A abertura à paternidade e à maternidade.

# O respeito à pessoa do outro. Não se pode considerar o outro como mero objeto de satisfação e prazer.
# O domínio dos próprios instintos.   
          Uma união sexual sadia e equilibrada aponta para uma união sempre mais afetiva e espiritual, onde o homem e a mulher se entregam mutuamente de modo total, exclusivo e definitivo diante de Deus e dos homens.

Pecados contra a moralidade conjugal:
          Destacaremos aqui três atitudes entre as mais relevantes:  
          Adultério (infidelidade conjugal): É uma ofensa grave à dignidade do casamento. Quando entre dois parceiros, um pelo menos é casado e tem relações sexuais ou mesmo uma – este comete o pecado do adultério. As conseqüências do adultério são: fere o vínculo matrimonial (isto é, os compromissos assumidos e sacramentados pelo matrimônio); lesa o direito do outro cônjuge e prejudica a instituição do casamento, pois foi violado o contrato matrimonial. É ainda, uma injustiça contra o outro cônjuge e compromete a geração humana e dos filhos (a união dos pais deixa de ser estável) Cf. CIC ns. 2380 e 2381.
          Jesus Cristo no Evangelho reafirma e restaura o projeto do Criador para o matrimônio e, assim, proclama a sua absoluta indissolubilidade: “Todo aquele que repudiar a sua mulher e desposar outra, comete adultério contra a primeira, e se essa repudiar seu marido e desposar outro comete adultério” (Mc 10,11s). Mas a fidelidade conjugal também diz respeito ao coração e aos pensamentos: “Todo aquele que olha para uma mulher com desejo libidinoso já cometeu adultério com ela em seu coração” (Mt 5,28). Também observa Nosso Senhor que é do coração do homem que procedem as fornicações, os adultérios e as impurezas que o contaminam (Cf. Mt 7,20-23). A pureza interior é condição fundamental para ver a Deus: “Felizes os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5,8).    
Masturbação: É um dos pecados contrários à castidade. “Por masturbação se deve entender a excitação voluntária dos órgãos genitais, a fim de conseguir um prazer venéreo (sexual)” (CIC, n. 2352). Neste sentido, ela supõe o pleno exercício da faculdade de gerar fora do ato conjugal. É o uso direto e indevido da faculdade sexual, objetiva e gravemente desordenado. Na masturbação “o prazer sexual é buscado fora da relação sexual exigida pela ordem moral, que realiza no contexto de um amor verdadeiro o sentido integral da doação mútua e da procriação humana” (Idem).         
          Outros desvios externos: Vídeos, revistas pornográficas, novelas, determinados programas de TV e da internet, amizade e a convivência com pessoas iniciadas ou que já fazem parte do mundo da prostituição, do homossexualismo ou do adultério – também são profundamente prejudiciais à nossa vida e nossa busca por uma vida reta e virtuosa. Evitar situações que nos exponham ao perigo, como bares, embriaguez, drogas e vícios que você sabe que tem e precisa fugir deles (ou seja, evitar situações e lugares de pecado onde somos violentamente tentados pelo maligno a ofender a Deus).  

Como combater estes e outros pecados?
          # Capacidade de amar e de perdoar (reconciliar-se sempre). Exercitar especialmente, o amor e o cuidado para com o outro.
            # Confissão frequente.
# Vida de oração, diálogo e comunhão entre os membros da família.
# Celebração da Eucaristia e a adoração.
# Ser solidário e ir ao encontro dos que sofrem, acolhendo os pobres e excluídos, mas, sobretudo, sermos famílias de esperança e de alegria, neste mundo desencontrado e sem Deus.  
Termino esta meditação com duas citações, que nos farão pensar:
“O amor é a vocação fundamental e originária do ser humano” (FC, n.11).
“E vós maridos, amai vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, a fim de purificá-la com o banho da água e santificá-la pela Palavra, para se apresentar a si mesmo à Igreja, gloriosa, sem mancha nem ruga, ou coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim, os maridos devem amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos... É grande este mistério: refiro-me à relação entre Cristo e sua Igreja. Em resumo cada um ame a sua mulher como a si mesmo e a mulher respeite o seu marido” (Ef 5, 24-28. 32s).  


Referências bibliográficas:

CIC – Catecismo da Igreja Católica. 9 ed. Petrópolis/São Paulo: Vozes, Loyola, Ave Maria, Paulinas e Paulus. 1999. 937 p.
SARMIENTO, Augusto. El matrimonio Cristiano. 3 ed. Plamplona: EUNSA. 2007. 487 p.
Bíblia de Jerusalém.   


Seminarista Francielo José Gasparoni

Um comentário:

  1. A minha casa é de Deus!A minha família é de Deus!É preciso que eu faça uma grande "Cruzada"para no poder do Senhor, na sua unção do Espírito Santo, retomar lugar santo que é a minha família. Quero reconquistar e devolver para Deus minha família. Entro nessa Cruzada, Senhor, investindo tudo. Invisto a minha vida, até o sangue, para reconquistar para ti o lugar santo que é a minha casa. Amém! (Monsenhor Jonas Abib)

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