1. Aconteceu a um irmão do
mosteiro do abade Elias sucumbir à tentação; posto porta afora, partiu em
direção à montanha para se encontrar com o abade Antão, e lá ficou um tempo,
até Antão o remeter ao monastério donde viera. Mas tão logo o viram os irmãos,
expulsaram-no novamente. Retornou o irmão até onde o abade Antão e lhe disse:
“Pai, não me quiseram receber”. Transmitiu-lhes este recado o ancião: “Certa
vez, naufragou um navio no mar e perdeu a carga. Às duras penas conseguiu
aportar, mas vós quereis submergir a nave que chegou sã e salva à margem.”
Quando souberam que outro não era senão o abade santo que lhes devolvia o
faltoso, receberam-no sem pestanejar. (Antão, 21).
2. Pecara um irmão, e por
isso ordenara-lhe o padre que saísse da igreja. Contudo, levantou-se o abade
Bessarião e saiu com o irmão dizendo: “Também devo eu sair, que sou pecador.”
(Bessarião);
3. Certo dia foi o abade
Isaque de Tebas a um cenóbio. Ao testemunhar a falta dum irmão, julgou-o. Ao
retornar ao deserto, apareceu-lhe um anjo do Senhor defronte a porta da cela e
lhe disse: “Não hei de deixar-te entrar!” Perguntou-lhe o ancião a razão
daquilo, no que lhe ripostou o anjo: “Enviou-me Deus a perguntar-te: Para onde
me ordenas tu mandar aquele irmão culpado que julgaste?” Num instante Isaque
fez uma metania e disse: "Eu pequei, perdoai-me !" E lhe disse o
anjo: "Ergue-te, Deus te perdoou, mas guarda-te doravante de nunca mais
julgar ninguém, sem que Deus o faça antes." (Isaque de Tebas).
4. Certo dia cometeu uma
falta um irmão da Cítia. Os anciãos em conselho mandaram se pedisse a presença
do abade Moisés, que se recusou a ir. O mensageiro encaregou a outro que lhe
dissesse: "Vem, que te esperam os irmãos." Ergueu-se o abade, pegou
dum saco furado, encheu-o de areia e pô-lo sobre os ombros, e com ele foi até
onde os irmãos. Saindo-lhe ao encontro, perguntaram os irmãos: "Que é
isto, Pai?", ao que lhes respondeu o ancião: "Meu pecados escorrem às
minhas costas, e não nos vejo eu; e tenho eu agora de julgar os pecados
alheios?" Ao escutarem aquela palavra conceituosa, já não tocaram mais no
assunto os irmãos e perdoaram o culpado. (Moisés, 2).
5. Perguntou o abade José ao
abade Pastor o seguinte: "Dize-me: como alguém se torna monge?"
Respondeu-lhe o ancião: "Se quiseres encontrar repouso neste e noutro
mundo, em todas as ocasiões levanta-te esta questão: ‘Quem sou eu?’ e não
julgues ninguém." (José de Panefo, 2).
6. Outro irmão interrogou o
abade Pastor lhe dizendo: "Se vejo a falta do meu irmão, faço bem em
escondê-la?" Respondeu-lhe o ancião: "Cada vez que escondemos o
pecado do irmão, esconde Deus o nosso; e cada vez que denunciamos as faltas dos
irmãos, denuncia Deus as nossas igualmente." (Poemão, 64)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por comentar nossos artigos, homilias ou fotos. Que seja para a glória de Deus! Não responderemos a anônimos sem registro neste blog.