domingo, 17 de julho de 2011

Homilia do 16° Domingo do Tempo Comum


  “Quando o que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir da imortalidade” (1 Co 15,54), então será a doçura perfeita, o júbilo perfeito, um louvor sem fim, um amor sem ameaças. [...] E aqui em baixo? Não experimentaremos nenhuma alegria? [...] Seguramente que encontraremos aqui em baixo a alegria; experimentaremos aqui, na esperança da vida futura, uma alegria da qual seremos plenamente saciados no céu.


  Mas é preciso que o trigo suporte muitas coisas no meio do joio. Os grãos são lançados à palha e o lírio cresce no meio dos espinhos. Com efeito, que foi dito à Igreja? “Tal como um lírio entre os cardos, assim é a minha amada entre as donzelas” (Ct 2,2). «Entre as donzelas», diz o texto, e não entre os estrangeiros. Ó Senhor, que consolações dás Tu? Que conforto? Ou melhor, que temor? Tu chamas espinhos às Tuas próprias donzelas? São espinhos, responde Ele, pela sua conduta, mas são donzelas pelos Meus sacramentos. [...]

  Mas onde deverá então o cristão refugiar-se para não gemer no meio de irmãos falsos? Para onde irá ele? Fugirá para o deserto? As ocasiões de queda para lá o seguirão. Distanciar-se-á, ele que progride bem, até não ter de suportar mais nenhum dos seus semelhantes? E se ninguém tivesse querido suportá-lo antes da sua conversão? Se, por conseguinte, sob o pretexto de que progride, não quer suportar ninguém, por isso mesmo é evidente que ainda não progrediu. Escutai bem estas palavras: “Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor. Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Ef 4, 2-3). Não há em ti nada que o outro tenha de suportar?


Dos Sermôes de Santo Agostinho

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