sábado, 14 de maio de 2011

Homilia do Quarto Domingo da Páscoa (Domingo do Bom Pastor)

  Ouvimos na primeira leitura, dos Atos dos Apóstolos, Pedro que como bom pastor, proclama as verdades salvíficas e suscita a conversão de mais de 3 mil pessoas. Atentos às palavras de unção de Pedro, numa atitude de humildade e de desejo de amar mais, perguntam: “Irmãos, o que devemos fazer?” Essa pergunta deverá também estar em nossa boca e em nossos corações: “Que devemos fazer para aderirmos àquele amor tão grande e tão belo com que Cristo amou sua Igreja, seu rebanho?” A resposta de Pedro e da Igreja é apenas uma: “Convertei-vos e cada um de vós seja batizado”.

  A conversão, segundo a liturgia de hoje, é voltar-se para o Pastor; ao escutar seu chamado, segui-Lo. O batismo será a entrada no redil, a entrada no campo do Pastor, isto é, na Igreja. Entrando nela, estaremos certos de que seguiremos o Pastor e faremos isto de acordo com o que Pedro nos disse na segunda leitura: “Se suportais com paciência aquilo que sofreis por ter feito o bem, isto vos torna agradáveis diante de Deus”, noutras palavras, seguir o Bom Pastor, mesmo dentro do seu redil, não será tarefa fácil; pertencer à Igreja não nos “blinda” para os problemas e tribulações. Devemos dizer que, não somente suportar sofrimentos por Deus nos torna admiráveis, mas mais ainda, tornamo-nos agradáveis ao Senhor quando ouvimos a sua voz, seu chamado e, não nos dispersando pelas veredas, lançamo-nos aos seus braços. Ao responderem ao Pastor, ou melhor, ao corresponderem ao amor d’Aquele que as ama, as ovelhas reconhecem que esse amor é verdadeiro, não interesseiro nem fugaz. Amam o Pastor, que é o Caminho, a Verdade e a Vida porque O reconhecem como tal.
  Vivemos, irmãos, num mundo onde várias coisas e pessoas se levantam para tomar o título de “pastor”: o dinheiro que escraviza, o sexo descompromissado e vulgar, a propaganda enganosa, políticos corruptos, magistrados que defendem leis contrárias às de Deus, terroristas que desejam estabelecer a paz por meio da guerra, enfim, tudo o que tem algum tipo de ligação com o mal, mas acha que os “fins justificam os meios”. Não, eles não podem ser pastores! Todos são ladrões, são assaltantes, são mercenários! Nada lhes importa quanto ao verdadeiro bem das ovelhas; interessam a eles sim, a lã e a carne de suas vítimas, isto é, o proveito particular.
  Jesus, vindo ao mundo, apresentou-se como o Pastor prometido por Deus, com todas as características de um bom Pastor: Ele conhece suas ovelhas, ama suas ovelhas, chama-as pelo nome, apascenta-as, defende-as, dá-lhes – não tira a vida. O Pastor procura a ovelha perdida e a traz de volta, em festa, para o redil; reúne as dispersas e dá cuidado especial às doentes e abatidas. Apesar deste cuidado, deste amor em atos, nós muitas vezes recusamos o papel de ovelhas. Achamos a ovelha uma figura bastante frágil, dependente, resignada, sem liberdade, oprimida. No entanto, sem nos apercebermos, podemos nos deixar guiar servilmente por modelos opressores, como os de bem estar ilimitados, ideais profissionais apenas com fins lucrativos, cartilha da moda e do consumo imoderados... tudo isso que parece ser liberdade e protagonismo é, na verdade, escravidão e torpor... Ser ovelha não nos diminui, não nos humilha; ser filho de Deus nos eleva e eleva tudo em nossa vida: nossa forma de amar, de trabalhar, de se relacionar, enfim, de viver.
  Jesus também se apresenta no Evangelho por outras imagens, Ele é Porta e Porteiro. “Porta”, porque por meio d’Ele entramos nas veredas de seu Pai e lá, Ele nos faz descansar. “Porteiro”, porque não é apenas nosso desejo e nossa força que nos encaminham ao redil, mas sim um poder acima de nós que nos atrai e que nos convida a entrar.
  “Eu sou a Porta”. A imagem da porta evoca um leque de possibilidades: pela porta entramos, por ela saímos; à porta somos convidados e da porta podemos ser dispensados... Em Cristo, o sentido da porta é elevado e fixado como sinal de vida: “Quem entra por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem”. Só no Senhor encontramos a verdadeira liberdade! Podemos entrar e podemos sair, porque somente n’Ele é que poderemos nos “mover” e “ser”. Nós, suas ovelhas, só encontraremos pastagem e não uma terra árida e seca se passarmos por Ele. No dizer de São Gregório Magno: “(...) todo aquele que O segue na simplicidade de coração é nutrido por pastagens sempre verdes. Quais são afinal as pastagens dessas ovelhas, senão as profundas alegrias de um paraíso sempre verdejante? Sim, o alimento dos eleitos é o rosto de Deus, sempre presente. Ao contemplá-Lo sem cessar, a alma sacia-se eternamente com o alimento da vida”.
  Hoje, “Domingo do Bom Pastor”, também é o “Dia Mundial de oração pelas Vocações”. Rezemos por todos os pastores da Igreja, pelo Papa, nossos Bispos, nossos padres, pela integridade de todos. Não nos esqueçamos: no redil, que é a Igreja, o lobo voraz não ataca somente as ovelhas, mas tenta ferir o pastor, para que seu rebanho se disperse. Rezemos pelos Seminários e outras Casas de Formação sacerdotal e religiosa, para que aqueles que foram chamados pelo Divino Pastor tenham perseverança na vocação e maior amor a Deus e à sua Igreja. Rezemos também pelos adolescentes e jovens de nossa Paróquia, para que não se percam pelos lobos vorazes, mas se voltem para o redil de Deus, escutem o voz do Pastor que os chama sempre e digam “sim” ao seu convite de amor. Amém!

2 comentários:

  1. Padrezinhooo!

    Feliz Domingo do Bom Pastor!
    Que Deus abençoe cada vez mais seu pastoreio!

    Abraços,

    Fofolete.

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  2. Aula de catequese....
    Muito legal!!!!

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