sábado, 14 de maio de 2011

O que podemos falar das Aparições?

  


  Sabemos que a Mãe de Deus é única, Maria de Nazaré, nascida sem pecado, filha de Sant’Ana e São Joaquim. Na nossa História, porém, o conhecimento da pessoa de Maria e de sua vida fez com que o povo cristão concedesse a ela vários títulos, ora ligados aos dogmas, ora a fatos de sua vida terrena, ora a traços de sua personalidade ou a santuários e, os mais destacados, ligados às aparições da Santíssima Virgem nos mais diversos lugares do mundo. Não importa a devoção ou o título, Maria será sempre a mesma e indicará sempre a figura de Seu Filho; a glória de Maria é a glória de Seu Filho!
  Hoje, dia de Nossa Senhora de Fátima, perguntamos: o que é uma aparição? Como saber se ela é autêntica? O que diz a Igreja sobre as aparições? Primeiramente, falemos do que vem a ser uma “aparição” e quais suas implicações na vida pastoral da Igreja.
  A aparição é a manifestação visível de uma pessoa ou de um ser espiritual, cuja visão naquele lugar, naquele momento e daquela forma é inusitada e sobrenatural, isto é, fora do ocasional e do natural. Para psiquiatras e racionalistas, a aparição é um tipo de “alucinação”, ou seja, uma visão de algo imaterial. No entanto, mesmo os especialistas em neurologia, psiquiatria e parapsicologia acreditam que o conhecimento humano e sensível não se dá apenas por aquilo que abarcamos ou tocamos, mas vai para além da nossa própria realidade visível. A notícia de uma aparição não deveria ser rechaçada, mas acompanhada de um modo paterno e criterioso, fugindo do mero proibitivo e restritivo e se posicionando com caridade e prudência; neste mundo tecnológico e entregue a práticas pagãs, a Igreja não pode se deixar influenciar pelo racionalismo cientificista que recolhe e reduz o sagrado e o divino ao tempo medieval, quando muito, às sacristias, como que a dizer: “isto não existe! É patológico! Invenção da Igreja para dominar!”
  Para saber se uma aparição é autêntica, a Igreja põe-se a fazer um sério estudo dos fatos, através de seus peritos, nas mais diversas áreas humanas. Estuda-se, sobretudo, o caráter doutrinal, se a aparição com suas revelações contradiz algum dado revelado ou se nelas existem elementos heréticos. Leva-se tempo para estudar tais detalhes e para colher dos videntes todos os relatos, ainda mais quando as supostas aparições, por exemplo, as de Medjugorje, duram longos anos – até aos dias de hoje! Outra coisa importante nesta etapa é acompanhar os videntes de perto e perceber se são fiéis, comprometidos com a conversão e plenamente em comunhão com a Igreja; haverá a necessidade de uma verdadeira pastoral quer junto ao lugar e aos videntes quer junto do povo que aí aflui, sem tais coisas corre-se o risco de perder-se o fato revelado, de abandonar os videntes ou dispersar o Povo de Deus.
  Poderíamos, ainda, acrescentar alguns critérios para a avaliação de uma aparição: as revelações particulares não têm o mesmo valor da revelação divina e, portanto, não podem acrescentar nada à fé doutrinal, antes apenas recordá-la, esclarecê-la ou fortalecê-la; não é propício de pronto proibir a ida dos fiéis nestes lugares, mas também a partir da experiência que este povo tenha do fenômeno, estudá-lo melhor; o fato das aparições de Maria serem mais frequentes podem nos dizer algo sobre a teologia: São Luís Maria Grignion de Montfort salientava que assim como Maria teve uma forte missão e decisão na primeira vinda de Cristo (primeira escatologia), também ela teria um chamamento especial no retorno de Cristo (parusia).
  A Igreja continua a estudar o fenômeno das aparições, sobretudo as marianas. O chamado “reconhecimento oficial” da Igreja vem apenas depois de longo período de observação. Até hoje muitíssimas aparições estão sendo acompanhadas e um número reduzido foi aceito como “veneráveis”. No decorrer dos séculos a Igreja sempre conviveu com a presença de tais visões e revelações, mas foi somente a partir do século XVI, com o Concílio Lateranense V, que medidas jurídicas foram apresentadas quanto às aparições. Hoje se pensa que a posição da Igreja frente às aparições não tem um caráter meramente “permissivo”, um “nada contra”, uma autorização para aceitá-las, mas realmente elas possuem um caráter positivo e pertencem ao campo da fé, não apenas para o vidente, mas para toda a Igreja, como diria K. Rahner. O que não pode ser posto de lado é que, mesmo sendo útil à vida do fiel e de toda a Igreja, a revelação privada não será dogmática nem infalível.

Um comentário:

  1. Olá Pe. Helcimar! Realmente a Igreja está certa em estudar todos os casos em que videntes afirmam ver Nossa Sra.. Maria é a mãe de todos nós e fico emocionada diante dos relatos, entre eles, os das aparições em Fátima . Peço que Ela rogue por nossa paróquia. A paz de Jesus!

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