O cardeal Marc Ouellet,
prefeito da Congregação para os Bispos, disse esta terça-feira em Roma que é
intolerável haver “abusos de crianças” dentro da Igreja Católica. “Nunca mais”,
exigiu o responsável da Cúria Romana, que presidiu a uma ‘vigília penitencial’
para pedir perdão às vítimas de abusos sexuais por membros do clero ou em
instituições eclesiais. A celebração juntou participantes no Simpósio
internacional Igreja que decorre em Roma, até quinta-feira (hoje), com
representantes de 110 conferências episcopais e 30 ordens religiosas.
A iniciativa, com o tema ‘Rumo à cura e à
renovação’, é organizada pela Universidade Pontifícia Gregoriana, de Roma,
contando com o apoio da Santa Sé, em particular da Congregação da Doutrina da
Fé (CDF), que em 2011 solicitou aos episcopados católicos de todo o mundo a
elaboração de diretivas próprias para tratar os casos de abusos sexuais, a
serem entregues até final de maio deste ano. “Esperamos sinceramente que o
compromisso da Igreja para erradicar este grande mal possa favorecer a
renovação, também nas outras comunidades e estruturas da sociedade”, declarou o
cardeal Ouellet.
O prefeito da Congregação para os Bispos
falou em “grande vergonha” e “enorme escândalo”, frisando que o gesto de
“purificação” que se promoveu, simbolicamente, na vigília de oração, deve
envolver “toda a Igreja”. “O abuso sexual é um crime que causa uma experiência
de morte aos inocentes”, alertou.
Na celebração penitencial, foi pedido perdão
em nome dos bispos, superiores religiosos, padres, educadores e todos os
católicos. Um representante das vítimas rezou para que o exemplo de Jesus sirva
para que cada qual encontre a força do “perdão”.
Os trabalhos do simpósio prosseguiram hoje
com uma intervenção do promotor de justiça da Congregação para a Doutrina da Fé
(CDF), organismo da Santa Sé, o qual afirmou que “a busca da verdade” nos casos
de abusos sexuais é “um dever moral e legal”, que implica a obrigatoriedade de
colaboração com as "autoridades estatais".
Monsenhor Charles Scicluna frisou que as leis
da Igreja Católica nesta matéria são “claras”, mas admitiu que isso pode não
bastar “para a paz e para a ordem da comunidade”. Desde 2010, por decisão do
Papa, é possível que o bispo de uma diocese ou o superior de uma congregação
religiosa possam “impor limitações ao ministério” de quem é acusado, nas
primeiras fases do procedimento. “O abuso sexual de menores não constitui só um
delito canônico”, acrescentou, mas “representa também um crime, punível pelo
direito civil”.
O religioso brasileiro Edenio Valle abordou o
tema ‘Religião, sociedade e cultura em diálogo’, afirmando a necessidade de
“situar a crise interna que aflige a Igreja no contexto maior do que se passa
hoje na sociedade e na cultura contemporâneas”. "No que toca ao (...)
abuso sexual de padres, a Igreja do Brasil está a dar os primeiros passos. Não
existem lugares de acolhimento, recuperação e cura para as vítimas", observou
ainda. O conferencista disse que "existe uma certa perplexidade por parte
dos bispos". "Não se tem idéia do que poderia e deveria ser
feito", lamentou.
Após o simpósio vai ser lançado um centro de ensino à distância destinado à
“proteção das crianças”, englobando várias instituições, que estará operacional
nos próximos três anos e terá sede em Munique, Alemanha.
Fonte: Agência Ecclesia
Fico feliz por tão grande iniciativa destes Cardeais. Se a nossa Igreja não der este grande grito. Quem ira gritar? Que Deus de a graça do perdão para todo estes padres.
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