domingo, 8 de janeiro de 2012

Homilia da Solenidade da Epifania do Senhor

  Hoje celebramos a Solenidade da Epifania do Senhor. A palavra "epifania" significa "manifestação". Manifestação de quem? De quê? Manifestação do Senhor e de sua luz! O Cristo, ainda pequenino em Belém, já é "luz para as nações". Luz que dissipa as trevas, luz que nos leva à verdade, luz que resplandece sobre nós.

  Nesta Solenidade, três figuras se destacam: os Santos Reis. Eles são, tradicionalmente, figura de todos os povos, de todas as nações, de todas as línguas que encontram, no Menino Deus, a resposta aos seus porquês. Os Magos, astrônomos e estudiosos, percebem que a verdade humana só terá sua raiz e cume em Deus. Eles não se deixam levar pela arrogância de uma ciência materialista, mas a partir de seus estudos chegam ao seu Senhor. Interessante a linguagem do Evangelho: eles estavam na escuridão, mas guiados por uma estrela cintilante, chegam ao que procuram. Também nós, poderemos estar imersos a grandes ou pequenas escuridões da alma e do ser, mas se seguimos o brilho de uma estrela, que pode ser um ideal, um sonho, um propósito, poderemos encontrar aquilo que parecia escondido e distante, longe e inacessível. Assim, no fundo, a estrela que tem uma missão pedagoga, é o próprio Senhor, que nos leva a Ele.
  Os Magos fizeram sua primeira parada na grande Jerusalém. Lugar do rei, da suntuosidade, dos palácios, do poderio humano. O Rei autêntico, porém, não estava lá. Em Jerusalém encontrava-se uma caricatura de rei, um homem sem escrúpulos, mentiroso e cheio de medo de perder seu poder e sua majestade. Infelizmente, muitos se assemelham a Herodes: para manter seu "status quo", sua vida de opulência e de vaidade fazem de tudo, até mesmo sufocar Deus em sua vida. Os Magos entenderam logo que o Rei anunciado por uma brilhante estrela, não poderia ser aquele homem envolto em trevas. A luz traz a luz, as trevas arrastam para as trevas!
  A humildade dos Magos é grande. Seus primeiros cálculos deram errado e os conduziram a um lugar errado, mas prontamente se levantaram e novamente tomaram o caminho. Ao verem a estrela sentiram uma grande alegria. E é essa a alegria dos santos: se os cálculos deram errado, se os esforços não foram capazes, se os planos não se concretizaram, isto não deve ser motivo para desistir, para desanimar. Depois do que não deu certo, restam duas soluções: ou lamentar-se e ficar imerso na tristeza, na dor e na decepção ou levanta-se e continuar o caminho com fé, perseverança e, sobretudo, esperança de que nosso Deus ilumina nosso caminho.
  Ao sacar seus presentes frente ao Menino e sua Mãe, os Santos Reis nos apresentam quem é o Senhor: ouro, para Aquele que é Rei; incenso, para Aquele que é Deus; mirra, para Aquele que é Homem. Naquele Menino pobre de Belém, que não morava em palácio nem numa cidade grande, os olhos daqueles homens puderam se fixar na beleza mais triunfal do que a de qualquer rei desta Terra. Reconhecer a Deus na simplicidade, na pobreza e no Amor, eis o que os Magos nos ensinam! E ensinam, também, a abrir nossos cofres para o Senhor, isto é, dar tudo aquilo que é precioso na nossa vida a Deus, nada guardar, nada ficar sem ser apresentado ao Senhor.
  Ao terminar o Evangelho, Mateus nos diz que os Magos voltaram por outro caminho. Este é um ensinamento fabuloso: quem encontrou a Cristo não pode mais viver da mesma forma, não pode continuar pelo mesmo caminho, mas deve trilhar outro! É necessário dar a volta, tomar outro rumo; se encontramos a Cristo, somos iluminados e não podemos mais nos dispersar nas trevas do erro, da mentira, do pecado.
  Que a celebração da Epifania do Senhor nos mova para a luz, nos leve para junto do Cristo e nos dê coragem e audácia para viver de modo novo o encontro que temos com Ele em cada Eucaristia. Que os Santos Reis, que buscaram e encontraram o Senhor, intercedam por nós!

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