terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Um "bandeirante moderno"

  Os bandeirantes nos séculos XVII e XVIII tiveram uma importância capital para o Brasil. Graças a eles, nosso país verdadeiro foi descoberto, graças à intrepidez e aos ideais (e também um pouco de cobiça) adentraram o interior do Brasil para o desbravarem. As dificuldades eram imensas: mata fechada, difícil acesso, sem estradas ou com meras picadas. Domingo para segunda, quando vim do Rio para Mariana para cursar uma especialização em História da Arte, me senti um autêntico “bandeirante moderno”. Foi uma saga chegar aqui! 
  Apesar dos séculos que nos separam daqueles bandeirantes, as dificuldades de locomoção são bem similares; sair do litoral para adentrar o interior do Brasil, é uma verdadeira aventura. A verdade é que o interior do nosso país não tem qualquer infraestrutura rodoviária. As estradas estão péssimas! Esburacadas, mal sinalizadas e mal patrulhadas. Os horários das saídas dos ônibus intermunicipais é uma piada (de mal gosto); um coletivo sai às 7h, outro às 9h30min, outro, porém – único do dia – às 11h...
  Não consegui passagem direto para Mariana (não existe!). Tentei para Ouro Preto (já havia acabado!). Comprei Rio-Conselheiro Lafaiete. Cheguei às 4h lá. O próximo ônibus para Ouro Preto era às 9h30min (e eu tinha que estar na aula às 8h, em Mariana!). Peguei outro ônibus para Ouro Branco, achando que teria lá mais possibilidades. Nada! O ônibus das 7h não saiu e o próximo, adivinhem? 9h30min! (não sei porque gostam tanto desta hora...). Tentei pegar um táxi, mas o mineirinho cheio de vontade de ganhar um bom dinheiro logo cedo, ainda mais porque o movimento tava fraco pelas chuvas, me cobra colossais R$130,00! Louco! Comecei a andar pelo terminal horroroso de Ouro Branco, fétido, sujo e abandonado... Coitada da população! Não tem ônibus e ainda tem que esperar num chiqueiro!
  Bem, enfim surgiram 2 pessoas que também iam pras bandas de Mariana e resolvemos rachar: 40 pra cada um, porque outro taxista cobrou R$120,00. Embarcamos com um senhor que a todo momento reclamava de algo. Vocês viram as enchentes e deslizamentos pela TV? Ficaram chocados com a destruição em Minas? É pior estar por aqui! A cada momento nos surpreendíamos com uma barreira caída. Várias. Cada uma pior do que a outra! Areia, barro, pedras, tudo tomava pelo menos uma pista. Trabalhadores do Município? Não, não vi. Trabalhadores do Estado? Também não vi. E federais da mãe Dilma? Não, não havia ninguém! Em algumas barreiras, se o motorista não estivesse atento, poderíamos atolar, pois não havia sinalização e quando havia, os cones estavam totalmente deslocados do lugar afetado e até atrapalhando a pista. Resumo do caminho: horrível. Parece que as reuniões dos senhores Ministros de mãe Dilma e a pretensa “volta às pressas do recesso” não deram nenhum resultado. Alguém acredita?
  Chegando em Mariana, o meu grande taxista (a quem mereceria uma bênção de mão esquerda), não me levou na Igreja onde aconteceria a Aula inaugural. Azar o meu, pois tive que subir para a parte mais elevada da cidade onde se encontrava a Igreja de São Pedro dos clérigos. Deus sabe de todas as coisas. Pensei chegar mais atrasado, pois já era (adivinhem, sem brincadeira!) 9h30min! Quando entrei na Igreja, já havia começado a sessão, mas a Aula inaugural começou exatamente quando entrei.
  O discurso foi sobre “O Aleijadinho em Congonhas” feito pela Professora Doutora Myriam Ribeiro de Oliveira, que está fazendo parte da Equipe responsável pela restauração dos Passos da Paixão de Congonhas. Terminada a Aula Magna, fomos para a Faculdade continuar as aulas que pararam ao meio dia. Entre resolver coisas de secretaria, pegar chuva e ir para o seminário, só deu tempo para desfazer a mala e tomar um banho. 13h30, subindo para a facul! Mais aulas até às 18h. Saí mais cedo para concelebrar Missa na Catedral às 18h30min em comemoração a um grande Bispo da Arquidiocese de Mariana em seu centenário, Dom Oscar de Oliveira. A Missa foi presidida pelo Arcebispo Dom Lyrio Rocha e concelebrada por alguns Bispos e vários sacerdotes daqui e eu no meio deles. Houve um Sermão aos moldes antigos por um Cônego sobre a vida do Bispo homenageado; foi muito interessante, cheio de aparatos retóricos, frases de efeito e frases em latim. Gostei muito, mas pena que eu já estava pra lá de Bagdá, cheio do sono dos justos... mas não dormi durante a Missa não, mas lutei muito contra minhas pálpebras pesadas.
  Após a Missa, já pelas (adivinhem?) 21h30min, fomos para o Seminário Maior, onde estou calorosamente hospedado. Tivemos um jantar festivo pelas comemorações de Dom Oscar. E esse foi meu primeiro (e tumultuado) dia em Mariana. Fui dormir quase meia-noite, acabado. Escrevi muito, não é? Amanhã não vou escrever tanto, foi só hoje para denunciar os maus cuidados com este povo e este lugar lindo que é Minas. Um abraço a todos!

Aula de História da arte medieval

Pavorosa rodoviária de Ouro Branco
Aula Magna na Igreja de São Pedro dos clérigos
Entrada balaustrada do Seminário São José
Outro momento das aulas de ontem

Slide da aula da tarde

aula da tarde


Capela do Seminário São José


Altar-Mor da Catedral Basílica de Mariana


Altar lateral da Catedral


O famoso órgão alemão da Catedral

Igreja de São Pedro dos clérigos, anexa está a Faculdade

Visão geral de Mariana da São Pedro

Um comentário:

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