Bento XVI visitou ontem a
maior cadeia de Roma, o complexo de Rebibbia, na periferia da capital italiana,
deixando críticas à “superlotação” destes estabelecimentos e pedindo que os
presos não se tornem “excluídos”.
“Sei que a superlotação e a degradação das
prisões podem tornar ainda mais amarga a detenção: chegam-me várias cartas de
presos que o sublinham. É importante que as instituições promovam uma análise
atenta às situações prisionais, hoje, que verifiquem as estruturas, os meios, o
pessoal, de modo que os detidos não cumpram nunca uma ‘dupla pena’”, disse, no
discurso pronunciado no local. Neste sentido, Bento XVI deixou votos de que o
sistema prisional seja “cada vez mais adequado às exigências da pessoa humana,
no respeito pela justiça”, com recurso a penas não impliquem detenção ou a
“modalidades diversas” de prisão.
O sistema de detenção, frisou, visa “tutelar
a sociedade de eventuais ameaças, por um lado, e por outro reintegrar quem
falhou, sem afetar a sua dignidade e excluí-lo da vida social”. O Papa e 300
presos reuniram-se na capela do estabelecimento, para um momento de diálogo em
que os detidos puderam colocar as suas perguntas. “Estou comovido com esta
amizade que sinto pela parte de todos vós”, declarou, respondendo ao primeiro
preso que apresentou uma questão.
Para Bento XVI, a visita é “um gesto público
que lembra aos cidadãos” as dificuldades que se vivem nas cadeias, manifestando
a sua “esperança” de que o Governo faça os possíveis para “melhorar a
situação”. Bento XVI tinha sido recebido pela ministra da Justiça italiana,
Paola Severino, pelo diretor e os capelães da prisão, encontrando-se ainda com
elementos da polícia e voluntários.
A poucos dias do Natal, o discurso Papal quis
sublinhar a importância, na tradição católica, de visitar e ajudar “quem tem
fome, um estrangeiro, um doente, um preso”, como se fosse “o próprio Cristo”. “Vim
para dizer-vos, simplesmente, que Deus vos ama com um amor infinito”, disse
Bento XVI aos detidos, lembrando que Jesus “fez a experiência da cadeia, foi
submetido a juízo num tribunal e sofreu a mais feroz condenação à pena
capital”.
O Papa concluiu a sua intervenção afirmando
que a Igreja “sustenta e encoraja qualquer esforço destinado a garantir a todos
uma vida digna”. O encontro terminou com a recitação de uma “oração atrás das
grades”, redigida e lida por um dos presos. Antes de deixar Rebibbia,
regressando ao Vaticano para a recitação da oração do Angelus, o Bento XVI
benzeu um cipreste, plantado diante da capela, como recordação pela sua visita,
a segunda a uma cadeia, depois de em 2007 ter passado pela prisão de menores de
Casal Del Marmo, também em Roma.
Fonte: Agência Ecclesia
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por comentar nossos artigos, homilias ou fotos. Que seja para a glória de Deus! Não responderemos a anônimos sem registro neste blog.