sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Mestre de Cerimônias do Santo Padre fala sobre o Advento


  O jornal italiano Avvenire entrevistou Mons. Guido Marini, mestre das Celebrações litúrgicas Pontifícias sobre o tempo litúrgico que agora iniciamos. Abaixo encontra-se uma tradução.

Monsenhor Marini, qual é o significado do Advento?
O Advento é o tempo da espera. Da espera que faz referência a uma vinda, que é a vinda do Senhor Jesus, o Filho de Deus, o único Salvador do mundo. O povo cristão, neste tempo forte do ano litúrgico, vive a própria fé renovando a feliz consciência de uma tríplice vinda do Senhor, como falaram os Padres da Igreja.

Isto é?
Uma primeira vinda, da qual fazemos memória, é aquela do Filho de Deus na história dos homens, no momento da Encarnação. Uma segunda vinda se realiza no hoje da vida, e é incessante. Esta se realiza de diversos modos, a começar pela Eucaristia, presença real do Senhor em meio aos seus, e também nos sacramentos, na palavra das Sagradas Escrituras, nos irmãos, especialmente os pequenos e necessitados. Uma terceira vinda, atenderá nossa esperança, é aquele que se realizará no fim dos tempos, quando o Senhor retornará na glória e tudo será recapitulado n’Ele.

O advento também possui uma dimensão mariana?
No tempo do advento o povo cristão é chamado a renovar a consciência que a sua vida é toda contida no mistério de Cristo, aquele que era, que é e que vem. Também por isto o Advento é um tempo marcadamente “Mariano”. A Santíssima Virgem é aquela que num modo único e irrepetível viveu a espera do Filho de Deus, é aquela que de modo singular é toda contida no mistério de Cristo.

De que modo os simples fiéis e as comunidades cristãs podem ajudar-se para viverem melhor este momento forte do tempo da Igreja?
Entrando neste tempo com uma atitude interior de quem se prepara para viver um período de conversão e de renovação, orientando decididamente a própria vida ao Senhor. A Igreja, com o ano litúrgico, nos oferece periodicamente a graça de viver momentos espirituais fortes, ocasiões propícias para retornar com ímpeto ao caminho até a santidade. No advento este ímpeto possui um sentido singular, que é aquele da alegria. A alegria ao pensar que o Senhor já se mostrou no seu rosto de amor misericordioso e inimaginável. A alegria ao pensar que o Senhor é nosso contemporâneo e está hoje próximo a nós, no presente da nossa existência, no cotidiano simples da nossas jornadas. A alegria ao pensar que o futuro não está escondido na obscuridade, mas resplandece na luz do Céu, de Deus em Cristo. Todo isto transforma a experiência de vida também em uma virtude de conversão pessoal e comunitária, realizada através de uma oração mais intensa e prolongada, do distanciamento de uma mentalidade secularizada e de uma caridade mais generosa e autenticamente cristã.

Quais são as características das celebrações neste período?
A liturgia, através dos ritos e das orações, conduz à uma participação ativa do mistério celebrado. Portanto, nas celebrações do tempo do Advento, deve-se transmitir o senso da espera típico do Advento. Deve-se fazer isto com suas próprias orações, com os cantos, com o silêncio, com as suas cores. E com as suas luzes. Em tudo deve fazer-se presente o mistério do Senhor que vem, Ele que é o Princípio e o Fim da história; em tudo deve-se perceber de algum modo tocável a alegria verdadeira e sóbria da fé; em tudo deve-se transparecer o empenho pela mudança do coração e da mente para uma pertença mais radical a Deus.

E quais as particularidades da liturgia pontifícia?
Embora estando em um contexto específico, devido à presença do Santo Padre, as liturgias papais não podem deixar de apresentar as características típicas deste tempo litúrgico. Com uma nota a mais: a exemplaridade. Porque não se pode esquecer que as celebrações presidida pelo Papa são chamadas a serem ponto de referência para toda a Igreja. É o Papa, o Sumo Pontífice, o grande litúrgo da Igreja, aquele que, também nas celebrações, exercita um verdadeiro e próprio magistério litúrgico ao qual todos devem convergir.

Fonte: Salvem a Liturgia!

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