Sentimos uma alegria filial quando pensamos que Maria foi
a fonte humana em que S. Lucas recolheu o acontecimento da Anunciação. Com grande sobriedade e uma clareza extraordinária, Nossa
Senhora identifica todos os dados para nos ajudar a compreender um pouco este
mistério: vivia em Nazaré; estava
desposada com um homem da família de Davi chamado José; declina o seu nome: Maria; é um Anjo, o Arcanjo
Gabriel – o mesmo que anunciara a Zacarias o nascimento de João Batista; Maria
estava em casa. São tudo dados importantes que o Senhor pôs ao nosso alcance.
Para Deus não há palavras supérfluas.
Finalmente, nota-se neste relato de Maria uma grande
simplicidade e humildade. Conta-o na terceira pessoa.
Imaculada
Conceição. Ao saudar
Maria, tratando-A,
não pelo nome habitual, mas como «a cheia de Graça», Aquela que nunca esteve
privada da graça e tinha recebido todas as graças de que era capaz, o Arcanjo
começa por tratá-l’A
por Imaculada, recordando-nos que todos os privilégios lhe foram concedidos em
razão de ter sido escolhida para Mãe de Deus.
Recorda também a
sua fidelidade perfeita aos desígnios de Deus, correspondendo a todos os momentos
de Graça que lhe eram proporcionados. É a fidelidade personificada à vontade do
Senhor.
Mãe de Deus, o
Prometido como Redentor. Tudo
quanto Jesus tem de humano, recebeu-O da
Sua Mãe. Nenhuma criatura mais interveio no mistério da Encarnação.
Conceberás e
darás à luz. Jesus
Cristo não passa por Maria, como a água da fonte límpida pelo canal. Só a mãe
pode conceber um filho, isto é, a partir de um pequenino ponto de luz,
desenvolver com a sua vitalidade um ser humano.
Assim lhe explica
o Arcanjo: O Espírito Santo
virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá da Sua sombra.
Mãe sempre
Virgem. Maria quis que a
sua conceição virginal fosse conhecida, sem que
ficasse qualquer sombra de dúvida.
Os homens de hoje
têm duas dificuldades principais para aceitar este mistério: porque um mistério
permanece sempre como tal, difícil ou impossível de compreender; e porque, com
os olhos impuros, só descobrem o valor da carne.
Maria abre um
caminho novo para a humanidade, senda de excepção, porque a maioria das pessoas
continuará, por desígnios de Deus, a seguir o caminho do matrimónio: a
virgindade por Amor do Reino dos Céus. Jesus seguirá pelo mesmo caminho.
A virgindade é um
caminho de enamorados, disponibilizados para uma entrega a Deus para toda a
vida.
É uma jóia com
duas pedras preciosas encastoadas: a renúncia ao prazer corporal, que na mulher
exige a integridade física, para sempre; e um coração inteiramente guardado
para o Senhor. Uma vez entregue a Deus, este coração torna-se fecundo em amor
para com o próximo: no claustro, orando e fazendo penitência pelas pessoas; no
convento ou no mundo, com uma vida inteiramente igual à dos seus irmãos e irmãs.
Os jovens
precisam de fazer novamente a descoberta da experiência de não ter experiências
no campo da sexualidade humana, antes do casamento.
A virgindade é a
resposta humana possível dada pelas pessoas humanas à entrega que Jesus Cristo
nos faz na Santíssima Eucaristia, Pão partido para um mundo novo. A um Deus que
Se entrega todo, incondicionalmente, a nós, responde a criatura com uma entrega
igual, à escala humana.
Fonte: Cliturgica.org
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