Meta do cristão não é uma
felicidade particular, mas o conjunto. Ele acredita em Cristo, crendo assim no
futuro do mundo e não só em seu futuro pessoal. Sabe que esse futuro é mais do
que ele mesmo pode realizar. Sabe que existe um sentido que ele não está em
condições de destruir. Mas, será isto motivo para cruzar os braços? Pelo
contrário – por saber que há sentido, pode e deve realizar, alegre e impávido,
a obra da história, mesmo com o sentimento, na miopia de quem só vê o seu
pequeno segmento de atividade, de estar realizando trabalho de Sísifo, em que,
geração após geração, a pedra volta a ser rolada morro acima, para tornar a
escorregar, fazendo vãos todos os esforços.
O crente sabe que está
"avançando" e não andando em círculo. O crente sabe que a história
não é um tapete de Penélope, sempre retecido, para sempre voltar a ser
desfeito. Talvez os cristãos também se sintam oprimidos pelos pesadelos do
temor e da inutilidade, de cujo seio o mundo pré-cristão criou tais imagens
impressionantes do medo frente à esterilidade do trabalho humano. Mas, em seu
pesadelo ressoa salvadora a voz da realidade: "Coragem! Eu venci o
mundo!" (Jo 16,33). O mundo novo, cuja descrição, na figura da
Jerusalém definitiva, é o epílogo da Bíblia, não é nenhuma utopia, mas certeza,
para cujo encontro marchamos pela fé. Há uma salvação do mundo – eis a
confiança que sustenta o cristão e que o faz considerar como valendo a pena,
também hoje, ser cristão.
Josef Ratzinger (Bento XVI), Introdução ao Cristianismo, 1967
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