quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Existe uma meta para a vida e a fé?


  Meta do cristão não é uma felicidade particular, mas o conjunto. Ele acredita em Cristo, crendo assim no futuro do mundo e não só em seu futuro pessoal. Sabe que esse futuro é mais do que ele mesmo pode realizar. Sabe que existe um sentido que ele não está em condições de destruir. Mas, será isto motivo para cruzar os braços? Pelo contrário – por saber que há sentido, pode e deve realizar, alegre e impávido, a obra da história, mesmo com o sentimento, na miopia de quem só vê o seu pequeno segmento de atividade, de estar realizando trabalho de Sísifo, em que, geração após geração, a pedra volta a ser rolada morro acima, para tornar a escorregar, fazendo vãos todos os esforços.
 
  O crente sabe que está "avançando" e não andando em círculo. O crente sabe que a história não é um tapete de Penélope, sempre retecido, para sempre voltar a ser desfeito. Talvez os cristãos também se sintam oprimidos pelos pesadelos do temor e da inutilidade, de cujo seio o mundo pré-cristão criou tais imagens impressionantes do medo frente à esterilidade do trabalho humano. Mas, em seu pesadelo ressoa salvadora a voz da realidade: "Coragem! Eu venci o mundo!" (Jo 16,33). O mundo novo, cuja descrição, na figura da Jerusalém definitiva, é o epílogo da Bíblia, não é nenhuma utopia, mas certeza, para cujo encontro marchamos pela fé. Há uma salvação do mundo – eis a confiança que sustenta o cristão e que o faz considerar como valendo a pena, também hoje, ser cristão.

Josef Ratzinger (Bento XVI), Introdução ao Cristianismo, 1967

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