Realizou-se na manhã desta
quinta-feira, na Sala Paulo VI, no Vaticano, o tradicional encontro quaresmal
de Bento XVI com os párocos romanos. O Pontífice fez uma lectio divina centralizada
no capítulo quarto da Carta de São Paulo aos Efésios. O Papa exortou os
sacerdotes a serem humildes e a não cederem às opiniões do mundo.
É o Bispo de Roma que encontra os
párocos de sua diocese. De fato, trata-se de um evento tradicional que se
realiza todos os anos no início do período quaresmal, que sempre sabe oferecer
aos sacerdotes uma ocasião de renovação na fé.
Bento XVI expressou toda a sua alegria
ao ver tantos párocos reunidos, definiu-os "um forte exército de
Deus" pronto para as batalhas do nosso tempo. Depois, seguindo o texto da
Carta paulina, deteve-se sobre o chamado ao sacerdócio: "O grande
sofrimento da Igreja de hoje na Europa e no Ocidente é a falta de vocações
sacerdotais, mas o Senhor chama sempre, falta a escuta." Eis porque –
acrescentou – "devemos estar atentos à voz do Senhor" e ser capazes
de aceitar esse chamado. Em seguida, o Papa ressaltou que ser fiéis ao chamado
do Senhor implica viver virtudes necessárias, em particular a humildade, a
mansidão e a magnanimidade.
O Santo Padre deteve-se, sobretudo,
sobre a humildade. Ser cristão significa superar a "tentação
original", a soberba que é "a raiz de todos os pecados" – disse.
Foram palavras acompanhadas de uma premente exortação: "Aceitar isso,
aprender isso e assim aprender, aceitar a minha posição na Igreja, o meu
pequeno serviço como grande aos olhos de Deus. E justamente essa humildade,
esse realismo nos torna livres."
O Pontífice reiterou que da falta de
humildade deriva também a divisão da Igreja. Se não somos humildes – advertiu –
somos também divididos: "A ausência da humildade destrói a unidade; a
humildade é uma virtude fundamental da unidade e somente assim cresce a unidade
do Corpo de Cristo: somente assim tornamo-nos realmente unidos e recebemos nós
a riqueza e a beleza da unidade."
Outro grande problema da Igreja atual –
prosseguiu – é a falta de conhecimento da fé, é "o analfabetismo
religioso": "…e com esse analfabetismo não podemos crescer, a unidade
não pode crescer. Por isso devemos nós mesmos apropriar-nos novamente desse
conteúdo como riqueza da unidade, e não como um pacote de dogmas e de
mandamentos, mas como uma realidade única que se revela na sua profundidade e
beleza."
Daí, a importância do Ano da Fé, disse
o Pontífice fazendo votos de uma renovação catequética a fim de que a fé
"seja conhecida", Cristo "seja conhecido". Em seguida,
Bento XVI criticou aqueles teólogos segundo os quais Deus não seria onipotente
porque existe o mal no mundo. "No final – observou – a força do mal
desaparece, somente Deus permanece", essa é a nossa esperança: "Que a
luz vence, o amor vence". O Papa reiterou que os cristãos não são
violentos e que não se pode relacionar a defesa da verdade ao recurso à
violência.
Na parte conclusiva da lectio divina, o
Pontífice observou que nestes últimos dez anos se recorreu à fórmula "fé
adulta", para dizer "emancipada" do Magistério da Igreja: "Mas
o resultado não é uma fé adulta, o resultado é a dependência das ondas do
mundo, das opiniões do mundo, da ditadura dos meios de comunicação, da opinião
que todos têm e querem. Não é verdadeira emancipação." O Santo Padre
observou que a verdadeira emancipação é, ao invés, justamente libertar-se dessa
"ditadura" das opiniões do mundo. Somente "na liberdade dos Filhos de Deus que creem juntos no Corpo de Cristo"
somos verdadeiramente livres e capazes de responder aos desafios do nosso tempo
– concluiu.
Durante o encontro Bento XVI entregou
aos párocos o texto intitulado "Escolhido por Deus para os homens",
publicado pelas Edições Paulinas com uma apresentação do Cardeal Vigário do
Papa para a Diocese de Roma Agostino Vallini. Trata-se – disse o purpurado – de
uma "regra de vida", fruto do Ano Sacerdotal. Um traço espiritual, um
guia ideal oferecido a todos os sacerdotes romanos "a fim de que cresçam
na alegria da vocação comum e na unidade do sacerdócio".
Fonte: Rádio Vaticano
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