A tradição litúrgica da
Igreja chama este Terceiro Domingo do Advento de Gaudete, isto é
“Alegrai-vos!” No Missal Romano, a antífona de entrada exclama: “Alegrai-vos
sempre no Senhor. De novo eu vos digo: alegrai-vos! O Senhor está perto!” (Fl
4,4.5). Como expressão dessa alegria, pode-se usar no lugar do roxo, o
cor-de-rosa, no tom conhecido como “rosa antigo”. É um roxo suavizado, que
exprime a exultação pela aproximação do Santo Natal. Alegrai-vos! Alegremo-nos!
O Senhor está perto! Está próximo o Natal; está próxima a Vinda do Senhor; está
próximo de nós o Salvador nosso nos diversos momentos de nossa existência! Ele
não é Deus de longe; é Deus de perto: seu nome será para sempre Emanuel,
Deus-conosco!
Alegrai-vos! Há quem se alegre no pecado, há
quem se alegre em futilidades, há quem, mesmo alegrando-se com coisas que valem
a pena, esquece que toda alegria é passageira. Quanto a vós, caríssimos,
alegrai-vos com tudo quanto é bom e louvável, mas colocai vossa maior e
definitiva alegria no Senhor! Somente nele o coração repousa plenamente,
somente nele encontra-se a paz que dura mesmo em meio à tribulação mais dura,
somente nele o anseio mais profundo de nossa alma. Alegrai-vos! Mas seja o Senhor
o fundamento da vossa alegria, a causa última da vossa exultação!
Mas, quem é esse Senhor em quem nos mandam
que nos alegremos? O Batista, neste hoje, nos adverte: “No meio de vós
está Aquele que vós não conheceis!” Quem é ele? Quem é este “Aquele”? João
Batista, como bom mensageiro faz questão de desaparecer: “Não sou o Messias,
não sou Elias (coitados dos espíritas!), não sou o Profeta anunciado por
Moisés! Sou apenas a voz que grita no deserto: ‘Aplainai o caminho do
Senhor!’” Insistimos: quem é esse que está no nosso meio e que é preciso
conhecer e reconhecer sempre de novo para ter a alegria verdadeira? Ele é o
Messias, Jesus de Nazaré, o Ungido de Deus, o Enviado para trazer a salvação, a
alegria e a paz para todos os pobres de todas as pobrezas do mundo. Ouçamo-lo,
deixemos que ele se nos apresente: “O Espírito do Senhor Deus está sobre
mim, porque o Senhor me ungiu; enviou-me para dar a Boa-nova aos humildes,
curar as feridas da alma, pregar a redenção aos cativos e a liberdade para os
que estão presos; para proclamar o tempo da graça do Senhor!” Eis,
caríssimos, o Messias que esperamos, o Salvador que Deus nos concedeu. Ele, que
veio em Belém, que virá no final dos tempos, ele mesmo vem a cada dia de nossa
atribulada existência! - Vem, Senhor Jesus! Vem, santo Messias! Teu povo
suspira por ti, tua Igreja sofrida e caminheira precisa de ti! Não nos
abandones, não nos deixes sozinhos! Vem, Ungido de Deus, prometido aos nossos
pais, anunciado pelos profetas, apontado pelo Batista, colocado sob a guarda do
carpinteiro José, concebido e dado à luz pela Virgem Mãe! Vem, e a Mãe Igreja
exclamará (e nosso coração exclamará com ela):“Exulto de alegria no
Senhor e minha alma regozija-se no meu Deus; ele me vestiu com vestes de
salvação; adornou-me como um noivo com sua coroa ou uma noiva com suas jóias!”
Caríssimos, eis a causa da nossa alegria.
Nós, os cristãos, temos direito de nos alegrar, mesmo diante das tristezas do
mundo; temos o dever de manter a esperança, mesmo quando as possibilidades
humanas fracassam; temos a oportunidade de continuar esperando ainda quando os
nossos cálculos mostrem-se errados. Porque nossa esperança e certeza não se
fundam em nós nem em nossas possibilidades, mas naquele que vem, naquele que o
Pai do céu nos envia, naquele que nunca conseguiremos conhecer totalmente, o
Santo Messias do Pai, Jesus, nosso Deus-Salvador!
Resta-nos, então, escutar com atenção o
conselho do Apóstolo: estar sempre alegre em Cristo; com os olhos fixos nele;
orar sem cessar, buscando realmente ser amigo íntimo do Senhor, dando graças em
todas as circunstâncias, sabendo que ele está próximo de nós, nunca longe de
nossas aflições e desafios. E mais: afastarmo-nos de toda maldade, procurando
viver segundo Cristo e não segundo o mundo, santificando no Senhor nosso corpo,
nossa alma e nosso espírito ou, em outras palavras, nossa dimensão física,
nossa vida inteligente e nossa sede de Deus, nossa saudade de Infinito.
Caríssimos, num mundo que nos despreza porque
somos cristãos, numa sociedade pagã, que nos ridiculariza e nos olha com
indiferença, tenhamos esta certeza: “Quem vos chamou é fiel; ele mesmo
realizará isso!” Ele nunca nos deixará!
Que a escuta da Palavra santa do Senhor e a
participação no mistério do seu Corpo e do seu Sangue nos preparem não somente
para as festas que se aproximam mas, sobretudo para o Dia da Vinda do nosso
grande Deus e Salvador Jesus Cristo! Amém.
Dom Henrique Soares da
Costa, Bispo Auxiliar de Aracaju
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