Em toda a história cristã
encontramos homens e mulheres que testemunharam o Senhor Jesus com a mente, o
coração e, muitos deles, com a própria vida. Alguns deles, nutridos pelas
verdades do Evangelho, com entusiasmo e coragem, chegaram a conquistar para
Cristo pessoas de todas as raças e culturas. São Francisco Xavier é um destes contagiados pelo Amor. Seu ardor missionário e o testemunho de vida conquistaram o mundo e motivaram tantos outros a seguirem o mesmo caminho.
A VOCAÇÃO
Francisco Xavier nasce em
Navarra, Espanha. Caçula de cinco irmãos, tem uma infância feliz até que o jogo
das alianças políticas envolve a família numa guerra. Perdendo a guerra, a
família de Xavier fica na ruína. O pai morre e os irmãos mais velhos fogem.
Ficará o jovem Francisco para administrar os negócios da família. Terminada a
guerra, o irmão mais velho, Miguel, volta a assumir a liderança da família.
Francisco fica livre, então,
para realizar seus sonhos: entra no Seminário de
Pamplona e, logo depois, viaja para Paris, a fim de se formar na melhor
universidade da época. Tem dezenove anos e aspira, como muitos jovens daquele
tempo, a fazer carreira na vida eclesiástica.
Xavier compartilha seu
quarto, no Colégio Sta. Bárbara, com o jovem Pedro Fabro e com um estudante
mais velho, atrasado nos estudos, mas muito avantajado na experiência de Deus: Inácio de Loyola. A palavra
e o exemplo de Inácio conquistam aos poucos o coração de Francisco para o
seguimento radical de Jesus. Em setembro de 1534, sob a direção de Inácio,
durante 30 dias faz os Exercícios Espirituais. Dois anos depois, viaja a pé,
com os demais companheiros de Inácio, de Paris a Veneza, atravessando regiões
em guerra e montanhas nevadas. No grupo, Xavier destaca-se pela alegria e bom
humor.
A MISSÃO
Na festa de São João, do ano
1537, Xavier e os seis companheiros são ordenados padres. Alguns meses depois
Xavier já se encontra em Bolonha, pregando em praça pública, cativando a
simpatia do povo e rejeitando o dinheiro que lhe oferecem.
O excesso de trabalho e as
penitências deixam-no amarelo e seco como um cadáver. Pensa-se até que
Francisco “nunca serviria para mais nada”. Impossibilitado de participar da
vida ativa dos outros companheiros, Francisco assume a função de secretário de
Inácio, em Roma. Um dia, Inácio chama seu
secretário e amigo e diz: - “Mestre Francisco, sabeis
que o Papa quer enviar dois de nós à Índia. Escolhemos Rodrigues e Bobadilla,
mas este, agora, ficou doente. Então, esta é a sua missão!” Xavier responde na hora: “Estou
pronto”. Arruma sua trouxa, vai ao
Vaticano, para receber a bênção do Papa, e despede-se dos companheiros. Nunca
mais os tornaria a ver nesta vida.
Após sua passagem por Portugal, Xavier chega
a Goa, uma bela cidade na costa ocidental da Índia. Seguindo seu costume, hospeda-se
em um hospital e se dedica ao cuidado dos doentes e a outras obras de caridade.
Junto com a ação caritativa, inicia a evangelização do povo, pregando em praça
pública. De Goa, Xavier viaja para a cidade de Cochin e para o cabo de Comorin,
no sul da Índia, onde passa um ano, evangelizando os paravas, pescadores de
pérolas.
SEMPRE MAIS ALÉM
De Cochin, Francisco Xavier
escreve aos companheiros de Roma, queixando-se da falta de operários para
trabalhar em tão grande messe e exaltando a alegria de servir. O efeito desta
carta, lida nas igrejas, universidades e cortes da Europa, foi extraordinário.
O ardor apostólico daquele missionário envergonha muitos cristãos acomodados e
suscita vocações. Xavier projeta passar do sul da Índia para a ilha de Ceilão.
Mas o projeto fracassa. O missionário, contudo, não perde tempo. Deixando um
catequista em cada povoado, continua em frente.
De Meliapur, na costa
oriental da Índia, navega até a Malásia. Depois de um mês de navegação, Xavier
desembarca em Malaca. De lá, viaja às distantes ilhas Molucas, na atual
Indonésia. Lá ouve falar de uma comunidade cristã abandonada, nas “Ilhas do
Moro”. Dizem-lhe que é terra muito perigosa, porém Francisco lembra da sentença
de Cristo: “Quem quiser salvar sua vida, vai perdê-la; mas quem perder sua vida
por amor de mim, vai encontrála de novo” (Mt 16,25), e parte ficando lá por
três meses.
O PRIMEIRO ANÚNCIO
Em Malaca, Francisco Xavier
encontra-se com três habitantes de uma terra há pouco descoberta, chamada
Japão. O incansável apóstolo pede a um dos japoneses que lhe faça um mapa de
sua terra e, no domingo de Ramos de 1549, partem. Xavier é o primeiro
missionário cristão a desembarcar no Japão. Mesmo sendo bem recebido,
compreende que as conversões são mais difíceis do que na Índia. Lá bastava
jogar as redes; no Japão, o missionário terá que pescar com vara. Em um ano, os
cristãos não passam de cem. Depois de dois anos no Japão, sem notícias da
Europa e da Índia, Xavier decide regressar. Deixa no Japão dois companheiros e
várias comunidades cristãs já formadas.
O SONHO
Uma carta dos prisioneiros
portugueses nos terríveis cárceres de Cantão, na China, motivou seu projeto de
entrar no impenetrável continente chinês. Se o cristianismo for aceito na
China, a Igreja crescerá mais facilmente também no Japão, pensava Xavier. Mas,
em Malaca, o capitão Álvaro de Ataíde, almirante dos mares do Oriente, opõe-se
à expedição à China. Mudado o plano inicial, o missionário não desiste. Um
contrabandista aceita levar Xavier clandestinamente, até o continente, mas
desaparece depois de receber o dinheiro.
O missionário cai doente. No
dia 21 de novembro, depois de celebrar sua última missa, Xavier fica
desacordado e morre na Ilha de Sancião no dia 3 de dezembro de 1552, com 46
anos, dez dos quais vividos no Oriente. A Igreja proclama oficialmente Xavier
como Santo, Padroeiro do Oriente e das missões, em 1622. A vida deste homem sem
fronteiras ensina-nos que vale a pena viver e morrer por Jesus Cristo e pelos
irmãos.
Fonte: Pime
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