“O que é a verdade?”, já
perguntava Pilatos (Jo 18,38). Existe a verdade? A sociedade contemporânea
tende a relativizá-la, principalmente quando se trata de explicar o mistério do
homem. As ciências naturais, em seu progresso constante, são cautelosas ao
propor suas teses: o que hoje parece ser a verdade em Física, em Astronomia, em
Biologia... amanhã poderá ser tido como erro. A Filosofia moderna é crítica e,
por vezes, cética no tocante à possibilidade de atingir a verdade. Todavia é
precisamente neste mundo que o cristão há de ter a coragem de afirmar que ele
conhece a Verdade, não por ser mais inteligente do que os seus semelhantes, mas
porque Deus lhe revelou o verdadeiro sentido do homem e da vida.
Que falta então ao mundo de hoje? – Pode-se
dizer que lhe falta o testemunho mais lúcido da verdade revelada por Deus e
confiada aos discípulos de Cristo. “Vós sois o sal da terra”, diz o Senhor. “Mas,
se o sal perder o seu sabor, com que o salgaremos?” (Mt 5,13). Os tempos
confusos, cheios de linhas cruzadas e contradições fantasiosas em que vivemos,
parecem estar interpelando o sal da terra e pedindo-lhe que não deixe
dissolver-se o seu sabor. É a graça de Deus que salva o mundo... graça desse
Deus que quer agir entre os homens mediante os homens numa continuada
encarnação.
Daí a pergunta: que fazes, cristão, do teu
Batismo? Que fazes da tua Eucaristia? Que fazes da Palavra da Verdade que te
foi entregue graciosamente para que amasses e irradiasses? Ama a Verdade e
realiza o teu martyrion (testemunho) até as últimas consequências,
ainda que isto te custe a própria vida. Dar a vida pela verdade é precioso e
indispensável serviço aos irmãos, é fonte de profunda alegria.
Dom Estêvão Bettencourt, OSB
Texto publicado na Revista Pergunte e Responderemos nº 449, Outubro/1999
Adorei o texto!
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