A rápida expansão do culto a
Nossa Senhora Aparecida é um fato extraordinário e pode ser considerado um
milagre, como são os outros, a saber: da grande pesca de peixes, das velas que
durante o culto se apagaram sem motivo algum e novamente se acenderam sozinhas
e o do escravo Zacarias que, capturado depois de uma fuga, passando pela Capela
pediu misericórdia a Nossa Senhora e imediatamente as correntes que o prendiam
caíram, deixando intacto o colar de ferro que pendia de seu pescoço.
Cerca de 20 anos depois do achado da Imagem a
devoção já se espalhara por toda a região, chegando inclusive a lugares bem
distantes dos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Depois de ser
venerada nas casas dos pescadores, que eram pequenas e não comportavam muita
gente, a "santinha" ganhou um oratório que foi construído junto da
estrada do Itaguaçu. Lugar estratégico, pois por ali passavam os tropeiros e as
caravanas. Sem dúvida, parando para descansar e rezar, muitos desses viajantes
ouviram as histórias dos milagres e a fama de Nossa Senhora da Conceição
Aparecida foi se espalhando rapidamente.
Logo depois da transferência da Imagem para o
oratório do Itaguaçu, a partir de 1732, já se pensava em construir uma igreja,
tal a afluência de devotos. Mas antes era necessário que o culto sob o novo
título de "Aparecida" fosse aprovado pela autoridade eclesiástica.
O Pe. José Alves Vilella, pároco de
Guaratinguetá desde 1725, procurou tomar todas as providências. No início de
1743, de posse de todos os documentos necessários, encaminhou a papelada para o
Bispo do Rio de Janeiro, Dom Frei João da Cruz. Não demorou muito e chegou a
provisão assinada pelo Bispo concedendo licença para construir uma igreja e
aprovando o culto a Nossa Senhora da Conceição sob o título de
"Aparecida". Assim, o culto foi assumido e aprovado pela Igreja de
modo oficial.
A escolha do local para a construção da
igreja não foi fácil. No Itaguaçu os terrenos não eram apropriados, pois
estavam sujeitos às inundações durante as cheias do Paraíba. Foi decidido que
seria no morro dos Coqueiros. A igreja foi construída pelos escravos. Dirigiu a
construção o fazendeiro Capitão Antonio Raposo Leme e ficou pronta em 1745. No
dia 26 de julho, festa de Santana, teve lugar a bênção solene e, em seguida,
pela primeira vez, a missa em o novo Santuário. Naquele dia dava-se início ao
culto litúrgico de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
Essa igreja foi aumentada entre 1760 e 1770,
quando recebeu nova fachada e duas torres. Foi novamente reformada em 1824 e
1831, com partes de pedra, mas conservando ainda a maior parte de taipa de
pilão. Em 1844 uma das torres não oferecia mais segurança e, constatado o
perigo, a administração resolveu demolir a torre e construir outra.
A atual igreja que está no alto do morro dos
Coqueiros é uma nova construção que substituiu completamente a anterior, que
era de taipa. O tempo de duração de sua construção foi muito demorado: 1844 a
1888. Houve muita politicagem, freqüentes substituições de responsáveis, várias
mudanças de planos e a obra só chegou à conclusão graças ao Frei Monte Carmelo
que, em 1878, assumiu a dura tarefa de terminar o empreendimento.
Essa nova igreja, que hoje chamamos de
Basílica Velha, revela contornos mais artísticos e sua construção refletia não
só a prosperidade do vale com a cultura do café, mas também e principalmente o
sensível aumento do fluxo de peregrinos.
Daí para a frente o culto e a devoção a
Nossa Senhora Aparecida vão percorrer uma série gradativa de promoções que
confirmam oficialmente o importante lugar de peregrinação, o reconhecimento
cada vez mais intenso por parte do povo e da hierarquia de que a Imagem e seu
aparecimento são realmente fatos extraordinários e sinais da misericórdia de
Deus que deseja beneficiar os devotos, para glória de Deus e da Virgem.
Basílica
e Santuário
A capelania ganhou o status de paróquia em
1893. Nessa ocasião, concomitantemente, o título de Santuário Episcopal foi
conferido à igreja de Aparecida, no dia 28 de novembro de 1893, pelo Bispo de
São Paulo, Dom Lino D. Rodrigues de Carvalho, o mesmo bispo que em 1894, lançou
a pedra fundamental do Seminário Bom Jesus, da Arquidiocese de Aparecida
O primeiro pároco nomeado foi Monsenhor Claro
Monteiro do Amaral, natural de Pindamonhangaba. No ano seguinte, com a chegada
dos missionários redentoristas alemães, este transferiu o cargo aos bávaros e
seguiu para São Paulo em busca de outros trabalhos. Sabe-se que morreu mártir
na região noroeste do Estado, para onde se dirigira no desejo de catequizar os
índios.
Em 1908 a igreja de Nossa Senhora Aparecida
pediu e recebeu o título e o privilégio de Basílica Menor. A dignidade foi
concedida a 29 de abril pelo Papa Pio X e a sagração foi executada por Dom
Duarte Leopoldo e Silva, bispo de São Paulo, a 5 de setembro de 1909. A igreja
nova também tem o título de Basílica Menor, desde o dia 4 de julho de 1980,
quando foi sagrada pelo Papa João Paulo II. Registre-se que em 12 de outubro de
1984 a CNBB havia decretado oficialmente que a Basílica de Aparecida era
Santuário Nacional.
Fonte:
Arquidiocese de Aparecida do Norte
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