Em nossos tempos novos desafios têm sido postos à família. Para entender estes desafios precisamos também compreender o conceito de família, mas precisamente o conceito de família cristã. “A família cristã é uma comunhão de pessoas, vestígio e imagem da comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo.” (CIC, 2205)
Desta forma, podemos notar a especificidade da família cristã, que se diferencia por seu ser e agir. Aqui, devemos entender o agir como a atualização do ser da família, mais precisamente a manifestação de Cristo no ceio familiar. A associação de ser e agir define a identidade da família. Assim, ao falarmos de família cristã, seu ser e agir e, consequentemente sua identidade, deve necessariamente configurar-se a Cristo.
Esta configuração a Cristo atualiza-se em múltiplos aspectos. No entanto, trabalharemos com três aspectos básicos da família em Cristo: Formadora de identidade (cristã), anunciadora do Evangelho e Celeiro de Vocação.
Diante dos aspectos de família cristã que destacamos colocam-se novos desafios à fidelidade, à educação dos filhos e à prática da religião, mas precisamente os desafios modernos à família colocam-se frente às mídias, a falta de religião e aos desvios morais.
Desafios frente às mídias
Vivemos no tempo da informação, porém informação não é sinônimo de formação. Mediante as novas mídias (internet, redes de relacionamentos, aplicativos para tablets, smarthphones, etc) torna-se necessário refletirmos à luz do Evangelho acerca de cada informação que nos é oferecida, para que possamos discernir com cautela aquilo que nos é apresentado sem que aceitemos a informação naturalmente, como verdade implícita, ou a creditemos como digna de nossa Fé.
Tais reflexões devem ocorrer no ceio da família, onde cônjuges conversem, questionem-se, busquem fontes seguras de posturas morais a serem tomadas e, posicionando-se transmitam a seus filhos e demais familiares a reflexão cristã sobre tais questões.
É de suma importância que os casais não permitam que as mídias tomem o lugar do diálogo, da ternura e da oração, pois no isolamento de um casal encontra-se a porta para infidelidade e para a separação, arruinando a vida de ambos e de toda família.
Muitos dos desafios ao afirmarmo-nos como cristãos e principalmente como família cristã, consolida-se através de informações maliciosas que são veiculas pela mídia, com a finalidade de ruir a fé e a moral cristã através da destruição das famílias. Isto ocorre de maneira quase imperceptível aos olhares e ouvidos desatentos, mas são sementes de discórdia e de imoralidades que culminam na ruptura do compromisso familiar.
Muitos de nós católicos, famílias cristãs, pais e mães, esposos e esposas, filhos e filhas temos simplesmente aceitado aquilo que nos é imposto no apelo de um abaixo assinado que vise legalizar isto ou aquilo ou em uma aparente campanha humanitária. No entanto é necessário reconhecer esta veiculação que é deflagrada cada vez mais em nossa sociedade tecnológica, minuto após minuto, em meio à ipodes, tablets, iphones que nos trazem a informação a qualquer tempo e lugar através de redes sociais e aplicativos.
Em um mundo tão globalizado, diante de tantos meios de comunicação é necessário que aprendamos a nos utilizar destes mesmos meios tecnológicos de comunicação para nos formamos, formamos nossas famílias e crescermos em Fé, e ainda é necessário que por estas tecnologias da informação, em família que somos, propaguemos nossa Fé e anunciemos o Evangelho.
Desafios frente à falta de religião
Encontramo-nos diante de um novo movimento do paganismo, mais precisamente o neo-paganismo. Diferentemente de outros momentos de nossa história estamos assistindo a paganização do próprio cristianismo, esferas cristãs que vem cedendo às tentações e inclinações pagãs. Isto ocorre diante e mediante as famílias. Lembremo-nos, que a família é a grande responsável pela formação da identidade cristã no mundo.
A falta de religião e consequentemente o paganismo é um grande desafio a ser superado pela família, tendo em vista que hoje ninguém educa ou forma de maneira isolada. Como vimos anteriormente, todos nós somos atingidos por informações e intervenções de múltiplos grupos de nossa sociedade globalizada. Sem sombra dúvidas o isolamento não é a solução. A Fé Cristã deve nos impulsionar a uma educação católica familiar em meio a todas estas intervenções. Esta educação necessariamente deve ocorrer no ceio da família, utilizando-se de todos os meios lícitos disponíveis.
A princípio pode parecer-nos uma luta desigual, entretanto, a formação cristã sólida que é concedida aos filhos, a partir de seus pais ou mesmo na busca de um único membro da família, que visa o aprofundamento de sua Fé e a difunda a partir dos elementos essências do Cristianismo, como a oração, a partilha, o diálogo, o respeito, o amor ao próximo, a leitura da Sagrada Escritura, a adoração ao Santíssimo Sacramento e a Missa Dominical, já trazem consigo a presença real e plena do próprio Deus. É claro que atualmente, somos chamados a acrescer a estas práticas a formação continuada da doutrina cristã. Com o estudo bíblico mais a profundado, dos documentos da Igreja e do seu Catecismo.
Sem esta postura continuaremos a multiplicar gerações egoístas, descomprometidas com o próximo, com a religião e com Deus. Alguns dos membros dessas gerações já estão em nosso meio e muitas vezes até se dirão cristãos, católicos, contudo, sem qualquer entrega a Deus ou comprometimento familiar.
Apesar de nos encontrarmos no tempo da satisfação, no qual todos só querem realizar aquilo que lhes trará prazer, se possível imediato, é preciso que nos soltemos das amarras deste novo hedonismo, cultura que visa somente à satisfação pessoal ou dos seus, que cultiva a preguiça, o apego, o ter e o querer, e caracteriza perfeitamente o paganismo. É de suma importância que nos esforcemos para realizar as práticas genuinamente cristãs e que vivamos verdadeiramente a Fé, a Esperança e a Caridade que nos fazem dar a Deus aquilo que justamente devemos a Ele enquanto suas criaturas. Pois é a religião, a nossa religião católica que nos dispõe a isto.
Desafios frente aos desvios morais
Como falamos anteriormente estamos no momento da (super)valorização do prazer. Isto significa dizer que a satisfação almejada ultrapassa em todas as dimensões os limites da vida humana saudável, física e espiritualmente, por conseguinte dilacera a moral cristã, consolidando-se a partir da ausência de regras e deveres políticos, sociais, religiosos e morais.
Este problema fere a família naquilo que lhe é mais profundo, a sua constituição. Em outras palavras fere diretamente a dignidade da pessoa humana, imagem e semelhança do próprio Deus.
Muitos dos jargões e campanhas comuns em nosso cotidiano revelam o incentivo às relações sexuais promiscuas e ocasionais, de maneira desenfreada, sem regras, lugar, tempo, pessoa ou sexo. Com este estímulo fica evidente a diluição do conceito de família pela nossa sociedade. Pois se passa a chamar de família todo tipo de relação sexual e afetiva independente do compromisso e principalmente da definição essencial e legitima de família, constituída a partir do vínculo matrimonial na união entre homem e mulher.
Encontramos outro problema grave: o estímulo à infidelidade conjugal. Este é transmitido de maneira maciça, como se fosse a coisa mais sadia e normal do mundo. E que devesse ser praticada por todos. Muitas de nossas famílias, bem intencionadas e estruturadas acabam por ceder a estas fomentações que ganham espaço em um coração inquieto, numa vida conjugal sem diálogo e oração. Lembremo-nos todos que a infidelidade conjugal desfigura a imagem de Cristo que a família deve revelar a sociedade e consiste em traição não somente ao cônjuge, mas também aos filhos e principalmente ao próprio Deus.
O incentivo a traição se assemelha ao apelo as práticas sexuais prematuras dos jovens e adolescentes. Que crescendo em famílias desfiguradas ou na convivência com as mesmas são cada vez mais impulsionados a ferir a dignidade da pessoa humana, numa entrega precoce de sua virgindade (fora do matrimônio) e em muitos casos com múltiplos parceiros, possuindo desta maneira uma vida sexual muito mais ativa do que a de adultos cristãos unidos pelo vínculo do matrimônio, tendo em vista o choque hormonal que acontece nesta fase da vida. Toda esta entrega não passa em branco e possui consequências gravíssimas tanto no campo físico, como emocional e espiritual. A disseminação de doenças sexualmente transmissíveis e alguns tipos de câncer são algumas das consequências físicas deste descompromisso, e em alguns casos pode gerar infertilidade. No campo emocional podemos falar deste vazio humano tão característico de nossa sociedade repleta de depressões. No entanto, é no campo espiritual que encontramos o maior dano, jovens afastados de Deus, sem perspectivas ou sonhos, feridos moralmente e avessos a Esperança.
A família cristã para superar este desafio deve forma-se com a finalidade de disponibilizar uma educação sexual católica de qualidade para todos os seus membros. Esta educação deve ser alicerçada na moral cristã que defende a castidade em todos os estados de vida (vocação), para tanto é necessário que homens e mulheres conheçam seus corpos e o papel definitivo que os hormônios têm sobre eles, com o estudo adequado da moral sexual e a condução espiritual este obstáculo pode ser vencido. Devemos destacar que é importantíssimo o papel da Pastoral Familiar neste contexto, com seus cursos de formação humana e espiritual como o curso de Paternidade Responsável.
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