A Santa Sé está travando uma dura “queda de braço” com o Governo da Croácia por causa do Mosteiro beneditino de Istria, que está naquele território, mas que pertence ao Mosteiro de Praglia, na Itália. A Santa Sé qualificou como instrumentalização “demagógica” do conflito que opõe a Ordem Beneditina à diocese croata de Parenzo-Pola, o qual motivou uma intervenção do Papa.
A causa do estranhamento das partes é uma indenização que a Igreja da Croácia foi obrigada a pagar à Abadia italiana, pela posse dos bens do mosteiro de Dajla, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, quando os religiosos italianos tiveram que abandonar o mosteiro por da perseguição das autoridades iugoslavas.
O comunicado oficial do Vaticano “lamenta” que esta questão “seja instrumentalizada” de forma “política e demagógica, como se houvesse intenção de prejudicar a Croácia”, frisando que esta é uma questão “de natureza estritamente eclesiástica”, mas que tem sido assumida pelo governo croata como questão política. A própria Primeira-Ministra da Croácia, Jadranka Kosor, manifestou intenção de escrever a Bento XVI para defender a diocese e evitar que a mesma tenha de proceder ao pagamento da indenização. Segundo a Diocese e o governo croata, o Mosteiro italiano já recebeu o que deveria através das instituições italianas.
A Problemática chegou às mãos do Papa, que criou uma comissão cardinalícia, em 2008, e após dois anos entregaram suas conclusões, que viriam a ser “aprovadas” por Bento XVI. A Santa Sé diz ter existido uma “escrupulosa busca de consenso entre as duas partes” e fala em “algumas ações unilaterais da autoridade eclesiástica de Parenzo-Pola”. Inclusive, o Bispo teria aceitado a decisão e logo depois voltado atrás, o que o fez receber uma suspensão de suas funções diante da Diocese até que o tratado fosse assinado entre um Comissário papal e a Santa Sé.
A decisão final irritou o governo da Croácia e pôs fogo às situações delicadas em que já vivem os católicos naquela região. Infelizmente, o lado católico não ajudou muito, visto que o Bispo, Sua Excelência Dom Ivan Milovan, rendeu-se à estrutura governamental.
O que mais nos causa surpresa é o provável destino daquele lugar de oração: o terreno foi vendido, ainda no meio do processo canônico, para uma instituição que deseja construir no lugar um resort de luxo para a prática de golfe. A Santa Sé, não sendo consultada, vetou tal transação.
Ontem o governo da Croácia reagiu e não aceitou a decisão da Santa Sé, declarando nula a restituição do mosteiro istriano. Segundo o Porta-voz do Vaticano, Pe. Federico Lombardi, será necessário um aprofundamento para modificar a decisão do governo croata; cada uma das Instâncias deverá verificar os procedimentos civis e canônicos.
Vamos rezar e esperar um bom fechamento das questões. Que a unidade da Igreja não seja ferida ainda mais, nem que a Casa de Deus seja transformada num lugar de lazer.
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