1 – Que a Santa Mãe do Divino Salvador tenha
recebido de Deus prerrogativas que Lhe são exclusivas, é verdade que se deduz
de várias passagens da Bíblia. Para o provar, vamos examinar os vários textos
sagrados, que a Ela se referem.
Note-se desde já que a Bíblia abre-se e se fecha
(Gn 3,15 – Ap 12,1) sob o signo da Mulher vitoriosa e bendita, sempre em luta
com o dragão.
2 – Eis alguns textos áureos da Bíblia Sagrada:
a) “Porei
inimizade entre ti e a Mulher, e entre a tua descendência e a d’Ela. Ela te
esmagará a cabeça, e tu tentarás ferir o seu calcanhar”. (Gn 3,15)
Comentário: o texto acima é a 1ª profecia da vinda do Salvador feita por Deus logo após a queda de nossos primeiros pais. Nele, ao grupo dos vencidos (Adão e Eva) Deus contrapõe o grupo dos vencedores (Jesus e sua Mãe). – A “descendência da mulher” (no original: sêmen, prole), é, num 1º plano, Jesus Cristo; e, num 2º plano, são todos os remidos que correspondem à graça da Redenção. – O termo “Ela”, como sujeito de “esmagará”, se refere diretamente à “prole”, a Jesus. Mas, será através da natureza humana de Cristo, recebida de Maria, que o poder de Satã será quebrado por Cristo unido à sua Mãe. Logo, também Ela, a “Mulher invicta” desta profecia, com o seu Filho, quebrará a cabeça de Satã. – O termo “inimizade” indica a incompatibilidade absoluta entre Cristo e sua Mãe de um lado, e Satã e os seus aliados, do outro; indica ainda a vitória completa de ambos sobre o Maligno.
Comentário: o texto acima é a 1ª profecia da vinda do Salvador feita por Deus logo após a queda de nossos primeiros pais. Nele, ao grupo dos vencidos (Adão e Eva) Deus contrapõe o grupo dos vencedores (Jesus e sua Mãe). – A “descendência da mulher” (no original: sêmen, prole), é, num 1º plano, Jesus Cristo; e, num 2º plano, são todos os remidos que correspondem à graça da Redenção. – O termo “Ela”, como sujeito de “esmagará”, se refere diretamente à “prole”, a Jesus. Mas, será através da natureza humana de Cristo, recebida de Maria, que o poder de Satã será quebrado por Cristo unido à sua Mãe. Logo, também Ela, a “Mulher invicta” desta profecia, com o seu Filho, quebrará a cabeça de Satã. – O termo “inimizade” indica a incompatibilidade absoluta entre Cristo e sua Mãe de um lado, e Satã e os seus aliados, do outro; indica ainda a vitória completa de ambos sobre o Maligno.
b) Dois textos de Isaías:“Eis que a Virgem
conceberá e dará à luz um Filho, o Emanuel (Deus conosco)”. (Is 7,14)
“Nasceu-nos um menino …Ele será Deus forte …”. (Is 9,5)
c) Outros textos de S. Lucas: “Ave, ó cheia de
graça…” (Lc 1,28); “…darás à luz um Filho, e Lhe porás o nome de Jesus; (…) Ele
será Filho do Altíssimo” (Lc 1,32); e “Filho de Deus” (Lc 1,35); “Bendita és tu
entre as mulheres; ( …) donde me vem a dita de vir a mim a Mãe de meu Senhor?”.
(Lc 1,42-43) -Esses textos sagrados destacam as várias grandezas singulares de
Nossa Senhora:
3 – A Maternidade Divina: É evidente: – 1º ) no
texto “a”, a descendência da Mulher (sêmen, prole) é, no 1º plano, Jesus
Cristo. E então a “mulher singular” da profecia é a sua verdadeira Mãe. E como
Cristo é Deus, Ela pode e deve chamar-se Mãe de Deus.
2º) Confirma-se isso com os textos da letra “b” (Is
7,14), pois “a Virgem” é predita aí como a verdadeira Mãe do Emanuel (Deus conosco),
portanto, Mãe de Deus.
3º) O mesmo afirmam os textos da letra “c” (Lc
1,31-32;1,42-43), pois aí se declara que Maria Santíssima é a verdadeira Mãe
“do Filho do Altíssimo”, “do Filho de Deus” e a “Mãe de meu Senhor”.
- Argumento de razão – Podemos e devemos chamar a
Virgem Maria “Mãe de Deus” porque o objeto-termo de toda maternidade é a
pessoa. Não se diz que a mãe é mãe da natureza do filho, mas da sua pessoa. E a
Pessoa, em Cristo, é a 2ª da Santíssima Trindade, o Filho de Deus. Na Virgem
Maria se realiza, pois, este mistério: ser Ela, ao mesmo tempo, “Mãe de Deus e
de Deus filha”. Ela participa do mistério do seu Filho que é “Deus e Homem ao
mesmo tempo”.
- Maternidade espiritual – também. De fato, como no
2º plano, aquela “Mulher” é Mãe da “prole” também no sentido de “descendência”,
Maria Santíssima é Mãe espiritual dos remidos. O que o próprio Jesus na Cruz
confirmou, na pessoa de São João, ao dizer à sua Mãe: “Mulher, eis aí o teu
filho”. São João, então, representava a todos os remidos.
- Medianeira – também. Realmente, como Deus deu às
mães, como ofício próprio da maternidade, prover o alimento dos filhos, assim
Cristo, ao dar à sua Santa Mãe o ofício da maternidade espiritual, deu-Lhe
também todas as graças necessárias para a salvação de seus filhos espirituais.
Senão esse título seria meramente nominal. Ela é, pois, Medianeira de todas as
graças de Cristo para nós.
4 – A Imaculada Conceição – Essa prerrogativa é
conseqüência da primeira. Destinada a ser Mãe verdadeira e virginal de
Cristo-Deus, não podia Ela ter contato com o pecado. Ademais, se a alguém fosse
dado poder escolher a própria mãe, não escolheria a mais virtuosa, a mais pura,
a mais santa? E Jesus não só pôde escolher a Sua Mãe, mas criá-lA, pois é Deus.
Ele A fez, pois, imaculada, isenta de toda a culpa original. É a razão de
conveniência. Mas, essa verdade está contida no próprio texto da Bíblia (Gn
3,15), pois aí se prediz para o futuro Salvador e para a sua Mãe, uma inimizade
total com Satã, que implica derrota total deste. Isso é incompatível com a
condição de quem tivesse estado, por um momento sequer, sob o pecado e, pois,
sob o poder do Maligno. É claro que isso pressupõe a concepção imaculada, não
só de Cristo-Homem, mas também de sua Santa Mãe.
5 – O ofício de Corredentora – Também está contida
no texto de Gên. 3,15 a verdade de que aquela Mulher invicta, posta por Deus em
total inimizade com o Demônio, ia participar de todos os sofrimentos e lutas do
futuro Redentor. De fato, a Virgem Maria participou da Paixão de Jesus no grau
máximo, sofrendo em união com Ele as dores mais atrozes, oferecendo-O a Deus
Pai como Vítima por nós. Ela sacrificou-Lhe também o direito natural de Mãe
sobre o próprio Filho. Todos esses sacrifícios já estavam incluídos na
aceitação da maternidade divina. Ela cooperou voluntariamente para nossa
Redenção.
6 – A Assunção corpórea ao céu – A vitória de
Cristo sobre Satã, o pecado e a morte foi realizada na Paixão e Morte na Cruz,
mas se tornou completa e patente com a sua Ressurreição e Ascensão ao Céu. Ora,
o texto do Gênesis associa inseparavelmente o Messias e a sua Mãe na mesma luta
e na mesma Vitória final e completa. Ora, a vitória de Maria Santíssima não
seria completa se o seu corpo imaculado e virginal tivesse ficado sujeito à
corrupção do sepulcro. Jesus Cristo não o permitiu, mas A elevou ao Céu em
corpo e alma, no fim de sua vida. Assim cumpriu-se plenamente aquela magnífica
profecia.
RESPONDENDO OBJEÇÕES
7 – Os protestantes não cessam de injuriar a Jesus,
rebaixando a sua Santa Mãe à condição de uma mulher comum, pela interpretação
errônea que dão a alguns textos. Vejamos na Bíblia como isso é falso:
- No encontro de Jesus no Templo, Ele não argüiu a
Sua Mãe de não saber que Ele “devia cuidar dos interesses de seu Pai”. (Lc
2,49) Não era esse o sentido das suas palavras no contexto. Era antes o
seguinte: “Não sabeis que devo estar no que é de meu Pai?” (sentido literal)
Assim, era normal que sua Mãe entendesse a resposta no sentido de “ficar
morando no Templo”, a exemplo de Samuel.
Por isso, em Lc 2,50 lemos: “Eles não entenderam o
que Jesus lhes dissera”.
8 – Em Caná, a Mãe de Jesus Lhe informou ter
acabado o vinho para os convidados. Jesus respondeu usando a expressão semítica
(da língua hebraica): “Mulher, que há entre mim e ti?” E acrescentou: “A minha
hora ainda não chegou”. (Jo 2,4) A expressão usada por Jesus tem um sentido
próprio daquela língua. De fato, verificou-se que ela foi usada, pelo menos
seis (6) vezes na Bíblia do Antigo Testamento, nas quais se supõe resposta
negativa: “não há nada” ; uma ou outra vez, indica que “não há nada” porque há
oposição; as outras indicam que as partes estão de acordo. (Cf. 2 Rs 3,13; 2 Sm
16,10; 19,22; Jz 11,12; 1 Rs 17,18; 2 Cr 35,21).
Note-se que essas citações conferem com a tradução
literal da frase latina: “Quid mihi et tibi est?” = “Que há entre mim e ti?”,
sem as acomodações ao nosso modo de falar, como por exemplo, “Que nos importa
isso a mim e a ti?”, ou “Que queres de mim?”, como hoje se costuma fazer. Em
Caná é claro o sentido de pleno acordo quanto ao fato da providência solicitada
(o milagre), com pequena restrição quanto à sua oportunidade. Daí Jesus dizer: “a
minha hora ainda não chegou”. Mas antecipou essa hora, e fez o milagre,
atendendo a intenção caritativa de sua Santa Mãe.
9 – Quanto ao apelativo “Mulher”, dizem os peritos
da língua que Jesus falava, o aramaico, que tem um sentido respeitoso
equivalente a “Senhora”. E que dizer do acento de respeito desta palavra na
boca de Jesus ao dirigir-se à sua Santa Mãe! Sobretudo no contexto de Caná e da
Cruz. Jesus, o melhor dos Filhos, deve ter-Se dirigido à sua santa Mãe com
acentuado carinho e respeito filiais. Nesse contexto, tal apelativo lembra
ainda a “Mulher” da profecia do Gênesis 3,15. Então, Jesus Se projeta ao lado
de sua Mãe como dando cumprimento àquela profecia.
10 – Por fim, Jesus pregava numa casa cheia de
gente. Avisam-Lhe que lá fora estão sua Mãe e os seus (chamados) irmãos
(primos-Ver “F. C. nº 12), Jesus responde: “Minha Mãe e meus irmãos são aqueles
que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 8,21). É claro que Jesus
não está negando à sua Santa Mãe a honra de ser a primeiríssima entre os
ouvintes e praticantes da Palavra de Deus, antes o supõe, e é seu principal
título de glória. O mesmo se diga de Lc 11,27-28.
Dom
Licinio Rangel
Folhetos
Católicos, n.º 11
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