sábado, 23 de julho de 2011

Homilia do 17° Domingo do Tempo Comum


  No Evangelho deste Domingo Jesus continua a nos contar as Parábolas do Reino dos Céus. Desta vez acrescenta mais quatro: a do tesouro escondido, a da pérola preciosa,a parábola da rede lançada ao mar e a do pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas. As duas primeiras são bem semelhantes: para se obter um bem mais precioso, deve-se ter a coragem e a audácia de se perder tudo o mais. A terceira já se caracteriza pelo tom escatológico, isto é, com o modo de agir de Deus no fim dos tempos, onde bons e maus serão separados e terão destinações diversas. E a quarta que fala da grandiosidade do Reino dos Céus, onde coisas novas e antigas têm o seu lugar. Gostaria de comentar com vocês as duas primeiras parábolas.

  Olhando a primeira história, como não perceber aí a chamada de Jesus para aquilo que nos é essencial? O tesouro escondido é a maravilha da nossa vocação, é a missão que o Senhor nos confiou, é o caminho que Deus nos chama a percorrer, é a proposta de santidade, de vida nova. A princípio parece que tudo isso está escondido, isto é, difícil de se ver, de reconhecer; mas basta que encontremos tal tesouro, para ter a certeza de que nada vale mais do que tê-lo nas mãos! Para se obter o que é grande, teremos que nos desfazer de tudo o que parecia ser grande, mas que na realidade era pequeno... Para chegar à visão bem aventurada, deveremos passar a outra visão e deixar para trás até mesmo coisas de bom valor. Noutras palavras: para alcançar o Reino de Deus, não deixaremos pelo caminho apenas aquilo que é ruim, mas até mesmo coisas boas, coisas de que gostamos, coisas lícitas e edificantes. Para abraçar o maior, deveremos estar prontos para deixar até o que é precioso...
  A segunda parábola não difere muito da primeira, a não ser pelo modo como se perde tudo para alcançar o tudo: na primeira história, o homem encontra o tesouro; na segunda, ele procura pérolas. “Encontrar” e “procurar” são ações que traduzem o coração humano. Na primeira parábola, quase por acaso, o homem encontra seu tesouro. É como se depois de tantas desventuras, de tantas experiências mal sucedidas, o homem tivesse enfim encontrado a sua verdadeira felicidade. Na segunda parábola, é como se homem sempre procurasse a razão de sua vida, o amor de sua existência, a direção de sua alma. E o que acontece depois disso? Ele vai, abandona todos os seus valores por um valor absoluto. Apliquemos o Evangelho a nós.
  Temos olhado bem ao nosso redor e visto, realmente, o que tem valor? Temos deixado para trás, por causa de Jesus e de sua Igreja, até mesmo coisas boas e úteis por um bem maior? Temos exercitado a abnegação, isto é, o desapego às coisas e pessoas por amor a Deus? Deveremos sempre nos perguntar qual o valor que damos às coisas de Deus; que lugar tem a salvação da nossa alma na vida em que levamos. Estamos prontos para saber perder? Saberemos nos lançar nas mãos de Deus, sem reservas, sem medos? Confiamos em Deus e na sua Providência?
  Que Maria, Mãe de Deus e nossa, a Virgem que soube perder tantas coisas para encontrar o tesouro perdido e a pérola preciosa, possa interceder por nós e nos ajudar a dar tudo de nós pelo tudo de Deus. Amém!

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