quinta-feira, 9 de junho de 2011

Grande dia para nossa Nação: Hoje é dia do Beato José de Anchieta, Apóstolo do Brasil


  Nasceu José de Anchieta em San Cristobal de La Laguna, Ilha de Tenerife, uma das ilhas Canárias, da Espanha, em 19 de março de 1534. Depois de estudar um pouco de latim na sua terra, foi para Coimbra, no Colégio dos jesuítas, onde se tornou um dos melhores alunos e aprendeu a falar tão bem o português que parecia ser sua língua materna. Entrou para a Companhia de Jesus aos 17 anos, e por razão de uma grave enfermidade, não pode estudar Filosofia. Não se sabe ao certo que doença seria essa, talvez um acidente que produziu um deslocamento ou fratura da espinha dorsal; fato é que essa enfermidade o acompanharia por toda a vida, e seria o motivo principal da sua vinda para o Brasil, na esperança de cura. Aqui conseguiu melhorar muito e pode realizar seu apostolado. Abençoada doença! Nas nossas mãos ela teria se tornado fonte de lamúrias, nas mãos de Anchieta se tornaram uma chuva de bênçãos para o Brasil!

  Em 8 de maio pronunciou os primeiros votos religiosos, e partiu para o nosso país na 3ª expedição de missionários jesuítas, chefiados pelo Pe. Luiz da Grã. Depois de chegar à Baía, foi destinado a São Vicente e depois a Piratininga, ali chegando em janeiro de 1554. Em 25 de janeiro foi fundado o Colégio de São Paulo, dia da conversão desse apóstolo; aí permaneceu como mestre de gramática e começou a estudar a língua tupi.
  Esteve presente em todos os empreendimentos importantes na Capitania de São Vicente. Em companhia do Pe. Manuel da Nóbrega, chegou a praia de Iperoig (hoje Ubatuba, SP) em 5 de maio de 1563 , para negociar o armistício com os confederados Tamoios, tendo permanecido refém. Em 1565 foi à Baía para ser ordenado sacerdote, o que aconteceu em 22 de agosto de 1566. Voltou ao Rio, que nessa época enfrentava as batalhas finais contra Tamoios e franceses. Foi acompanhando o Visitador,Inácio de Azevedo e ficou no governo das casas de São Vicente e São Paulo, de 1567 até 1577. Nesse ano foi à Baía, onde o esperava a patente de Reitor do Colégio, mas esta foi trocada pela de Provincial, em fins de ano.
  Desde 1585 pediu dispensa desse cargo por causa das suas enfermidades. O cargo de Provincial exigia que todos os anos ele visitasse todas as casas da Província, ou seja, do Brasil, o que sempre fez, exceto quando impedido pela pouca saúde. Chegando seu substituto em 1588, foi destinado a superior das casas do Espírito Santo. Aí ficaria o resto de seus dias, com exceção de algumas interrupções, em que foi à Baía, em 92, para a Congregação Provincial, ou ao Rio de Janeiro como Visitador, em 93 e 94. Além da Casa de Vitória, ocupava-se do governo igualmente das aldeias de Reritiba, Guarapari, Reis Magos e Carapina.
  Estando em Vitória e sentindo-se próximo do fim, pediu que o levassem à Aldeia de Reritiba, onde faleceu no Senhor em 9 de junho de 1597. Levado de volta à Vitória, foi recebido solenemente por todo o povo e autoridades, tanto eclesiásticas como civis. Desde aí foi chamado de Apóstolo do Brasil. Reritiba chama-se atualmente município de Anchieta.
  Anchieta seguiu em tudo as atividades próprias dos jesuítas e demais missionários daquela época. Não só as praticou, mas distinguiu-se logo como mestre. Em 1560, escrevia ao Padre Geral, Diogo Laínes, em Roma:
"Quase sem cessar, andamos visitando várias povoações, assim de índios, como de portugueses, sem fazer caso de calmas, chuvas e grandes enchentes de rios, e muitas vezes de noite por bosques muito escuros socorremos aos enfermos, não sem grande trabalho, seja pela aspereza dos caminhos, como pela incomodidade do tempo, maxime sendo tantas estas povoações e tão distantes umas das outras, que nem nós bastamos acudir a tão variadas necessidades, como ocorrem, nem, ainda que fôssemos muitos mais, poderíamos bastar. A isto se ajunta que nós, que socorremos as necessidades dos outros, muitas vezes estamos mal dispostos e, fatigados de sofrimentos, desfalecemos pelo caminho, de maneira que apenas o conseguimos levar a cabo. Deste modo não menos necessidade de ajuda parece terem os médicos, que os enfermos. Mas nada é árduo aos que têm por fim somente a glória de Deus e a salvação das almas, pelas quais não duvidarão dar a vida".(1)
  Desde quando o Beato José de Anchieta era ainda moço espalhou-se a fama de suas virtudes. Ser comparado ao "Ir. José", era ser comparado a um santo. Com o passar do tempo essa impressão foi se intensificando. Escreve um seu companheiro de apostolado, com quem dividia suas canseiras:
"É este Padre um santo de grande exemplo e oração, cheio de toda a perfeição, desprezador de si e do mundo: uma coluna grande desta Província e tem feito grande cristandade e conservando grande exemplo: de ordinário anda a pé, nem há tirá-lo de andar, sendo muito enfermo. Enfim: sua vida é vere apostolica"(2)
  A pé de São Paulo ao litoral, de São Vicente ao Rio de Janeiro, do Rio ao Espírito Santo, e daí para a Porto Seguro e Salvador...E isso em um homem em que suas repetidas doenças levaram freqüentemente à porta da morte. Seu superior chegou a desejar que Anchieta deixasse de ser Provincial e não recebesse nenhum outro cargo, pois temia que já seria muito se continuasse vivo! Mas nada disso o fez esmorecer. Era tenaz e corajoso, enfrentando muitos perigos para realizar a sua missão. Desejou ardentemente o martírio enquanto esteve prisioneiro dos Tamoios em Iperoig (hoje Ubatuba, SP). Bom enfermeiro, lá salvou muitos índios da morte, tratando suas doenças e ferimentos.
  Inteligente, ativo, dotado de qualidades literárias, dominava também a língua tupi tanto conversando como escrevendo. Pregava aos índios, em tupi, e arrancava aplausos! Suas palavras encantavam e atraíam o povo, convertiam os inimigos, pacificavam os adversários. Fisicamente franzino, tinha porém um espírito robusto, semblante alegre e amável.
  Tinha 63 anos de idade quando morreu. Dos 46 anos como jesuíta, passou 44 no Brasil. Dele se contam muitos prodígios, profecias e milagres, curas e ressurreições de mortos, e até mesmo a familiaridade com pássaros e animais ferozes, como um São Francisco, um Santo Antônio de Pádua. Dele se diz que levitava em êxtase. Enfim, suas virtudes e qualidades, suas criações científicas e literárias, e um grande número de prodígios, cercou-o de tal fama, que tornou-se o mais popular e venerado de todos os jesuítas do século XVI.
(1)Minhas cartas, por José de Anchieta. p. 61 (editadas por ocasião dos 450 anos de fundação de São Paulo).
(2)LEITE, Serafim. História da Companhia de Jesus no Brasil, II, p. 484

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