segunda-feira, 23 de maio de 2011

O que é Juízo Particular?



  Primeiramente temos que definir o que vem a ser a morte, porta do Juízo particular, para depois nos determos nas implicações do juízo. O que é a morte? É a separação da alma e do corpo; este, frágil e perecível, não subsiste diante de certas violências e de certas doenças graves. O corpo, não podendo viver biologicamente, não se sustenta e então se separa da alma, o que chamamos de morte. Neste momento Deus derrama sua luz sobre a alma, de modo que ela toma nítida consciência do que foi realmente a sua vida terrestre; reconhece o sentido e o valor, os méritos e deméritos da sua existência; tudo que ela fez ou omitiu, se torna claro tanto de bem e de mal, até os últimos detalhes.

  Assim, portanto, pode-se dizer que o homem, logo após a morte, se torna o seu próprio Juiz. O “juízo humano” se identifica com o Juízo retíssimo de Deus. Nesta vida o homem se julga; mas muitas vezes ele encobre ou dissimula, aos próprios olhos, com muita arte, os motivos de suas ações: preconceitos, opiniões alheias, vaidades, desejos ruins... obscurecem o seu modo de ver. Eis, porém, que, logo após deixar este mundo, a pessoa se vê tal como é, sem poder dissimular a realidade; tudo se lhe torna transparente. Muita coisa que lhe parecia pequenina ou indiferente, toma grande vulto, e vice-versa. De uma intuição tão clara procede inevitavelmente a sentença do julgamento, sentença que tem por autores Deus e o próprio homem.
  A sentença resultante do Juízo particular é imediatamente executada. Executada sem uma intervenção violenta de Deus, mas por uma exigência da própria alma julgada. Com efeito, o amor a Deus, comprovado pelo Juízo, a impele irresistivelmente à bem-aventurança divina (o céu) ou ao estágio previamente necessário para obter a visão de Deus (o purgatório); de modo análogo, o ódio ao Criador, uma vez comprovado, faz que a alma se afaste para longe do Senhor (inferno). S. Tomás de Aquino compara a sorte das almas julgadas à dos corpos que, por seu próprio peso, são levados a procurar o lugar que lhes convém: desde que desatados de todo vínculo, voam pelos ares, caso sejam leves; ou precipitam-se por terra, caso sejam pesados.
  Notemos ainda que o fato de ver-se a si mesmo sob a luz de Deus não implica, para o homem, ver o Senhor face-a-face; tal visão seria simplesmente o céu... Deus está presente ao homem nesta vida mesma; sua presença, porém, é um tanto encoberta para a criatura ofuscada pelas coisas sensíveis. Ora, logo após a morte, será dado ao homem experimentar, de maneira nova e muito viva, essa presença de Deus, e justamente de Deus enquanto é o Santo, o Incompatível com a mínima sombra de imperfeição.
  Uma antecipação, por excelência, do Juízo particular é dada ao cristão em cada confissão sacramental; por esta, o Senhor, na pessoa do sacerdote, julga seu filho, e normalmente o absolve, fazendo-o beneficiar-se da misericórdia. Terminado o tempo da misericórdia, que é esta vida, o Senhor julgará conforme toda a justiça.

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