1. “Mantenha uma dieta
simples e frugal”
Evite comidas exóticas, de difícil preparo e que provoquem a gula. Ser
hospitaleiro não é desculpa para se preparar tais comidas. “Se você tiver
apenas pão, sal e água, você ainda pode cumprir as regras da boa hospitalidade.
Mesmo que você não tenha nem isto, mas se fizer o hóspede se sentir bem-vindo e
dizer-lhe coisas que o ajudem, você não estará faltando com a hospitalidade.
2. “Com respeito às roupas, fique contente com o que for suficiente para as
necessidades do corpo.”
Quando necessitar, aceite a oferta de outros, já que a vergonha pode ser um
tipo de orgulho. Se alguém tem em excesso, deve doar àqueles que necessitem.
3. “Não mantenha um(a) empregado(a).”
Empregar uma pessoa significa sustentá-la e se expor a uma personalidade
rancorosa e hostil. A paz espiritual é muito mais importante do que ter um
corpo descansado. “Mesmo que você possa pensar que ter um empregado pode ser
benéfico para ele, não aceite isto.” Pode funcionar bem em uma comunidade mas
não para um solitário.
4. “Não desenvolva o hábito de se associar com pessoas que só pensam em coisas
materiais e mundanas.”
Viva só ou se associe apenas com aqueles que se lhe assemelham. Pessoas do
mundo, (isto é, qualquer pessoa com valores mundanos ou apenas aprisionadas nos
negócios do mundo), irão submeter outras à pressões sociais, conversações vãs,
desejos materiais, raiva, depressão, escândalos. Isso se aplica a pais e
parentes que estarão com eles nos negócios do mundo.
5. “Se você perceber que está ficando fortemente apegado à sua cela, deixe-a,
não se agarre a ela, seja impiedoso.”
Tudo deve ajudar a promover a “quietude e liberdade” e a eliminar a distração
na sua vida. Se isto não mais for possível na vizinhança onde se vive, a
afeição por sua moradia (e o investimento físico ou emocional gasto nisso) não
deve impedir alguém de se mudar, mesmo para o exílio se for necessário. Por
exílio Evágrio quer dizer arrancar os laços familiares e indo para outro lugar,
um tipo de exílio onde não se conhece nada nem ninguém; pode ser literalmente outro
país, como os antigos eremitas que iam cada vez mais para dentro do deserto ou
para as montanhas, quando percebiam que o lugar onde estavam já ficava muito
povoado.
6. “Não deixe que o desejo inconstante vença sua resolução.”
Esta seção reitera a necessidade de se evitar as pressões dos amigos que
insistem para que você afrouxe sua disciplina. Essas tentações não são sequer
conselhos amigáveis, mas provocações, que levam a dúvidas, enfraquecimento da
vontade, a opções alternativas de entretenimento e eventualmente a concordar em
desistir da vida solitária. Como medida prática, “Se alguém que vive de acordo
com (seus valores) vem até você e lhe convida para almoçar, vá se desejar, mas
retorne prontamente à sua cela. Se possível, nunca durma fora de sua cela.”
7. “Não anseie por comidas finas e prazeres ilusórios.”
Aqui retoma ele a primeira seção sobre a simplicidade do alimento e na
necessidade de se perceber o contexto social da refeição. Comer com outros
envolve o perigo do oferecimento de comidas requintadas que provocam o desejo -
que é um prazer enganador, aqui já referido. Tais convites devem ser recusados.
Deve-se perceber como essa socialização enfraquece a quietude. “Não tenha
relacionamentos com muitas pessoas, a menos que seu intelecto fique atormentado
e assim perturbe a quietude.” Tais confraternizações geralmente começam ou
terminam com refeições. Esta é uma percepção psicológica arguta de Evágrio,
dentro da antropologia do comer e da dificuldade que muitos têm em resistir à
comida, e por conseguinte, à companhia dos outros.
8. “Tenha sempre as mãos ocupadas, tanto quanto possa, durante o dia e à noite,
de modo que você não seja um peso para ninguém....”
Essa seção evoca aquilo que hoje em dia poderia ser chamado trabalho e renda.
Os eremitas do deserto geralmente se auto ocupavam em tecer cestos de junco
porque nenhum outro trabalho se encaixaria nos critérios que Evágrio
estabelece. Os eremitas poderiam encarregar outro discípulo ou representante
para vender os cestos para algum mercador e comprar provisões com o lucro da
venda. Entrar em um mercado para um eremita seria expor-se a todas as
distrações aqui descritas em relação à quietude. Para aqueles eremitas que
tinham eles mesmos que fazer isso, Evágrio os advertia para não pechincharem.
“Quando se compra ou se vende, raramente se pode evitar o pecado. Em ambos os
casos, assegurem-se de perder um pouco na transação.”
Referências Bibliográficas:
1. The Life of St. Paul, the First Hermit, por St. Jerome (Vita S. Pauli in
Vitae Patrum I and Migne, P. L. 23, 18) em “The Desert Fathers”, traduzidos do
Latim com Introdução por Helen Waddel, p. 26-39. London: Constable, 193; Ann
Arbor: University of Michigan Press, 1957.
Traduzido por Jandira Soares Pimentel
Original em inglês de onde foi retirado esse texto: http://www.hermitary.com/house/evagrius.html
© 2002, the hermitary and Meng-hu contact: mail@hermitary.com
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